09/09/2024
CORREIO MERCANTIL
Exaltação a Rangel, ou o terremoto de Sines (em versão canónica e não-canónica)
https://paginaum.pt/2024/09/05/exaltacao-a-rangel-ou-o-terremoto-de-sines-em-versao-canonica-e-nao-canonica/
No PÁGINA UM houve um ‘encontro’ entre Brás Cubas e Quincas Borba, os famosos personagens de Machado de Assis, em redor da intervenção do
ministro Paulo Rangel no terremoto de Sines. Começaram por uma ode à inutilidade da prontidão política, que se exibiu com p***a e circunstância diante de um abalo que nem o Serafim acordara. Divergiram, “e portanto, como sucede a bons políticos”, criaram “cada um seu partido, partindo a concórdia”. E assim temos assim duas variantes, sendo que a mais votada se aplica o princípio “ao vencedor, as batatas”.
Variante Brás Cubas
Ó Terra ingrata, que em teu forte bramir,
Lisboa em pó já fizeste abater.
Agora, tremes mas sem força a ferir,
Tão leve o abalo que nada há-de ceder.
Se outrora o Tejo em ondas te acolheu,
E a cidade em chamas o céu ofendeu,
Hoje, em Sines, apenas murmurou
Um fulgor brando, que o sono não quebrou.
Mas, ó governos, tão prontos e sagazes,
Ao menor tremor, do que sois capazes!
De, em alta voz, a todos proclamar:
Que prontas estão as defesas a marchar.
Ó Rangel, ministro de virtude,
Que, com firme e solene atitude,
Te ergueste, qual gigante pela paz,
Pronto a defrontar o que a Sorte traz.
E se em Setecentos, o grande Pombal,
Com mão sábia, reconstruiu Portugal,
Tu, Rangel, no abalo que nada derribou,
Firmaste a fé em terra que jamais tombou.
Em Belém, Marcelo, em voz segura,
Exaltou a prontidão que, em tal altura,
Fez da ameaça um exercício vão,
Mas onde o Estado mostrou perfeição.
Ó, como tal Governo é capaz
De, na menor crise, erguer-se audaz!
Pois se a Terra treme, sem destruição,
Louvores mil à força da Nação.
E se assim cantamos, em verso aclamado,
O sismo que nenhum deixou acamado,
E que, em verdade, nada abalou,
Foi pela grandeza de quem não hesitou.
Camões, visses tu como se faz,
Como quem nos governa é falaz…
Pois não sendo a ruína o qu’o valor mede,
É à prontidão qu’o perigo cede.
Variante Quincas Borba
Ó Terra ingrata, o teu forte bramir,
Lisboa em ruína ele já fez cair.
Mas, hoje, em Sines, apenas murmurou
Um sismo brando, que a casinha não quebrou.
Ó Rangel, ministro sem engano,
Com tal destreza evitaste o dano!
Ergues-te, qual gigante, sem tardança,
A defrontar a Sorte com a Esperança.
Se em Setecentos, se alevantou Pombal,
Com sábia mão, a reconstruir Portugal,
Tu, Rangel, no abalo que nada derrubou,
Atinaste que a terra não tombou.
E, na praia de Belém, com voz segura,
Marcelo louva a prontidão que n’altura,
Fez da ameaça um trabalho são,
Onde o Estado mostrou a perfeição.
Ó, como tal Governo é capaz
De, na menor crise, erguer-se audaz!
Pois se a Terra treme, sem destruição,
Louvores mil à força da Nação.
E se assim cantamos, em versos aclamados,
O sismo que deixou a todos acordados,
Mas que, em verdade, nada abalou,
Foi pela grandeza de quem não hesitou.
Camões, visses tu o que se faz,
E do que quem nos governa é capaz…
Pois, não sendo a ruína o que o valor mede,
É à prontidão qu’o perigo cede.
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