24/10/2022
Praias e o calor do sossego
O engraçado é que alguns podem dizer que “esta semana aqueceu bué e por isso amanhã, Domingo, vou a praia”, como se o refresco de um dia o vai levar a refrescar a semana toda. Mesmo até tendo viatura, sair de casa de casa em Luanda pode ser mais cansativo que estar num silêncio profundo no quintal de casa.
Nem todos têm a sorte de viver em condomínio com quintal espaçoso ou mesmo nos guetos e musseques em que o kubico (casa) tenha um espaço relativamente extenso e com aquela árvore no canto que sopra e deita as folhas, com barboletas a cheirar aquela flor daquela outra árvore que o avô plantou e aquela vista verde da pequena horta que a avó smeou, tudo é tão natural e regar o ambiente natural se tornou uma meditação para mim, antes do sol nascer e no final do dia quando o laranja do sol acompanha o cheiro do feijão a ferver na lenha, saudades daqueles tempos!
Recentemente a minha cunhada, esposa do meu irmão, minha amiga das confiança, disse-me brincando “tás a comer bué como se a comida vai durar toda semana na barriga” — grande dica — Pensei eu.
E a verdade é esta mesmo, o pitéu não vai f**ar toda semana na barriga, por isso é a Palavra diz "a comida para o homem" e não o contrário. O mesmo podemos dizer sobre a bebida, o s**o, as festas, as redes sociais e todo resto. A praia f**a distante para alguns, e mesmo quem vive em Benguela já não se assusta com esses mambos. Entendam-me com quiserem, mas lembrem-se: o lazer pode se resumir em estar em silêncio.