14/06/2024
Contraespionagem de sete países europeus identif**a "agentes" pró-Rússia no Parlamento Europeu
Reportagem publicada pelo jornal Le Monde nesta quarta-feira informa que os serviços de contraespionagem de sete países europeus começam a esclarecer as ligações obscuras entre a Rússia e deputados do Parlamento Europeu. O Kremlin tem sido acusado de tentar desestabilizar as eleições europeias que acontecem de 6 a 9 de junho.
Parlamento Europeu em Bruxelas.
Plenário do Parlamento Europeu em Bruxelas.
Vários Estados, incluindo a França, mobilizaram os seus serviços de inteligência e seus respectivos sistemas judiciários para localizar os "agentes de Moscou", sejam eles parlamentares, empresários ou jornalistas, que poderiam ter transmitido, mediante pagamento, propaganda antiocidental e financiado meios de comunicação em vários países para divulgar essa propaganda.
Franceses de extrema direita foram identif**ados entre os suspeitos. Um deles, de acordo com o Le Monde, é Guillaume Pradoura, assessor do eurodeputado holandês Marcel de Graaff, membro do Fórum para a Democracia, um partido holandês aliado do presidente russo, Vladimir Putin. Antes de trabalhar para esse deputado, o francês colaborou com duas siglas de extrema direita na França, os partidos Reconquista e Reunião Nacional (RN), legenda repaginada por Marine Le Pen. Pradoura foi expulso do RN em 2019, depois de publicar uma imagem antissemita nas redes sociais. O francês também trabalhou até junho de 2022 para o eurodeputado alemão Maximilian Krah, do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
De acordo com a Justiça da Bélgica, Pradoura poderia ter facilitado contatos entre doadores pró-Rússia e vários deputados de extrema direita do Parlamento de Estrasburgo. A polícia apreendeu várias chaves USB, computadores, correspondências e fotos na casa do francês, mas ele ainda não prestou depoimento no caso. Interrogado a respeito dessas suspeitas pelo Le Monde, o francês negou qualquer pagamento em dinheiro, mas declarou que era um militante político que conversava com muitas pessoas, o que não faria dele um cúmplice.
Em março, as autoridades da República Tcheca denunciaram as atividades do site de informações Voz da Europa, sediado em Praga, acusado de ter divulgado propaganda russa e de ter corrompido deputados do Parlamento Europeu, relata o Le Monde. Outros dois sites pró-Kremlin foram identif**ados no leste da Europa: o Visegrad Post, um site de referência para a extrema direita francesa, fundado na Hungria por dois ativistas identitários franceses, François Lavallou e Nicolas de Lamberterie, e o Golos.eu, registrado na Rússia em 2018. Este último afirma “lutar pelos ucranianos pró-russos ou nascidos na Rússia que são perseguidos politicamente ou expostos ao ódio étnico”.
Em 28 de março, os serviços de contraespionagem da Polônia apreenderam quase 100 mil euros durante buscas realizadas contra grupos pró-Putin no país.
Oito eurodeputados são citados nas investigações por suspeita de terem recebido suborno para defender os interesses da Rússia na Europa. O alemão Maximilian Krah, o holandês Marcel de Graaff e o croata Ladislav Ilcic, de um partido de extrema direita cristão, continuam sob investigação