Ledo engano. É muito mais complicado. Samba é poesia, é sentimento que vem do fundo da alma, é paixão eternizada por emoções mil, que mesmo quem nasce, cresce e vive seu cotidiano não consegue explicar. Como expressar o amor por um pavilhão flamulando numa quadra ou na avenida? Como explicar o arrepio que se sente quando o repenique chama a virada da bateria? Quais são as melhores palavras para ju
stificar as lágrimas quando a escola, depois da sirene, invade a Sapucaí, levando o setor 1 das arquibancadas ao delírio? O samba se perpetua quando vemos a criança, mesmo sem ritmo ainda, balançar o corpo ao som daquele paticumbum marcante. É quando se tem a certeza de que ele “agoniza mas não morre”, atendendo ao clamor que pede que “não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar... O morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar”. E aí surge o nosso desafio: como falar de samba? Mais do que escolher a linguagem certa, temos a responsabilidade de viver o samba em sua plenitude. Não queremos apenas nos dirigir ao sambista. Nossa proposta é mais ousada. Queremos também chegar aos corações daqueles que não são do meio, mas que respeitam o estilo cultura como a mais expressiva nota da cultura brasileira, representante máximo, ao lado das cores da nossa Bandeira, em termos de identificação mundial. Com essa finalidade, empenhamos nossos esforços para trazer a público a cara, o corpo e a alma do ritmo. Mostrar o que acontece dentro e fora das quadras de ensaio. Os personagens. Não só as celebridades, mas também os humildes profissionais que calejam suas mãos e pés o ano todo pela grandeza das agremiações e que muitas vezes nem chegam a entrar na avenida. O samba tem alma. E tem história. Velhas-Guardas. Alas de Baianas. Compositores. Harmonias do tempo da corda esticada na Avenida Presidente Vargas. Os velhos malandros... Mas nosso papo não é saudosista. É respeitoso como deve ser todo aquele veículo de comunicação que, mesmo com a modernidade, se propõe a falar do baticum do surdo, do ronco da cuíca ou do tapa no pandeiro. Nosso jornal é assim. Pois somos todos sambistas. Somos do samba. Amamos samba. Por isso nos chamamos “BATUCADA DO SAMBA”. Abram alas, pois a batucada vai começar.