20/11/2025
Eu me reconheço como obra viva da resistência.
Sou filha de uma merendeira e de um lanterneiro/mecânico com mãos que sempre trabalharam com dignidade e que me ensinaram que a força não nasce do privilégio, mas da coragem de seguir com excelência apesar de tudo.
Cresci em escola pública, onde os livros eram janelas e a escrita, desde pequena, era o meu jeito de tocar o mundo antes mesmo que o mundo me tocasse.
Das salas do CIEP João do Rio ao sonho que me levou até a UFF/IEAR, eu caminhei carregando ideias e ideais. Tornei-me escritora, professora concursada, prefaciadora e parte de projetos editoriais que um dia eu só ousava imaginar. O que antes era semente virou frases, virou páginas, virou Bienais, virou reconhecimento.
Mas cada vitória também encontrou sombras.
O racismo marcou meu corpo e minha história às vezes de forma sutil, outras vezes com muita brutalidade. E, no momento mais devastador da minha vida, quando perdi meu primeiro filho, senti o peso do descaso. Na hora em que eu precisava de cuidado, encontrei frio no racismo e do classismo. Essa dor me atravessa ainda hoje, mas não apaga meu brilho. Ela torna tudo dentro de mim mais urgente.
Transformo essa dor em movimento.
Transformo esse movimento em luta.
E essa luta em projetos de ensino, TCC, projetos antirracistas, em ações sociais, em educAção que abraça, que acolhe, que liberta.
Porque para mim, ensinar é acender luz onde antes tentaram apagar caminhos.
É devolver humanidade ao que o racismo em todas as suas faces tentou desumanizar.
É reescrever o mundo com mais justiça, mais melanina, mais verdade.
Eu sigo.
Eu existo.
Eu floresço. 🌻
Sou corpo, voz e herança.
Sou força que não se curva.
Sou mulher preta que transforma a própria história em muitos futuros.
No Dia da Consciência Negra, celebro a mim, aos meus e a todos que lutam todos os dias para que o mundo seja menos cruel e muito mais possível. 📖📚