Leitura do poema O POETA E O VINHO
inserido no meu primeiro livro
MEIO A MEIO lançado em 1979
É uma coisa bem própria dos poetas
o beber vinho amargo como a vida
e amar a própria vida como um vinho
na amplidão de todas as mulheres.
É uma coisa muito própria dos poetas
perder as forças em todo amanhecer.
Ouvir o silêncio precisando de escuta
ao sabor do sangue de uvas entre os lábios.
Beber a vida é coisa própria de poetas.
Escutar pela saliva um aroma puro
de noites amplas onde o vinho é uma música
que torna um instante de hoje em dois instantes.
O poeta é um bêbado que sorve o hoje.
Não discute os problemas do amanhã.
É uma estrela mergulhada em um cálice
que a morte beberá após a vida.
O poema FÊMEA do pernambucano RAFAEL ROCHA sendo recitado pela poeta Jéssica Iancoski.
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A mulher possui múltiplas sementes
prontas para semear o chão do mundo.
Imã a desequilibrar o polo magnético
e equilibrar dentro das medidas certas
todos os pesos das balanças.
Tem dentro dela o fogo, a terra, o ar e a água
sendo filha da noite, das estrelas,
das manhãs e das tardes claras.
Mas...
É inexata como uma expressão algébrica
nunca solucionada pelos einsteins da vida.
Reflete a alma em espelhos escuros
E nos nevoeiros e na poeira das estradas.
É a musa dramática dos poetas românticos.
A chama da guerra dos poetas malditos.
É a morte à espreita em alguma esquina.
É a rotina bêbada de qualquer bukowski.
Sendo assim...
Atrai!
Sendo assim...
Seduz!
RODA DA VIDA
Poema RODA DA VIDA do poeta pernambucano RAFAEL ROCHA declamado pela bela poeta Jessica Iancoski. O poema está inserido no livro POEMAS DOS TEMPOS SOMBRIOS, que está sendo vendido pela Editora Essencial - São Paulo/SP, ao preço de R$ 25,00..
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RODA DA VIDA
Na quarentena ela é roda viva
negra branca mulata cafuza
gêmea em todas as circunstâncias
no frevo no samba no maracatu
roda pega no pé o batuque faz pomba gira
iansã oxum iemanjá guerreira
vadia puta ladra sedutora
afrodite helena eurídice psiquê
gata dos telhados das noites quentes
cadela a dormir na minha cama
a doença da paixão cura de tudo
o mal de amor tão sem remédio
negra branca mulata cafuza
brasileira em seu todo e em seu nada
baton vermelho saia curta seios bunda aérea
batuqueira roda da vida e do morrer
a girar e a se mover na quarentena