21/12/2022
O que muda após a Decisão do STF dando fim às emendas de relator? Comentário de Gil Castello Branco da Contas Abertas:
No romance "O Leopardo", do italiano Tomasi di Lampedusa, há uma frase dita por Tancredi ao seu tio Fabrizio: "...Se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude”. A frase deve ter servido de inspiração para as novas decisões do Congresso.
É grave e triste o que estamos presenciando. Uma emenda à CF sendo construída a toque de caixa para dar uma resposta imediata e driblar uma Decisão do STF. Com a intenção clara de manter o poder do Congresso sobre bilhões.
Assim, diluíram metade das emendas RP9 entre todos os parlamentares (RP 6). A outra metade (RP2), de uma forma ou de outra, será controlada pelos líderes. Vejam: " F**a o relator-geral do PLOA 2023 autorizado a apresentar emendas para a ampliação das dotações... ". A equipe de transição PODERÁ ser atendida em suas solicitações.
As emendas de relator, portanto, continuarão a existir, contrariando o STF. Há uma referência no texto
no sentido de que o relator-geral apresentará emendas para ações voltadas à execução de políticas públicas. Mas o termo "políticas públicas" tem que ser interpretado com rigor, o que significa planejamento com diagnóstico, indicadores, critérios, parâmetros, o q não se coaduna com indicações meramente políticas, o que foi vetado pelo STF. Dessa forma, as emendas de relator RP2 não poderiam ter critérios políticos
Indiretamente também serão aumentados os recursos para as transferências especiais, as malfadadas emendas PIX.
Curiosamente, o acréscimo que a PEC propicia é maior no Senado do que na Câmara. Os valores de cada senador (R$ 59,0 milhões) são maiores do que os dos deputados( R$ 32,1 milhões).
Para efeito das novas emendas, um senador vale mais do que um deputado.
O Congresso está mudando tudo, para que tudo ( ou quase tudo) continue como está.