05/06/2024
Agora sim, as mulheres brasileiras terão motivos para comemorar. Só mesmo com muita ironia dá para encarar a satisfação do ministro da Defesa brasileiro, José Múcio, ao anunciar que, a partir de 2025, pela primeira vez na história, elas poderão participar do alistamento militar para ingressar nas Forças Armadas do Brasil.
”E não é para fazer serviço de enfermagem e escritório, é para a mulher entrar na infantaria. Queremos mulheres armadas até os dentes", disse Múcio em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
É mais uma decisao absurda. Na terceira década do século 21, as sociedades deveriam defender a extinção das organizações que cultuam o conflito.
O militarismo é anticivilizatório. Entre outros motivos, porque a existência de um Ministério da Defesa também é uma ironia diante da realidade.
Militares sonham, com seus pijamas de seda e, abraçados a suas medalhas, com jogos de guerra, com intrigas entre países, com a perspectiva de brincar com suas armas. E, no histórico das forças armadas brasileiras, o povo é o inimigo a ser combatido.
Em seu papel de porta-voz dos interesses militares no governo federal, o ministro José Múcio alega que a iniciativa de alistar mulheres atende a uma dívida com as mulheres. Como assim? Quem andou cobrando isso? Mentira, quem imagina isso tem cabeça de papel.
Por trás da iniciativa, há o mesmo raciocínio que levou à aprovação de projetos de lei, pela Assembleia Legislativa de São Paulo, de implantação de escolas administradas por militares. Ao protestar contra a iniciativa, estudantes apanharam de policiais militares. Os hoens de farda não demonstram a mesma agressividade contra manifestantes vestidos com camisetas amarelo, em eventos contra a democracia.
Outros estados, governados pela direita, seguem a receita destinada a colocar a turma das armas na gestão de ambientes de educação. Partem do pressuposto de que a disciplina e o respeito à hierarquia garantem padrões superiores de preparação dos alunos para um futuro mercado de trabalho. Priorizam trabalhadores de baixa qualificação, porém obedientes. Cidadania não é prioridade. Ao contrário.
Não é hora de estimular o alistamento feminino. Nem masculino