15/02/2024
‼Os cabelos são uma forma de expressar a personalidade, identidade e até o momento da vida de uma pessoa. Ele está diretamente associado à autoestima. Para nós, pretos especialmente, o cabelo vai além de um instrumento estético, mas é uma construção da afirmação e assim como praticamente o ser preto(a), um verdadeiro ato político. Dentre todos os penteados afros, o black power tem o seu lugar de absoluto destaque. A trajetória do black power tem início ainda nos anos 20, quando Marcus Garvey, tido como o precursor do ativismo negro na Jamaica, insistia na necessidade de romper com padrões de beleza eurocêntricos e a partir disso promover o encontro dos pretos com suas raízes afrikanas. Décadas depois, nos Estados Unidos, o afro também começou a ganhar espaço e se tornou um dos protagonistas na luta pelos direitos civis nos anos 60. No entanto, foram as mulheres as grandes protagonistas dessa história. Condicionadas desde o tempo da escravidão a alisar o cabelo, elas bateram o pé e decidiram andar pelas ruas ao natural, o que causou espanto e resistência da comunidade branca. A expressão "black power" só foi criada em 1966, por Stockley Carmichael, militante radical do movimento negro nos Estados Unidos, após sua 27ª detenção. Na ocasião, Stockley afirmou que “o que vamos começar a dizer agora é poder preto". Em 1960, o black power virou símbolo de luta, representação e valorização da cultura e dos direitos civis nos Estados Unidos e isso foi amplamente difundido pelo partido dos Panteras Negras (Black Panther Party). A ativista Angela Davis, uma das principais referências na luta pelo direito dos pretos nos EUA, ostentava um black power como forma de intimidar opressores e exaltar a potência da beleza, cultura e movimento preto. Mesmo durante os tempos de opressão, os pretos sempre estiveram presentes no campo das artes em estilos musicais como jazz, blues e rock. Nomes consagrados como Jimi Hendrix, Billy Preston e Michael Jackson ostentavam os seus cabelos black.