12/02/2024
Hoje é dia de dar vivas a Portugal e à Restauração da nossa independência😊
O 1º de Dezembro é o mais patriótico de todos os nossos feriados. Neste dia, em 1640, nobreza, clero e povo puseram fim à dinastia espanhola dos Filipes e colocaram um rei português no trono, depois de 60 anos.
Foi uma grande aventura e um grande perigo. Viva a coragem dos conjurados que arriscaram a vida para voltarmos a ter um país inteiro.
Vivas especiais para D. João IV, que largou uma vida de opulência como duque de Bragança para servir o reino.
E viva a grande rainha D. Luísa de Gusmão, a espanhola que convenceu o marido a juntar-se aos conjurados, e que lutou o resto da vida para manter a independência, só plenamente alcançada 28 anos depois.
Deixo-vos dois pequenos excertos da descrição que fiz desse dia no romance histórico Luísa de Gusmão.
"O dia acordara soalheiro, com o Tejo a luzir reflexos prateados nas águas e o movimento da cidade sem alterações. Os mesmos mendigos arrastavam os pés descalços e os andrajos puídos, os gritos dos lojistas e dos vendedores ambulantes misturavam-se no ar límpido com os sons das carroças e dos cascos, o Paço da Ribeira dominava majestaticamente a grande cidade junto ao rio.
Em redor do paço, ninguém deu conta das carruagens paradas, com as cortinas corridas, que aguardavam as nove da manhã. Lá dentro, os conjurados estavam a minutos de alterar a história do reino e cada um sabia o que fazer.
(...)
Ao meio-dia, estava completa a principal operação da revolta com um mínimo de sangue, milagre português que depunha sessenta anos de tirania em escassas três horas, com os vivas do povo a coroar de glória o arrojo de umas dezenas de conjurados.
A euforia tomara conta da cidade, por onde corriam os vitoriosos a anunciar a nova ordem, pela qual a capital do reino penara a longa espera de uma manhã de nevoeiro. Não era lenda, nem crença vazia, nem um Desejado rei-santo, desparecido em Marrocos pela insanidade de um sonho épico. Havia um rei de carne e osso, D. João IV de Bragança.
Enquanto a cidade rejubilava, João Pinto Ribeiro enviava uma carta ao novo monarca, dando-lhe conta da conjura vitoriosa e de que era, pela Graça de Deus, rei de Portugal.”
IN LUÍSA DE GUSMÃO