07/02/2025
Concerto "Impressões Íntimas" no âmbito da "Temporada Darcos" em Torres Vedras
Impressões Íntimas é o próximo concerto da “Temporada Darcos”, o qual será proporcionado no dia 8 de fevereiro, pelas 18h00 e pelas 21h30, no Espaço Darcos (situado na Avenida Tenente Valadim, 10-B, em Torres Vedras).
Nesse concerto será interpretada a obra que dá nome ao mesmo, da autoria de F. Mompou (1893-1987), pelo pianista Hélder Marques, elemento do Ensemble Darcos.
Refira-se que o ideal estético de Frederic Mompou i Dencausse, figura singular do século XX espanhol, era “uma música que é a voz do silêncio”, sem lacunas nem ornamentos, assumidamente inspirado no verso “música tranquila” de São João da Cruz (1542-1591). Impressões Íntimas, um conjunto de nove miniaturas (Lento cantabile espressivo; Larghetto; Gracioso; Agitato; Pájaro triste; La barca; Cuna; Secreto; e Gitano) para piano solo, foi escrita entre 1911 e 1914, publicada em 1920 e revista em 1959. Trata-se de uma obra influenciada pelo impressionismo francês, particularmente pelo minimalismo de recursos invocado por Erik Satie (1866-1925) e Gabriel Fauré (1845-1924), por meio da qual Mompou transporta o ouvinte para um universo musical discreto, de emoções delicadas e gestos contidos. As peças de Impressões Íntimas assentam em melodias introspetivas, acompanhadas por um contraponto suave de progressões harmónicas. Estes elementos servem para criar uma sensação de intimidade e vulnerabilidade, como se o compositor estivesse a sussurrar pensamentos e emoções pessoais. Impressões Íntimas evoca uma sensação de introspeção e contemplação, convidando os ouvintes a explorar as suas próprias memórias e sentimentos, numa conexão profunda e ressonância emocional com a música.
Ao longo do concerto Impressões Íntimas da “Temporada Darcos” serão declamados, por Manuela Couto, poemas da autoria de Sophia de Mello Breyner, Carlos Oliveira, Eugénio d’Andrade, David Mourão Ferreira, Fernando Guimarães, Nuno Júdice e Emanuel de Sousa. Poemas que ilustram uma voz interior, como que num ato de contrição, o que vai de encontro às palavras de Adolfo Casais Monteiro (1908-1972), a propósito de Fernando Pessoa (1888-1935): o poeta é “o confessor de toda a gente”.
Refira-se ainda, por alusão à temática do concerto Impressões Íntimas, o seguinte: “A identidade e a intimidade são construções históricas, erigidas por meio de discursos e práticas que, ao longo dos séculos, em diferentes sociedades, assumiu uma configuração própria. (…) Na sociedade pós-moderna, ser-se visto e comentado por incontáveis olhares, em que o horizonte e a materialidade discursiva da tecnologia digital parece incitar uma miríade de discursos, verbais e visuais, um vortex social, (re)configurou o que, historicamente, denominamos de intimidade. Estamos mais próximos mas, nem por isso, mais íntimos”.
As inscrições para se assistir ao concerto Impressões Íntimas, as quais são gratuitas, devem ser efetuadas pelo email: [email protected].