21/10/2022
Pois é, agora a bebé nasce e tu vês-te completamente absorvida pelo mundo que criaste. Durante algum tempo deixas de ser a empresária, jornalista, caixeira, ou funcionária, deixas de ser a borgas de noitadas com amigos, de noites de Netflix and Chill e Jams até às 4 da manhã e num segundo, enquanto corres apressada para o banho, o qual apenas tens uns breves minutos para usufruir, olhas no espelho e não reconheces a pessoa que te enfrenta.
Não conheces o teu corpo, as curvas que nasceram em ti, as olheiras das noites mal dormidas a ouvir o respirar do teu bebé e acima de tudo não te conheces a ti.
Os meses vão passando e f**a a certeza que a tua vida mudou para sempre, mudou para melhor!
A chegada da Margarida foi uma avalanche, houve uma enorme revolta da minha parte em sentir que tinha de abdicar da minha vida profissional para lhe poder dar tudo aquilo que ambicionava, vi a minha marca desmoronar por falta de tempo para a manter, vi a minha relação a passar para segundo plano, vi as minhas patudas num querer constante de atenção e a minha casa a virar uma espécie de caça ao tesouro tal era a desarrumação. Mas a minha prioridade era a Margarida! Tudo o resto era paisagem!
Com o tempo percebi que não tinha de ser tanto assim, eu não tinha de ser uma mãe perfeita, não tinha de ser “uma mãe de instagram”, de vez em quando era ok não colocar os 5 ingredientes na sopa, não dar banho todas as noites impreterivelmente, não lavar, secar e dobrar a roupa mal ela sai da máquina - não, eu não passo a ferro!
Por vezes era ok ser imperfeitamente feliz, porque nenhuma mãe se multiplica! E quando aceitei esta imperfeição o amor teve tempo e espaço para crescer, o equilíbrio restabeleceu-se e eu começo a reconhecer outra vez a pessoa que encontro no espelho de tempo em tempo.