07/06/2024
PROTEÇÃO ANIMAL: MOBILIZAR RECURSOS PARA PROMOVER A ADOÇÃO ANIMAL E CRIAR CONDIÇÕES DE VIDA DIGNAS PARA OS NOSSOS ANIMAIS
Como sabemos, existe um número excessivo de animais em Portugal para as famílias existentes e a situação tende a agravar-se.
O programa CED-Captura, Esterilização e Devolução ao meio, aplicado aos felinos, que devia estar a ser implementado em todas as Câmaras Municipais do país, tem uma taxa de execução muito reduzida, dado que imensas câmaras não fazem qualquer esterilização de animais e são as Associações de Proteção Animal e as Protetoras que estão a pôr mãos-à-obra para travar o alastramento da miséria e melhorar as condições de vida dos animais.
Sublinhe-se que este trabalho é feito na quase totalidade com as verbas da sociedade civil, com dinheiro que as pessoas doam porque querem ajudar os animais, dado que o governo continua a não efetuar fiscalizações às câmaras municipais e a acatar a sua inoperância na proteção animal, com prejuízo para todos, mas sobretudo para os animais, que continuam a ser grandes vítimas da incompetência da sociedade humana!
A situação dos canídeos ainda é pior, porque a lei não contempla a esterilização de animais através do CED e já existem muitas matilhas espalhadas pelo país que estão a reproduzir-se, porque não são controladas.
Por outro lado, não podemos deixar de referir as condições de maus tratos em que vivem centenas de animais por todo o país, os quais, sobretudo na posse de famílias em situação de carência económica, que os mantêm em situações decadentes de alojamento, alimentação e higiene, a par de grandes problemas de saúde.
Efetivamente, pelas denúncias que se verif**am atualmente, constatamos que há muitos animais que são retirados aos seus detentores (e ainda bem) por falta de condições de vivência digna.
O IRA tem-nos mostrado bem a miséria que existe em toda a parte do país, motivada por falta de recursos financeiros e de cultura.
De facto, há muita gente que não tem condições e perfil para ter animais e que devia ser proibida de os ter, porque os animais têm que ser protegidos!
Outro problema gigante da nossa sociedade é a falta de consciência e de amor para com os animais, dado que as pessoas os descartam a seu bel-prazer e de acordo com as suas conveniências temporais e pessoais.
Quando começam os dias de bom tempo e perspetivas de férias, os animais são abandonados, porque os donos não querem abdicar de ir passar uns dias fora de casa e não querem ou não podem efetuar o pagamento de uma estada em hotel ou família de acolhimento remunerada para os seus animais.
Assim sendo, há muitos cães que acabam encerrados em canis ou, se tiverem sorte, são acolhidos através de associações de proteção animal ou de alguma pessoa que goste de animais e os queira ajudar, o mesmo acontecendo com os gatos.
Todos os verões vemos imensos gatos nas ruas, os quais, se não tiverem ajuda, quase nunca conseguem sobreviver, porque não sabem andar na estrada e são mortalmente atropelados, ou morrem de fome e sede, associados a outras doenças fatais, comuns em animais que estão na rua, como o Fiv e Felv positivos e a Panleucopenia.
Face a esta realidade, há muito a fazer para que os animais possam ser efetivamente protegidos!
A condição base fundamental para mais animais poderem ser ajudados, é haver espaços físicos para os acolher.
Como todos sabemos, nem sequer existem centros de recolha em todas as câmaras municipais do país, portanto, seria impossível aos existentes dar resposta às necessidades!
Consequentemente, quando alguém tenta ajudar um animal na rua e em risco, contatando um centro de recolha para o acolher, a resposta é quase sempre negativa, porque a lotação está esgotada!
Este é um problema de há décadas, porque em Portugal nunca houve vontade política para resolver o problema da proteção animal!
Podemos constatar que nunca houve investimento visível para a melhoria das condições de vida dos animais, os quais eram imoralmente abatidos nos canis, dado que davam muita despesa e porque já não havia lugar para eles!
E sorte daqueles que não iam lá parar, porque os animais viviam em condições degradantes e condenados à morte!!
Atualmente, com a lei de proibição do abate, os animais têm uma vida mais garantida, mas continua a ser muito desprotegida!
Como todos sabemos, as autoridades oficiais com competência de defesa animal continuam a ignorar os animais, desrespeitando a sua obrigação de atuar com zelo e competência para os proteger!
Face a esta realidade, é evidente que enquanto o Governo e a Assembleia da República não definirem medidas e diretrizes, com os seus órgãos de poder, para resolver este problema, esta situação catastróf**a da defesa vai subsistir!
A verdade é que as autoridades atuantes, pelo que se pode constatar nas denúncias/relatos que as pessoas fazem das situações ocorridas através das redes sociais, não têm perfil para o exercício destas funções, que requerem formação para a proteção animal, respeito e empatia com os animais.
Temos tido conhecimento de atuações de agentes completamente descabidas do propósito de proteger os animais, desrespeitando-os nos seus direitos e também as pessoas que solicitam a sua intervenção/ajuda, atuando de forma arbitrária e contrária à lei, o que não se pode tolerar, nem acatar, tanto mais porque estão a representar o governo e a atuar em seu nome!
Dado que a situação que estamos a constatar é grave e sem melhorias que se possam mencionar, é necessário que o governo e a assembleia da república providenciem uma alteração de tutelas e competências, podendo ser criada uma Secretaria para o Bem-Estar Animal, tal como existe no Brasil (onde a política de defesa, na prática, está muito à frente de Portugal), retirando a parte da defesa animal às Autarquias e criando uma Equipe Especializada para Atuação na Defesa Animal, a exercer funções em todo o país.
Com a colaboração das Juntas de Freguesia das localidades, o governo deverá assegurar os programas de Esterilização/Castração de animais domésticos às famílias carenciadas, animais de rua, animais ao cuidado de associações de proteção animal, protetoras e cuidadoras independentes, por forma a travar o nascimento de mais animais indesejados, os quais estariam condenados a uma vida miserável e sem família, dado que não há famílias para todos!
Voltando à questão central de falta de acolhimento para os animais, este problema pode ser solucionado com a criação de santuários nos diversos concelhos do país (espaços amplos, com zonas cobertas e zonas de ar livre para os animais), muito mais saudáveis para a sua vivência do que as boxes dos canis, onde existe quase sempre sobrelotação.
É fundamental que a população tenha acesso facilitado a locais onde se encontram animais acolhidos e que precisam de família para que os animais tenham oportunidade de ser adotados!
Numa 1ª fase em complemento aos canis e como um novo modelo a ser implementado e adotado para o futuro da proteção animal, os santuários poderão ser espaços de alojamento de animais em situação de abandono, animais nascidos nas ruas, animais que precisam de ser protegidos através de associações que não têm instalações físicas onde os possam acolher ou que têm acolhimentos precários e para dar resposta a pedidos de acolhimento de famílias que, por razões de força maior, não possam continuar a mantê-los, por forma a evitar que os animais fiquem na rua.
Realce-se que estes espaços PODEM EVITAR MAIS ABANDONOS se estiverem abertos à população em geral, podendo ser uma resposta para famílias que necessitam de se ausentar uns dias, por exemplo no tempo de férias - altura em que mais animais são abandonados - e que não têm disponibilidade financeira para os colocarem em hotel, cuja estada f**a dispendiosa.
É necessário que as autarquias façam a cedência de espaços para a criação dos santuários - cujas instalações poderão ser implementadas com a colaboração da população em geral - e que a sua utilização proporcione o abrigo temporário dos animais com um custo reduzido. As empresas de construção e remodelação poderão ser uma grande ajuda para esta finalidade, bem como fornecedores de materiais e a sociedade civil no geral, que poderá colaborar com donativos e mão-de-obra!
As associações de proteção animal e protetores poderão unir-se e dirigir-se às autarquias para avançar com este projeto e trabalharem em conjunto para que os santuários sejam uma realidade.
Refira-se que há imensos materiais usados que se podem reaproveitar para os animais. O que se precisa é iniciativa e boa vontade!!
Os santuários são um projeto perfeitamente concretizável e que poderá ser erguido e mantido com a colaboração de todos!
Efetivamente, já existem vários santuários que foram criados por pessoas singulares. A vontade e iniciativa fazem a diferença!!
Estas são medidas que poderão ser implementadas para a proteção animal dentro do país, mas pode também trabalhar-se para a proteção animal além-fronteiras!
Como sabemos, há centenas de animais que saem de Portugal e são integrados em famílias de outros países, onde são muito bem tratados, tendo a sorte de terem a família que nunca teriam em Portugal!
Tendo em conta que o horário de funcionamento dos canis não facilita visitas e, por outro lado, que há muita gente que considera os canis deprimentes e evita lá ir, os animais não têm chance de ser adotados e serem felizes, integrados numa família.
Na verdade, não existem respostas para facilitar a adoção de animais, dado que a esmagadora maioria das associações de proteção animal não tem instalações físicas que possam acolher temporariamente os animais.
Com efeito, os animais que têm sido retirados dos canis para adoção, têm contado com a dedicação, muito boa vontade e perseverança de muitos protetores que enchem as suas casas de animais que retiram das ruas ou dos centros de recolha, até conseguirem encaminhá-los para adoção, em Portugal ou no estrangeiro.
Dado que os canis não são facilitadores da aproximação entre animais e pessoas, torna-se necessário promover essa aproximação através de locais alternativos.
Assim, é fundamental que os animais sejam trazidos dos canis para os centros das cidades/vilas e sejam colocados em sítios estratégicos/privilegiados para a sua adoção.
Deixo aqui algumas sugestões:
- Criação de uma loja/quiosque de animais para adoção (cães e gatos), em local privilegiado/central da cidade/vila, cujo serviço poderá ser assegurado por funcionários estatais - através das Câmaras Municipais - ou por meio de voluntariado, com intervenção de associações de proteção animal e sociedade em geral;
- Posto de Turismo: colocação de um cão e um gato a receber os visitantes nacionais e turistas estrangeiros, distribuindo flyers na loja para a promoção da adoção de animais da localidade;
- Câmaras Municipais: Realização de Feiras de adoção nos centros urbanos;
- Fazendo parcerias com a sociedade civil, designadamente:
- Com Hoteis, colocando animais para adoção no hotel, para conviverem com os hóspedes, de modo a possibilitar uma futura adoção dos mesmos, não esquecendo de colocar flyers na receção do Hotel, para promover a adoção dos animais;
- Com cafés e outras lojas citadinas que se mostrem interessadas em aderir a este projeto de proteção e promoção do bem-estar animal;
- Com Lares de Idosos e Centros de Dia, para interagirem com os idosos, dado que sabemos que o convívio com os animais é benéfico para a sua saúde, na medida em que promove o seu bem-estar físico e intelectual;
- Nas escolas, promovendo a adoção de animais residentes, que ajudam na educação prática dos alunos para a proteção animal, como já se faz em algumas escolas de Portugal e outros países no estrangeiro, como, por exº, o Brasil, os EUA, etc.
A proteção animal requer planeamento, envolvimento das pessoas, iniciativa e algum trabalho, mas todos podemos ser agentes da mudança que é necessário fazer!
O fundamental para o crescimento e a evolução que se precisa, é trabalho empenhado e perseverante. Com um bom trabalho, o sucesso é garantido!!
Vamos trabalhar para um Portugal que espelhe humanidade, amor e respeito para todas as patas!!