Rádio Nova Cruzeiro

Rádio Nova Cruzeiro - Ouvir rádio em direto, clica em :

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Rádio Nova Cruzeiro de Em 2012, voltámos, agora on-line. Obrigado pela preferência
(14)

A RÁDIO CRUZEIRO foi uma das rádios locais que surgiu em pleno período expansionista das emissoras não oficiais. Transmitia para toda a Grande Lisboa, em Frequência Modulada (FM) na posição 105,7 Mhz

Escolheu-se o nome de RÁDIO CRUZEIRO (a alternativa era Rádio Memória) por, já na altura, se considerar que o Cruzeiro da Memória era o ex-libris da então vila de Odivelas. A RÁDIO CRUZEIRO viu o seu

emissor ser confiscado por duas vezes, pelos Serviços Radioelectricos, o que aconteceu também a outras estações locais, com a acusação de que a emissão estaria a interferir com as comunicações do Aeroporto de Lisboa.

15/12/2022

‼Kaká para Ronaldo: "As tuas lágrimas pertencem a todos aqueles que amam este desporto e estão felizes por te ver em campo, meu amigo Cristiano Ronaldo. ”
LeBron James para Ronaldo: "Lenda".
Pelé para Ronaldo: "Obrigado por nos fazer feliz meu amigo"
Mbappé para Ronaldo: "O GOAT".
Depois da eliminação da Copa do Mundo, várias foram as mensagens que Cristiano Ronaldo recebeu dos amigos.

O INESQUECÍVEL CR7❤🇵🇹

15/12/2022

🇵🇹🥇HISTÓRICO!! Camilo Abdula é campeão do mundo da categoria Stand 1. É a segunda medalha de ouro de Portugal no Mundial ISA 2022.

📸 Isa Surfing

15/12/2022

CAMPEÃ DO MUNDO 🥇 Ana Sofia Costa vence Jamieson Leeson (AUS) por 6x2 em Individual BC3 e conquista a MEDALHA DE OURO no Campeonato do Mundo de Boccia Rio de Janeiro 2022 🇵🇹

14/12/2022

‼️CAMPEÃO DO MUNDO | SURF ADAPTADO‼️
Na imagem, o momento emocionante em que o português Camilo Abdula sabe que é o novo campeão do mundo.
O surfista português sagrou-se campeão mundial de surf adaptado, categoria Stand 1, no campeonato do mundo da modalidade organizado pela ISA - Associação Internacional de Surf em Pismo Beach, na Califórnia.
O brasileiro Roberto Pino ficou em 2.º lugar e o australiano John Wheele, na 3.º posição.
Desporto.pt dá os parabéns ao Camilo pelo seu
maior triunfo da carreira, pela excelência do seu desempenho e pelo exemplo de superação que nos inspira a todos. Parabéns campeão 🇵🇹👏

14/12/2022
14/12/2022
EUA anunciam avanço histórico em fusão nuclear   A experiência em que estavam a trabalhar produziu energia suficiente pa...
14/12/2022

EUA anunciam avanço histórico em fusão nuclear

A experiência em que estavam a trabalhar produziu energia suficiente para causar reação

Livermore, California, USA 14 Dezembro 2022 - A experiência do Laboratório Nacional Lawrence Livermore produziu "mais energia de fusão do que a energia laser". Esta descoberta pode levar a "progressos na defesa nacional e ao futuro da energia limpa". Cientistas americanos anunciaram esta terça-feira um avanço histórico na fusão nuclear, que pode revolucionar a produção de energia limpa na Terra.

O Departamento de Energia, dos EUA, descreveu a descoberta como um "grande avanço científico" que levará a "progressos na defesa nacional e ao futuro da energia limpa".
Veja um video sobre a história da experiência clique em:
https://twitter.com/i/status/1602679745287700483

14/12/2022

O nosso atleta Dinis Vicente está hoje de parabéns! Feliz aniversário! 🎉

💪🏼💛💙

14/12/2022
Portugal sob Aviso Amarelo: Previsão para Quarta-feira, 14 Dezembro 2022**Continente: Previsão para Quarta-feira, 14 Dez...
14/12/2022

Portugal sob Aviso Amarelo: Previsão para Quarta-feira, 14 Dezembro 2022

**Continente: Previsão para Quarta-feira, 14 Dezembro 2022**

RESUMO: Aguaceiros, por vezes fortes.
Possibilidade de trovoada em especial na região Sul.
Vento temporariamente forte no litoral Sul e terras altas.
Descida de temperatura.
Agitação marítima forte.
Céu geralmente muito nublado.
Aguaceiros, que poderão ser por vezes fortes em especial durante a
tarde.
Condições favoráveis à ocorrência de trovoada em especial na
região Sul.
Vento fraco a moderado (até 30 km/h) de sul/sudoeste, sendo moderado
a forte (até 40 km/h), com rajadas até 65 km/h, na faixa costeira da
região Sul durante a tarde, e nas terras altas.
Neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais.
Descida de temperatura, em especial da mínima e na região Sul.
GRANDE LISBOA: Céu geralmente muito nublado.
Aguaceiros, que poderão ser por vezes fortes e acompanhados de
trovoada, em especial durante a tarde.
Vento fraco a moderado (até 30 km/h) de sudoeste, por vezes forte
(até 40 km/h) durante a tarde, com rajadas até 60 km/h, junto ao
Cabo Raso.
Pequena descida de temperatura.
GRANDE PORTO: Céu geralmente muito nublado.
Aguaceiros, que poderão ser por vezes fortes e acompanhados de
trovoada, em especial durante a tarde.
Vento fraco a moderado (até 30 km/h) do quadrante sul.
Pequena descida de temperatura.
ESTADO DO MAR: Costa Ocidental: Ondas do quadrante oeste com 3 a 3,5
m, aumentando para 4 a 5 metros.
Temperatura da água do mar: 16/17ºC
Costa Sul: Ondas de sudoeste com 2,5 a 3,5 metros, aumentando para 3
a 4 metros.
Temperatura da água do mar: 17/18ºC
METEOROLOGISTA(S): Alessandro Marraccini e Cristina Simões

A PRENDA DE NATAL DO PALHACINHOConto por :Eugénio Rietsch MonteiroPublicado originalmente no Livro "Histórias Numa Vida"...
13/12/2022

A PRENDA DE NATAL DO PALHACINHO

Conto por :

Eugénio Rietsch Monteiro

Publicado originalmente no Livro "Histórias Numa Vida"

Obedecendo aos movimentos cósmicos que tudo regem o Sol declinava cada vez mais e o Natal, para nós, aproximava-se a passos gigantescos.

Por essa altura, na nossa terra, havia acesas discussões sobre uma projectada obra que iria destruir o imenso e centenário bosque e a notável harmonia da nossa comunidade.

Nessa altura era o Gonça uma criança com doze anos que, estando inserida no seio duma família com um nível cultural acima da média tinha, talvez por essa razão, um elevado interesse por tudo o que o rodeava sobretudo no que dissesse respeito à Natureza ou à vida selvagem. Embora ainda se interessasse por brincadeiras infantis começava já a manusear o computador procurando encontrar, via internet, respostas a qualquer assunto ou questões que o preocupassem.

Tinha no seu quarto, pendurado na parede, um pequeno palhaço de pano, oferta dum seu tio quando completou dois anos, a quem tinha grande amor e que em tempos fora seu confidente, todas as noites. Nunca se deitava sem contar ao Palhacinho as suas aventuras, boas ou más, durante o dia.

Era um diário falado.

Com o passar do tempo e o avanço da idade deixou de falar todos os dias com o Palhacinho embora nutrisse por ele um especial carinho.

Um dia pendurou-o na parede, mesmo em frente à sua cama, local onde ainda se encontra, e a quem todas as noites enviava um beijo antes de adormecer.

A casa do Gonça situava-se num local privilegiado, adjacente a um imenso bosque, já nos arredores da pequena cidade. Esta coincidência também contribuiu para o seu gosto pela natureza. Desde muito pequenino se habituou a ver o nascer do Sol e a Luz que espalhava por todo o lado; habituou-se, também desde pequeno, a ver e ouvir os melros, os esquilos, as corujas, os grilos, as raposas e duma maneira geral todos os animais selvagens, além das galinhas, patos, perus, etc. que se deslocavam livremente num recinto próprio para isso.

Quantas vezes foram com o Pai, em silêncio, até à Capela a fim de ver, sobretudo no verão, as corujas que saiam lenta e silenciosamente do campanário onde tinham os ninhos, para ir caçar ratos pois tinham de alimentar os filhos; quanta vez ao ir para a escola não parou extasiado na beira dum caminho ouvindo um grilo; quanto tempo passou, logo de manhã cedo, à janela do quarto ouvindo cantar os melros que, de já tão familiarizados com ele, quase vinham até junto de si e a quem dava a comer cerejas, no tempo delas, que estes tições emplumados muito apreciavam.

Em suma, conhecia todos os bichos das redondezas e estes também lhe retribuíam.

Sobretudo na Primavera e no Verão era certo e sabido que todas as noites tinha histórias de bichos para contar ao Palhacinho; ou eram os melros a incitar os filhos a sair do ninho para que aprendessem a voar, ou era uma raposa que passava furtivamente à procura de sustento para os filhos, ou os cães ladrando alegremente quando se apercebiam dele. Enfim, tudo aquilo que observava durante o dia contava à noite ao Palhacinho, até quando a Mãe e o Pai parecia estarem zangados ou a Avó estivesse doente.

O Palhacinho, como ternamente sempre lhe chamara, era o seu confidente.

Até parecia, dizia ele, que lhe sorria.

Um dia, ao chegar da escola, assistiu a uma conversa do Pai com uns amigos. Estavam muito zangados pois o Presidente queria fazer passar uma estrada pelo meio do bosque. Na opinião deles esta estrada seria uma vergonha pois iria estragar aquele bosque quando havia outras maneiras, provavelmente um pouco mais caras, que preservavam a integridade do bosque.

E isso não tinha preço!

O Gonça, ao ouvir isto perguntou, de sopete: então o que vai ser de todos os bichos meus amigos?

- Não te preocupes demais, rapaz, disse um deles, isto ainda não é para já mas se tiver que ser…terá mesmo de se fazer.

- É o custo do progresso.

O Gonça nada disse.

Ficou triste e, nessa noite, antes de dormir, contou ao Palhacinho tudo o que se passou.

A vida continuou e notícias sobre a estrada iam surgindo, de vez em quando, umas vezes a favor, outras contra, mas nada ainda estava decidido. Aguardava-se a convocação duma Assembleia de freguesia para se discutir e resolver definitivamente este assunto.

E o tempo foi passando…e o Natal estava à porta.

Naquela noite a lua cheia tudo iluminava e dava a cada objecto, fosse uma árvore, um penedo, um monte ou o céu dum azul profundo, um contorno irreal.

Tudo era beleza e serenidade.

Não se ouvia o mais pequeno ruído.

Face a este inusitado silêncio dir-se-ia que a Natureza tinha adormecido completamente.

Pura ilusão…

Aqui e ali começaram a sentir-se alguns movimentos de sombras que se dirigiam a um lugar determinado. Viu-se, então, a dado momento que, num recanto esconso do bosque, havia já alguns animais que parecia falarem animadamente.

À luz quase irreal da lua cheia podíamos ver a Raposa sentada tendo a seu lado a Lebre; mais ao lado o Melro parecia ter uma longa conversa com o Esquilo; mais além a Coruja e o Mocho conferenciavam gravemente com o Cão.

- Ainda falta muita gente, disse de repente a Raposa que parecia estar a presidir a esta reunião.

- Já sabemos que o Lobo, a quem também mandamos um convite para esta reunião, não pode vir pois a viagem é longa e estando a época da caça em pleno ele tem de proteger os seus.

- Faltam ainda a Corça, o V***o e sobretudo o Palhacinho que, como sabeis, foi quem teve a ideia desta reunião. Vamos aguardar mais uns minutos.

Tenho fé de que nada lhes aconteceu.

Realmente nada de mau tinha acontecido.

O V***o e a Corça tiveram de fazer um grande desvio para evitar um acampamento de escuteiros; o Grilo da perna torta , por já estar um pouco velho, teve de vir muito devagar arrimado à bengala e o Palhacinho teve de esperar que o Gonça adormecesse .

Outros foram, entretanto, chegando: o Galo, a Gineta mais o Coelho, bem como o Gaio acompanhado do Musaranho.

O momento devia ser grave para que estes animais que por uma imposição inexorável da Natureza, a que eram totalmente alheios, quotidianamente se caçavam entre si para sobreviver, estivessem ali naquela noite discursando como bons amigos.

Até dava gosto vê-los.

- Por que razão a Mãe natureza nos criou assim?

-Qual a razão pela qual a sobrevivência duns tem de ser o fim de outros?

Mas há excepções e aquela era uma noite de excepção.

O momento era grave para toda a comunidade do bosque.

Chegaram finalmente os retardatários que prontamente se sentaram ao lado dos outros.

- Bem , disse a Raposa , como já estão todos o Palhacinho vai explicar a razão desta reunião.

- Faz o favor de falar, amigo Palhacinho!

- Meus amigos, como sabeis está em discussão um projecto duma estrada nova, acompanhada dum projecto ainda secreto de urbanização, que destruirá o nosso bosque e, por conseguinte, a nossa sobrevivência. Eis a razão pela qual aqui estamos todos unidos, apesar das nossas diferenças e de alguns ancestrais antagonismos, a lutar por aquilo que é nosso e de que depende a nossa própria sobrevivência.

Assim os humanos também pudessem agir do mesmo modo…

- Alguém tem uma ideia do que possamos fazer?

- Antes de mais nada, disse o Mocho com a sua habitual sabedoria, julgo que deveríamos indagar o que verdadeiramente se está a passar e quais os planos para isso e, sobretudo, quem está por detrás disto tudo e qual o verdadeiro interesse. Tanto quanto pude saber até agora a estrada pode fazer-se por outro lado e a urbanização, não sendo de todo necessária, não passa dum negócio que destruirá implacavelmente este bosque centenário apenas para meter dinheiro nos bolsos de alguém.

O Melro pediu a palavra e disse:

- Tanto quanto já pude descobrir eles não estão todos de acordo, ainda há muitos que não querem a destruição do bosque. Quem está mais acirrado a favor disso é o Presidente.

- Na reunião não resolveram nada e ficou marcada uma nova para Dezembro, por altura da lua nova, para tomarem uma posição definitiva.

Entretanto a Raposa disse:

- Temos de actuar depressa.

- Tenho um plano que delineei entretanto. Se estiverem de acordo, passamos à acção.

- Venha ele, disseram algumas vozes.

- Bom, primeiro teremos de obter informações mais precisas sobre o que pretendem fazer.

-Para isso, o Melro, o Cão e o Pardal que estão familiarizados com aquela gente e podem passar despercebidos, deverão andar por lá tentando ouvir conversas para descobrir o que se passa. A Coruja, como se desloca à noite e ainda não está frio, também pode aproveitar para espiar as conversas no adro da Igreja e o Rato pode entrar clandestinamente no gabinete do Presidente e ouvir o que se passa por lá.

- Qualquer informação será transmitida à Pega que se encarregará de a levar a todos.

-Proponho, também, uma nova reunião dentro de oito dias para avaliar a situação.

- E agora vamos embora que começa a clarear e torna-se perigoso andar por aí à luz do dia.

Após estas palavras, despediram-se com afecto e regressaram calma e ordeiramente aos seus lares.

O Palhacinho quando chegou teve receio que o Gonça já tivesse acordado para ir ouvir a Toutinegra, mas, felizmente, ainda dormia bem ferrado.

Naquele ameno fim de tarde estava o Presidente sentado num banco no adro da Igreja.

Via-se que estava inquieto e que esperava ansiosamente por alguém que tardava em chegar.

Do alto da torre a Coruja espiava atentamente.

Passado algum tempo chegou finalmente o Jorge Caneca, personagem execrável, detestado por toda a comunidade mas que mercê da sua falta de verticalidade, e das traições sucessivas que praticava, ia levando a sua vida. Estava sempre pronto a mudar de opinião desde que lhe conviesse, atraiçoando descaradamente aquilo que momentos antes havia dito; feio, baixo, gordo, sempre porco, tanto no corpo como no íntimo, era por toda a gente mal visto ou desprezado, mesmo por aqueles que dele se aproveitavam, pois já sabiam que seriam atraiçoados na primeira ocasião. Era a pessoa ideal para os negócios escuros. Era, pois, deste ser abjecto que o Presidente estava à espera e negócios com gente desta laia também não abonavam muito a favor do Presidente.

Ao vê-lo a Coruja estremeceu.

- O quê? O que anda este vigarista a tramar agora com o cretino do Presidente?

Levantou voo e foi empoleirar-se silenciosamente num galho duma árvore nas proximidades do banco em que estavam sentados.

Dali podia perfeitamente ouvir toda a conversa.

- Pois é como lhe expliquei, Jorge, você tem de falar com os membros da Assembleia que já bem conhece de outros negócios e convencê-los a votar esta disposição. Diga-lhes que, desta vez, a coisa é demasiado séria. Não só não se trata de trocados mas também está metida nisto gente graúda, mesmo muito graúda, em quem nem mesmo você sonha, embora sejam parecidos consigo.

- Bolas, Sr. Presidente, também não é preciso insultar, exclamou o Jorge aparentando um ar de sofrimento. Alguma vez o deixei ficar mal?

- Bom… bom, adiante que atrás vem gente.

Neste momento o Jorge Caneca voltou-se para acender um cigarro e viu a coruja empoleirada na árvore, de olhos fechados ,como se estivesse a dormir.

- Ma***to bicho, berrou, vai-te daqui para fora. Raios partam estas aves agoirentas, dão-me sempre arrepios, quando as vejo.

- Deixe lá o pássaro dormir sossegado e vamos ao que interessa.\

- Mas afinal o que é que eu tenho de fazer?

- Você vai falar com os seus habituais amigos e prometer-lhes tudo o que lhe vier à cabeça e explicar-lhes que, como já viu, este é um negócio fabuloso. Aqui há graveto a sério para todos.

Eles apenas tem de votar a favor de tudo o que eu propuser.

- Ó Presidente, mas afinal quem é que está atrás disto? Não acredito que seja ideia sua. É areia de mais para a sua camioneta.

- Mau! Está a querer rebaixar-me?

- Deus me livre de tal coisa, disse logo pressurosamente.

- Consigo o seguro morreu de velho. Em devido tempo saberá tudo em pormenor. Por agora só tem que fazer o combinado. A si só lhe interessa o dinheiro e mais nada e esse não vai faltar-lhe. Faça o seu trabalho que eu faço o meu.

- Ó Presidente, e o Dr. Liberto?

- A esse” maçónico” não há possibilidade de comprar, por isso temos que assegurar a maioria através dos nossos apaniguados. Prometa-lhes tudo o que quiserem, depois logo se arranjará maneira de resolver o assunto. E não se esqueça de inutilizar o papel que lhe deixei ontem com este esquema montado. Mesmo não estando assinado ainda podem reconhecer pela letra: Raios, porque não me habituo a escrever com a droga do computador ?

- Não se preocupe, disse o Caneca sorrindo duma maneira estranha.

- Toca a andar antes que comecem a desconfiar de estarmos por aqui tanto tempo na conversa. E não se esqueça que tem de os convencer.

- Vá tranquilo, Presidente, desde que haja graveto suficiente, são favas contadas.

Levantaram-se e cada um se afastou rapidamente para o seu lado.

Mal eles foram embora a Coruja levantou voo e dirigiu-se imediatamente à procura da Pêga para lhe contar estas maquinações para que pusesse todos os membros do bosque ao corrente do que se estava a passar a fim de que pudessem gizar um plano em conformidade.

Ao deixar o Presidente, o Jorge Caneça foi a casa buscar o célebre papel que, mesmo não estando assinado, comprometia gravemente toda a operação pois estava lá tudo discriminado. Só faltavam os nomes de quem estava por detrás desta operação. O Caneca, no entanto, resolveria tentar saber quem eram nem que para isso tivesse de recorrer à chantagem, como habitualmente. Num canto do papel escreveu: esquema pensado e fornecido pelo Presidente! Sorriu e disse para consigo que tinha de ir falar com o Coveiro para com ele combinar a melhor forma de levarem mais algum.

O Coveiro era o seu sócio habitual, não só nestes negócios mas também com a mulher.

Dirigiu-se lestamente para casa do Zé Coveiro e, em determinada altura, avistou o Cão e começou logo a insultá-lo mentalmente; na realidade, ele nem mesmo sabia porquê, não podia ver o Cão que, creio eu, lhe pagava na mesma moeda.

Quando já se encontrava à porta do Zé Coveiro sentiu que o Cão andava por ali, distraído, a farejar. Não podendo resistir à raiva que tinha ao Cão, no momento em que ia a passar ao seu lado espetou-lhe um valente pontapé ao mesmo tempo que rugia: fora, s**o de pulguêdo!

Acto continuo o Cão deu-lhe uma valente mordidela de que tão cedo não se esqueceria.

- Ai! Ai! Ai a minha perna, ma***to bicho. Acuda ó Zé Coveiro.

Ainda tentou acertar com um rebo no Cão mas este já se encontrava estrategicamente fora do seu alcance.

Apareceu o Zé Coveiro que o amparou para dentro de casa.

- Entre, entre, amigo Jorge, venha beber um copo que isso não é nada.

- Raios, não é nada porque não é a sua perna e você está habituado a que os seus clientes estejam sempre de acordo consigo pois que nunca nenhum deles reclamou.

- Ande lá, entre que eu esfrego-lhe a perna com um pouco de aguardente e isso passa.

- Não, a aguardente é para beber e não para estragar, vamos lá emborcar uns goles. Disto isto entrou na casa do Coveiro e sentou-se junto à janela de costas para fora. Estava tão transtornado que nem reparou que no parapeito deambulava o Pardal, debicando aqui, picorando acolá, com o ar mais inocente deste mundo.

Entretanto, o Coveiro chegou com dois copos e uma garrafa; sem demoras disse-lhe de chofre: Ó Zé, estamos ricos!

- O quê?

Tirou um papel do bolso que agitou diante do nariz do outro, sem todavia lho mostrar, ao mesmo tempo que anunciava: é este papel que nos vai pôr ricos.

- Mostre lá isso!

- Impossível, para já; a seu tempo verá. Agora só é preciso que me ajude, como de costume, a dar a volta aos nossos habituais amigos. E contou ao Coveiro a conversa com o Presidente ao mesmo tempo que lhe dava instruções quanto ao modo de agir.

Desta vez sempre vai deixar de ser Coveiro e passar a ser um senhor. Tome bem nota, aqui há muito dinheiro e está gente da alta metida nisto com o Presidente. Só que desta vez queremos mais do que migalhas.

Que acha?

Venha de lá mais um copo, disse sem aguardar resposta. Foram falando e bebendo e, em determinada altura, o Coveiro deu um berro e levou a mão a uma perna

- Ai! Ai! Ai a minha perninha.

- Mas o que lhe aconteceu, homem de Deus?

- Não sei, alguém me deu uma ferradela e o Cão não anda por aqui que você bem lhe arrumou uma pedrada.

- Mostre lá isso.

Quando o Coveiro levantou a calça o Caneca pousou o papel sobre a mesa e apalpou aquele bocado da perna para o examinar bem.

- Quanto a mim isto é uma mordidela de rato e é melhor desinfectar com um bocado de aguardente pois estes bichos andam metidos em toda a m***a. São quase como o Presidente, disse com uma gargalhada.

Enquanto estavam distraídos, o Pardal voou para a mesa e arrebatou o papel fugindo lestamente com ele no bico.

Lá fora, já longe da casa, encontrou-se com o Cão e explicou-lhe o que se passou não se esquecendo da ajuda do Rato.

- A reunião da Assembleia é já amanhã de tarde, já temos muito pouco tempo. É preciso fazer chegar esse papel ao Dr. Liberto mas antes temos de participar na nossa reunião desta noite para informar todos os nossos amigos e escolher o modo de lhe fazer chegar este papel. Quando o ler ele saberá escolher a melhor maneira de o utilizar.

A noite estava agradável e, para uma noite sem Lua pois estavam em lua nova, até estava razoavelmente clara.

Os animais foram chegando apressados e excitados com o que iriam ouvir.

Sem mais delongas a Raposa abriu os trabalhos e encarregou o Palhacinho de informar sobre o plano que tinham delineado e pô-lo à votação.

- Amigos, começou o Palhacinho, como sabeis já pelas informações que difundiu a Pega, temos connosco um papel que pode salvar o nosso bosque. A reunião da Assembleia é amanhã ao fim da tarde e temos de conseguir que, ainda a tempo de preparar a sua actuação, o Dr. Liberto tenha este papel na mão.

… E exibia com visível emoção o papel que o Pardal havia retirado ao Jorge Caneca quando ele, já bem bebido em companhia do Coveiro, o pousou, sem disso se ter apercebido, em cima da mesa.

- Como faremos?

O Mocho pediu a palavra e com a sabedoria e a calma que todos lhe reconheciam disse:

- O Dr. Liberto, como sabemos, vai logo pela manhã ao jardim dar de comer aos pássaros; como sabem, ele tem uma particular afeição pelo Melro que anda sempre à sua volta; proponho, por essa razão, que o nosso amigo Melro vá, logo pela manhã, fazer chegar esta carta ao seu destino. Acho que deveria ser acompanhado pelo Cão e pela Raposa para o defenderem se for caso disso. O Palhacinho, que foi quem teve esta ideia, é que deveria ir mas todos nós sabemos que não pode e por que razão.

Acto contínuo, simultaneamente, todos eles gritaram:

- Muito bem. Muito bem. Apoiado!

Então o Palhacinho levantou-se e , virando-se para os emissários, disse gravemente:

- Amigos, o destino deste bosque está desde agora nas vossas mãos e na sabedoria do Dr. Liberto. Cumpri a vossa missão. E todos vós, meus amigos, retirai-vos em Paz e tende confiança de que ainda pode haver justiça neste mundo. Não devereis esquecer nunca que enquanto formos solidários, determinados e confiantes uns nos outros, nunca este bosque será destruído.

Na próxima lua cheia, desde que tudo corra bem e como estamos no Natal, faremos aqui mesmo uma festa para comemorar.

E todos se foram afastando, com ar grave mas com a esperança no coração.

Pela manhã, logo ao romper do dia, o Melro acompanhado pelo Cão e pela Raposa, que prudentemente se escondia como podia, aproximaram-se da casa do Dr. Liberto que se situava muito próximo do bosque, num local meio isolado. Passado pouco tempo deram com o Dr. Liberto passeando com um ar tristonho, dum lado para o outro.

Estava tão absorto nos seus pensamentos que nem se apercebeu dos animais. Então, o Melro empoleirando-se num ramo dum arbusto próximo dele, pôs-se a cantar.

- Ah! Estás aí, meu amigo. É bom ouvir-te cantar mas… quanto mais tempo terás tu oportunidade de cantar neste bosque que pretendem destruir?

E olhava tristemente para o Melro.

Este deu um salto para outro galho e emitiu um som estranho que o Dr. Liberto nunca tinha ouvido. Logo após apareceu o Cão junto do velho médico, com um papel na boca. A princípio o Dr. Liberto teve dificuldade em compreender mas, perante a insistência do Cão, reparou no papel e retirou-lho do focinho.

Ao percorrer as linhas escritas, exclamou:

- Não compreendo como vocês fizeram isto, mas talvez com este papel eu ainda possa salvar a situação. E quando se voltou para perguntar como foi aquilo possível, já não viu ninguém, apenas ouviu o som da Raposa a regougar, do Cão a ladrar e do Melro a assobiar como se fora um alegre coro entoando por todo o bosque.

A Luz, nessa manhã, brilhava com grande intensidade e o Sol resplandecia.

Antes da reunião da Assembleia o Dr. Liberto aprazou uma reunião a sós com o Presidente.

Nunca ninguém soube o que disseram um ao outro mas o Presidente, ao entrar na Assembleia, tinha um ar soturno e desiludido.

Na terra não se falava noutra coisa.

Da Assembleia tinham desaparecido entretanto o Jorge Caneca e o Coveiro.

O Presidente, com ar desanimado e infeliz, ao abrir a sessão informou que, por instruções recebidas nessa tarde, tinha resolvido retirar da ordem dos trabalhos a discussão sobre as obras de transformação do bosque.

A Lei não permitia que se tocasse no bosque.

Como era praticamente o único ponto da ordem de trabalhos, encerrou a sessão e retirou-se apressadamente.

Logo que a notícia foi conhecida apareceu o Zé do bombo que , como nunca ,nem quando estava bêbado que era quando tocava melhor, tirava maravilhosas sonoridades do bombo que punham todos com óptima disposição. Estava contente ou não fora ele um dos grandes adeptos da manutenção do bosque.

Nessa noite, em casa do Gonça, também não se falava noutra coisa. Então ele não se cansava de falar, de perguntar; queria saber tudo e como tudo tinha acontecido. Estava contente, agora já podia continuar a passear livremente no bosque, contactar com os seus amigos, ouvir os grilos ou os melros, com a certeza de que tão cedo ninguém se atreveria a mexer no bosque.

Já um pouco cansado, o Gonça foi deitar-se mas antes de se meter na cama ainda teve tempo de parar em frente do Palhacinho, contar-lhe o que se passou e dar-lhe um beijo.

Pouco tempo depois a Mãe foi lá ver como ele estava e dar-lhe as boas noites e ele, já ensonado, disse-lhe:

Ó Mãe, quando contei ao Palhacinho o que aconteceu, ele olhou para mim, sorriu, e até parece que me convidou para uma festa de Natal; foi a melhor prenda que o Pai Natal me podia ter dado.

E adormeceu profundamente como uma linda criança que ainda era…

Pedrouços, Maia, 24 de Outubro de 2013

Portugal primeiro país europeu a estudar os “Desertos de Notícias”O concelho de Odivelas está referenciado na  condição ...
13/12/2022

Portugal primeiro país europeu a estudar os “Desertos de Notícias”

O concelho de Odivelas está referenciado na condição de semi-deserto no que diz respeito a rádios e aos jornais impressos e como fora do deserto nos jornais digitais

Aveiro 13 Dezembro 2022 - A Universidade da Beira Interior, em colaboração com o Aveiro Media Competence Center, divulga o novo estudo intitulado “Desertos de Notícias Europa 2022: Relatório de Portugal”. A seguir aos Estados Unidos da América e ao Brasil, Portugal é o primeiro país europeu a estudar este assunto. A expressão " Desertos de Notícias" surge nos Estados Unidos (“news desert”) no final da primeira década deste século, nos estudos sobre os impactos da crise do jornalismo nos media regionais referindo-se a “uma comunidade, rural ou urbana, com acesso limitado às notícias e informações confiáveis e abrangentes que alimentam a democracia em nível local”

O estudo tem como objetivo analisar quais os concelhos continental e ilhas com projetos jornalísticos (jornais, rádios ou meios exclusivamente digitais) registados na ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação.

O estudo conclui que mais de metade dos concelhos portugueses são ou podem vir a ser desertos de notícias; os distritos de Bragança, Portalegre, Santarém, Vila Real e Viseu são onde o fenómeno se sente com mais intensidade. É nos concelhos do interior do país onde há maior falta de produção local de notícias. Não existem jornais impressos em cerca de 60% dos concelhos de Portugal e, aproximadamente, 40% não há nenhuma rádio a veicular notícias locais e em 157 concelhos, correspondente a 51% do território nacional, não há nenhum meio de comunicação digital, revela o relatório.

A Associação Portuguesa de Imprensa tem, nos últimos anos, demonstrado as suas preocupações com a desertificação da imprensa regional e local. No passado mês de Maio, no ciclo de conferências “Repensar a Imprensa”, foram apontadas ideias e vias para evitar este fenómeno já previsto pelos e dados disponíveis em 2021. De acordo com João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa: “mais de 20% do território autárquico não tem nenhuma publicação periódica regional ou local no seu território a que se soma uma diminuição dos pontos de venda de publicações periódicas nacionais”.

«Dois concelhos do distrito de Lisboa (12,5%) estão em algum tipo de deserto de notícias, sendo que um deles não tem nenhum meio noticioso registado. Outros dois concelhos (12,5%) estão ameaçados. São 6 os concelhos (37,5%) com meios impressos frequentes, enquanto 13 concelhos (81,3%) têm meios digitais. Oito concelhos (50%) que não têm impressos frequentes contam com outros veículos.
Um concelho (6,3%) tem apenas um meio digital.
As rádios com noticiário local produzido no concelho estão em 10 concelhos (62,5%), enquanto em um concelho (6,3%) o noticiário em rádio não é considerado
satisfatório. Em um concelho, não há informação sobre rádios».

O concelho de Odivelas está referenciado pelo estudo como estando na condição de semi-deserto no que diz respeito a rádios e aos jornais impressos e é apresentado como fora do deserto no que se refere a Jornais digitais.

Fonte: DESERTOS DE NOTÍCIAS EUROPA 2022 | Relatório de Portugal

Pode consultar o relatório completo em:https://mediatrust.ubi.pt/wp-content/uploads/2022/12/desertos_noticias_europa_2022_.pdf

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História

A RÁDIO CRUZEIRO surge em pleno período expansionista das emissoras não oficiais. Transmitia para toda a Grande Lisboa, em Frequência Modulada (FM) na posição 105,7 Mhz e a partir dos estúdios localizados no Sítio da Várzea, em bom rigor, no primeiro andar do lado esquerdo do Lote 12 da atual Rua Soeiro Pereira Gomes. Tudo começou com alguns realizadores da Rádio Nova Antena e da Rádio Saturno que queriam expandir as suas capacidades artísticas, tendo então começado a reunir no Café Memória, em Odivelas, à época um dos mais emblemáticos pontos de tertúlia, tendo como objetivo a criação de uma rádio, feita por gente que a sentisse, e a valorizasse como meio de comunicação local, saído do “registo dos discos pedidos”, como opção única era a regra nas então rádios locais. Fazer do microfone local uma arma de desenvolvimento do pensamento, era então, o mote. Escolheu-se o nome de RÁDIO CRUZEIRO (a alternativa era Rádio Memória) por, já na altura, se considerar que o Cruzeiro da Memória era o ex-libris da então vila de Odivelas. Tanto o Cruzeiro, como a Quinta da Memória, só muitos anos depois passaram a ser reconhecidos como reais símbolos da cidade e felizmente, nos dias de hoje é na Quinta da Memória que está instalada a sede do Município. A RÁDIO CRUZEIRO emite pela primeira vez em 27 de Outubro de 1986, um sábado e é constituída como cooperativa, dela fazendo parte, como fundadores onze elementos, na sua maioria radialistas vindos das duas rádios então mencionadas, a que se juntaram novos companheiros de arte, até aqui sem experiência noutras estações, mas a quem não faltava a vontade de fazer a coisa à séria: António José Portela (vindo da R.N.A.), Henrique Martins, Humberto Fraga e Armando Gouveia (com origens na Rádio Saturno), Luís Filipe Silva, Fátima Rodrigues e Carlos Jorge (também vindos da Rádio Saturno, mas sem pertencerem aos quadros da estação, antes ligados à primeira produção independente das rádios locais, “O Ciclo da Noite”), a que se juntaram a Paula Morais, Fernando Silva, Luís Fraga e Fernando Rodrigues (técnico, também vindo da Saturno). Em simultâneo foram contatados outros colegas que inicialmente entraram como colaboradores, passando muitos deles posteriormente à condição de cooperantes. Desde a primeira hora, também fizeram parte da RÁDIO CRUZEIRO, Carlos Oliveira e Paulo Costa (recrutados à Rádio Nova Antena), Luís Filipe Costa, Jorge Gaspar, Marco António Oliveira, António Rodrigues, Nelson Agostinho, José Henriques, Manuel Varela, Isabel Fernandes, Elsa Candeias, Ana Paula Silva, Carlos Marques, Ricardo Portela (na altura, o locutor mais jovem do País), Pedro Cardoso, Mário Santinho, Helena Lourenço, João Farinha, Carlos Batista, Mário Lelo e Vítor Batista (os dois últimos, infelizmente já falecidos). Para a área comercial foi contratado o Oliveira, também já falecido, que contava com o apoio do Carlos Batista para o serviço de angariação e cobrança de publicidade. Posteriormente foi aparecendo mais gente com muita arte à flor da pele como Paulo Jordão, Rui Jorge Valente, Paulo Fail, Eduardo Passos, Sandra Gabriel, Américo Paulo, Dina Salgueiro, Paulo Jorge, e tantos outros, que contribuíram decisivamente para colocar a RÁDIO CRUZEIRO no topo das mais ouvidas no concelho de Odivelas. De um desafio, então lançado, ao professor de História, Renato Monteiro, que na altura lecionava aquela disciplina na Escola Secundária da Ramada e também estivera envolvido no “Ciclo da Noite”, a tal primeira produção independente das rádios locais, e que consistia na abertura da rádio à escola, surgiu uma nova leva de notáveis valores para a rádio, como a Isabel Aleixo, Paula Madeira, Elsa Santos, Rita Oliveira, Sérgio Barran, Pedro Castelo Branco, Fernando Paulo, e Pedro Parente, que entre outros vieram dar consistência à área da Informação, que passou a ter noticiários curtos de hora a hora numa emissão que se transmitia entre as 7 e as 2 horas de segunda a sexta feira e ininterruptamente ao fim de semana. Todos, têm o seu nome umbilicalmente ligado ao sucesso que foi a RÁDIO CRUZEIRO, tal como, a que foi a estação de todos os odivelenses, tem o seu nome ligado à elevação de Odivelas à categoria de cidade, pelo que se empenhou nessa promoção administrativa da então vila e que abriu as portas e as aspirações a um dia poder vir a ser, sede de concelho. A RÁDIO CRUZEIRO viu o seu emissor ser confiscado por duas vezes, pelos Serviços Radioelétricos, o que aconteceu também a outras estações locais, com a acusação de que a emissão estaria a interferir com as comunicações do Aeroporto de Lisboa. Nunca, alguma vez, com a RÁDIO CRUZEIRO, ou outra qualquer, se provou que isso tenha acontecido, muito menos que a ter acontecido, tenha sido deliberado e paira no ar uma acusação proferida por Mónica Ferreira, da Rádio Horizonte Tejo, também várias vezes vítima desta situação, corroborada à “boca fechada” por muitos mais, de que haveria gente, em pelo menos uma rádio do então concelho de Loures, (chegaram a transmitir 8 em simultâneo) que de quando em vez, se dedicaria a retransmitir a emissão de outras para frequências proibidas, com o intuito de eliminar a concorrência. A acusação, que já naquela altura era difícil de provar, a confirmar-se é ao fim destes anos todos, um crime prescrito. O segundo confisco aconteceu, talvez sem acaso, meses antes do concurso de atribuição de frequências, numa altura em que a RÁDIO CRUZEIRO era justamente a mais ouvida em Loures pelas gentes do concelho de Loures, o que inviabilizou a candidatura da RÁDIO CRUZEIRO, face ao elevado e incerto investimento a fazer para anular o confisco. Nesse concurso, ainda hoje cheio de reparos, no que diz respeito aos resultados encontrados e para os quais, há quem acuse terem as questões políticas tido demasiado peso, a Rádio Nova Antena venceu, seguida da Estação Orbital (ex-Rádio Clube de Sacavém) e da Rádio Horizonte Tejo, todas com frequências atribuídas e ficaram de fora a Rádio Imprevisto, a Rádio Saturno, a RÁDIO CRUZEIRO (que acabou por não apresentar candidatura) e o Emissor Local de Odivelas (na altura já extinto e que também não apresentou a sua candidatura). A RÁDIO CRUZEIRO participou em 1987 no 1º Concurso de Rádios Locais, promovido pela Rádio Marginal (Oeiras), onde representou, na altura, o concelho de Loures, tendo obtido um 3º e um 4º lugar entre 80 participantes de rádios de Lisboa e concelhos à volta. Neste evento, a RÁDIO CRUZEIRO foi representada por Luís Filipe Silva (3º) e Fátima Rodrigues (4º), tendo os dois primeiros lugares sido ocupados por dois locutores da rádio organizadora do concurso, sem que por isso, haja qualquer razão para questionar o critério da apreciação dos jurados. Foi um concurso com decisão justa, durante o qual a RÁDIO CRUZEIRO mostrou que em Loures também se fazia boa rádio. Será sempre injusto falar da RÀDIO CRUZEIRO sem referir os Móveis Monte Rosa, empresa sediada no Lumiar, num prédio já demolido, onde hoje se encontra uma das colunas que suporta o viaduto do Eixo Norte-Sul e com armazém no rés-do-chão do prédio ao lado dos estúdios. Num contrato absolutamente fundamental, que por si só pagava o aluguer das instalações e os ordenados dos colaboradores, os Móveis Monte Rosa tinham “spot” em todos os blocos publicitários e patrocinavam ainda alguns programas, ao ponto de, quem não estivesse por dentro do assunto, chegar a pensar que a RÁDIO CRUZEIRO era propriedade dos Móveis Monte Rosa. Não era, nunca foi, mas a aposta dos irmãos Karmali, foi arrojada para a altura e determinante para o sucesso e solidificação da RÁDIO CRUZEIRO, sem ao contrário do que se exige agora, nos imporem qualquer condicionalismo. Aos amigos Karmali, o nosso reconhecido obrigado por terem querido fazer parte da História de uma grande rádio.

Vinte e seis anos depois e porque é preciso intervir no concelho de Odivelas, voltámos a juntar-nos para desenvolver um projeto , agora apenas on-line, recuperando gente que sempre foi capaz de marcar a diferença pela positiva, aos quais se juntaram outros companheiros de arte e até alguns que vão viver aqui a sua primeira experiência de comunicação, recuperando designações próprias das quais nos orgulhamos e criando outras novas, em que apostamos. Voltamos porque queremos, porque achamos que é preciso e contamos com a nossa capacidade de comunicação e com o empenho do nosso Departamento Comercial, para a sustentabilidade de um projeto, que embora sem fins lucrativos, terá de ser auto sustentado. Podem contar todos nós para esta nossa segunda vida. Estaremos sempre por aqui, sem dramas, sem stress, por Odivelas, com Odivelas e para Odivelas. Tal como há 27 anos.


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