27/03/2023
PARÓQUIA VIVA
Da Quaresma à Páscoa: Habitando entre nós para nos libertar
Como refere o Papa Francisco na sua mensagem para a Quaresma 2023, «a ascese quaresmal é um empenho, sempre animado pela graça, no sentido de superar as nossas faltas de fé e as resistências em seguir Jesus pelo caminho da cruz. (…) Para aprofundar o nosso conhecimento do Mestre, para compreender e acolher profundamente o mistério da salvação divina, realizada no dom total de si mesmo por amor, é preciso deixar-se conduzir por Ele à parte e ao alto, rompendo com a mediocridade e as vaidades. É preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha.»
É um caminho que cada um de nós tem de percorrer sozinho: um caminho interior ao encontro de cada um consigo próprio, que nos despe de máscaras e nos expõe à verdade. É aqui que somos habitados e é desde aí que somos livres. "Habitando entre nós para nos libertar" é o tema proposto para a caminhada sinodal Quaresma/Páscoa deste ano e desdobra-se em duas interpelações: "Descobre a tua tenda", durante a Quaresma; e "Alarga a tua tenda", durante a Páscoa.
A Quaresma apresenta-se diante de nós com uma tenda desprovida de cobertura, como que despojada de qualquer amor, desabitada pelas fragilidades humanas, tantas vezes pelo pecado que insiste em despir-nos da veste batismal. Aparentemente há nessa tenda despida um vazio de Deus, como que se Deus nunca nos tivesse visitado... Contudo, nessa imagem está sobretudo um desejo de recomeço, de não permitir que tudo o que nos oprime vença, de voltar à verdadeira liberdade para qual Cristo nos libertou.
Partimos de uma tenda despojada que recebe uma visita para o caminho que nos desnuda a cada pergunta que nos interpela e nos confronta de olhos postos na cruz como convite para a liberdade de Jesus.
Quais os teus medos?
Quais os teus desejos?
Quais os teus preconceitos?
Quais as tuas preocupações?
Quais os teus silêncios?
Quais as tuas tentações?
A história do ser humano com Deus está cheia de fragilidades, omissões e traições; mas também de generosidade, obediência e entrega, como Jesus insistentemente nos pede. Deus conhece os nossos corações; Ele conhece as nossas alegrias e esperanças. Ele conhece as nossas angústias, pecados, fraquezas, tristezas... Ele vê-nos, sabe quem somos, como e onde estamos, e, mesmo assim, ama-nos acima de todas as coisas. Isso nunca muda! O que muda é a nossa resposta ao Seu amor. Mesmo antes de fazermos a experiência do amor de Deus, já antecipadamente Ele nos amou em primeiro lugar (cf 1 Jo 4, 19). E isto faz toda a diferença. Portanto, o amor de Deus não é uma conquista nem um merecimento. É, antes de tudo, o modo de Deus estar connosco, de nos habitar. Deus ama sempre e para sempre.
Aproxima-se a Páscoa e é neste caminho para a liberdade de dar a vida que somos inundados de amor, um amor que não se contém, mas se expande e nos expande, levando-nos a encontrar irmãos, a caminhar lado a lado, sem medo, com esperança e já não para nós, mas, verdadeiramente livres para dar testemunho. Deus habita em nós para nos libertar!
Bem sabeis que o Tempo Quaresmal e Pascal é uma realidade temporal e espiritual, que nos apela à autenticidade dos gestos e nos quer libertar do ritualismo vazio, sem espírito. Habitando entre nós (Jo 1,14), Cristo continua a visitar-nos nas realidades e circunstâncias da vida em que cada um se encontra, oferecendo o seu coração de irmão e a sua mão protetora e misericordiosa. A caridade de Cristo entre nós manifesta a proximidade de Deus. Na verdade, “onde há amor, aí habita Deus”.
Venha celebrar connosco em comunidade:
Domingo, dia 2 de abril, às 10h30: Eucaristia e bênção dos Ramos
Quinta-feira Santa, dia 6 de abril, às 21h00: Instituição da Eucaristia e Última Ceia
Sexta-feira Santa, dia 7 de abril, às 15h00: Celebração da Paixão e Morte do Senhor
Sábado Santo, dia 8 de abril, às 21h00: Vigília Pascal
Domingo de Páscoa, dia 9 de abril, às 08h45: Eucaristia e saída do Compasso Pascal pelas 09h30.
Uma boa Quaresma e uma Santa Páscoa para todas as famílias de Fermentões!
Pe. Miguel Rodrigues