Subsolo_livros

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GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão VI.: Miguel, por Chico Guazzelli ✂️“5. Pulsão de morte (a carta)Amália. Que ...
14/04/2025

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão VI.: Miguel, por Chico Guazzelli ✂️

“5. Pulsão de morte (a carta)

Amália. Que nome para uma atriz em Portugal. Era feliz a Amália mesmo na Vila de Frades
rodeada de antipatia e desconfiança. Então deixa-te ser feliz Amália. Que eu não sou teu
filho, este está no Brasil e já é grande e saudável. Que por algum motivo ainda nem conheço.

Perdi tudo! Sou um réu, confesso.

Dois apartamentos. Um carro.

A conta chegou. O apelido não valia nada, ou melhor, quase nada. Porque estava vivo.
Certamente que estaria ainda por algum tempo. A páscoa era uma lembrança disso. Voltei aser o Miguel que sempre fui nessa casa. Os outros é que não eram mais os mesmos. A mágoa, a mácula deixada por anos e anos de ser o Miguelito caçula, isso tudo agora f**ava em segundo ou terceiro plano.

As dúvidas e as dívidas são o que importa. E as certezas também, é claro, que se resumiam
quase totalmente à figura ímpar e digna da amada. Que agora estava a enfrentar os leões de Moreno e Cipriano, particularmente a Leonor, que Amália teima em ter como aliada naquela peça de costumes de mau tom. Trouxe ela à própria sorte.

Quem iria dizer que eu choraria após assistir um golo na televisão? Nunca tinha entendido
bem esse instinto básico de torcedor. As coisas de importância, como dinheiro e família é que sempre entendi bem. Quem iria dizer…” [CONTINUA NOS COMENTÁRIOS]

Que a desgraça da minha vida chegasse assim à galope numa próspera e digna vida Moreno Cipriano de Aragão.

🥁 A pré-venda começa com o próximo post. Não percam!

Resultado (fantástico) do exercício de grupo “A vida secreta dos mortos” (como quem diz um Cadáver Esquisito), do worksh...
07/04/2025

Resultado (fantástico) do exercício de grupo “A vida secreta dos mortos” (como quem diz um Cadáver Esquisito), do workshop de poesia de Lia Cachim n’A

“Aqui onde o chão é azul e o céu é verde
como o paladar da tua voz
já sabemos que não é possível sol na eira…
Qual é o meu nome
A luz surgiu na janela
Aqui onde o céu é verde e o chão azul
reflete-se bem o mármore inundado
como que a saltar de pedra em pedra
e um lençol de nevoeiro sobre a montanha
Até que a manhã seguinte venha”

Obrigada a todos.

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão V.: Martim, por Beatriz Ryder ✂️“No dia seguinte a terra formava pequenas po...
17/03/2025

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão V.: Martim, por Beatriz Ryder ✂️

“No dia seguinte a terra formava pequenas poças de lama e o céu ameaçava choro.
Um dia cinzento e sincero, o meu último passado aqui.

Não falámos muito de manhã. Não havia necessidade de falar do que já se tinha
perdido, de tocar na ferida em vez de a deixar sarar. Vestimo-nos numa dança coreografada, cada um a respeitar o tempo do outro. Ponho sempre o desodorizante no final, e enquanto cumpria com esse passo, ele respirava fundo, enchendo os pulmões não de ar, mas de coragem. Para enfrentar o exterior, a vida que decorre do outro lado da porta. Como um cordeiro manso segui-o por trás e fechei levemente a porta.

Foi constrangedor encontrar a Emília na cozinha. Foi constrangedor encontrar os
outros elementos da família em diferentes cantos da casa, um outro tipo de desconforto
gerado pela imprevisibilidade. Todos unidos por sangue e pelo olhar que nos lançavam.
Comemos os cereais, bebemos café. Ficámos cada um no seu telemóvel praticamente sem
rede, uma pausa para ele fumar, outro momento de introspecção. Estava preso à noite de ontem, focado inteiramente no passado.



(CONTINUA NOS COMENTÁRIOS)

🥁 A pré-venda irá começar no final do mês 🥁fiquem desse lado.

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão IV.: Emília, por Camila R. Duarte ✂️“Peguei numa das cestas arrecadadas por ...
25/02/2025

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão IV.: Emília, por Camila R. Duarte ✂️

“Peguei numa das cestas arrecadadas por baixo do lava-louça, na prateleira de baixo. Era pequena, mas bastava, só queria algumas amoras. Aroma? Ãroma? Amor, Ã? Amora?
A relva, novamente moldada aos meus pés no ritmo dos passos lentos. Estava frio; pus-me arrepiada, com os pelos cada vez mais hirtos, a criticar com cansaço os cheiros da manhã húmida. Segurava, bem preso entre os dedos ásperos, tecido suficiente para evitar que o
vestido raspasse no orvalho das folhas no chão. Quão suja estaria eu para julgar sujo o orvalho matinal.

Avistei a cerca. A cerca de cinco centímetros da quase-cauda do meu vestido, uma farpa impede-o de avançar comigo. Um rasgão, diria fatal, no vestido predileto para cerimónias, dias especiais e crises de espírito - antes farpas nos olhos do que no meu rico vestido.
Bati com a cesta na cerca até ela abrir espigões de madeira. Vamos às amoras.

O mato adensou: mais terra batida, mais árvores, mais gafanhotos de pedra em pedra, mais grilos e cigarras audíveis pelo caminho. As folhas desfaziam-se debaixo dos meus pés, com um daqueles barulhos de certa forma crocantes. Apercebia-me, aos poucos, de que rodava a
cabeça como uma galinha, ávida de estímulo. Já não me aguentava no campo, onde nada buzinava, gritava, colidia, caluniava ou doía. Não me sentia formiga, pequena, inútil, perdida; isto enquanto era assolada por uma noção de pertença, finitude fácil, utilidade indeterminada e orientação inata. Eram estranhas. Eu e a noção. Estávamos a conhecer-nos melhor, íamos f**ando íntimas a cada pegada poeirenta que deixava para trás. Quando o nosso encontro foi inter-

-rompido: as amoras. Suspensas das silvas, sobrepostas às fileiras de espinhos. Eram(os) selvagens.“ (excerto retirado do conto)

GÁS sairá em abril. Reservas em breve, com a editora e os autores 🤍

GÁS [as 7 versões de uma história] - versão iii. Luís António, por Raquel Nunes“Quando aqui cheguei, há pouco mais de de...
19/02/2025

GÁS [as 7 versões de uma história] - versão iii. Luís António, por Raquel Nunes

“Quando aqui cheguei, há pouco mais de dez anos, a casa
não respirava e eu já não me lembrava de como usar as mãos para endireitar as coisas ao invés de destruir. Mas ofereci os meus serviços porque ao longo da vida aprendi a fazer de tudo, e principalmente porque eu sabia que me lembraria.

Agora, é pelo estado da casa que percebo a passagem do
tempo – um tempo anterior a mim e que, ainda assim, vai nos alcançar a todos. Não tenho comoção suficiente para enterrar as mãos no solo e refazer tudo mais bonito, até o que não é de brotar, como minha mãe fazia; ou para reparar as rachaduras internas que podem ser sentidas quando caminhamos pelos corredores; nem para disfarçar as menores coisas que ao longe ninguém vê – mas tento, até hoje, dia ou outro, quando acordo com disposição.

- Meninos, tomem cuidado com a loiça!

Mas é tarde demais, as crianças apenas param de correr ao redor da mesa posta da varanda quando o ruído da chávena se partindo em mil nas pedras do chão suspende qualquer agitação em volta.

E então o choro da mais nova quando a mãe briga e depois
se arrepende dizendo que não foi nada. E então os pedidos de desculpas à Dona Luísa pela perda de um pequeno pedaço de herança familiar enquanto ela garante em sorrisos que ainda tem muitas louças antigas para serem usufruídas – quis dizer destruídas. Sou o único a perceber o desconforto que tremula em sua voz.” (excerto retirado do conto)

GÁS terá o seu lançamento em abril. A Páscoa em Vila de Frades aproxima-se.

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão II.: Manuel, por Inez Pegado ✂️“Deitados ao sol, rodeados pela relva alta pe...
10/02/2025

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão II.: Manuel, por Inez Pegado ✂️

“Deitados ao sol, rodeados pela relva alta perto da fonte, a pele de galinha é dissipada. Colocas a mão levemente em cima da minha e entrelaçamos apenas os mindinhos. Sem proferirmos qualquer palavra, deixamo-nos ser engolidos pelo som da água que corre, pelo vento que br**ca com as folhas dos carvalhos, pelo vermelho dos cravos que pintam a nossa paisagem - porque qualquer paisagem que partilhemos é nossa. Deitados ao sol na relva somos apaixonados. E-mí-li-a. A minha fome sacia-se só de proferir o teu nome. As cerejas que comes emprestam uma tonalidade arroxeada aos teus lábios. Deixa-me, por favor, lambê-los. Lamber-te. E-mí-li-a, as nossas vidas foram encruzilhadas em recém-adultos, mas foi para crianças que crescemos. E agora uma criança geramos, o nosso Afonso, tão frágil - como o nosso amor, mas nessa altura não o saberíamos. A-fon-so, 3 sílabas de porcelana e choro. Deitados ao sol os três somos felizes, conscientemente.

Quando perdemos a simplicidade do nosso amor, Emília? Quando é que estarmos deitados na relva se tornou um exercício de terapia? Quero voltar a esquecer-me do casaco no cabide da entrada para que dele me recordes, quero voltar a descascar-te romã para que as mãos não te sujem. Quero-nos apaixonados, ao sol na relva. Mas agora tens de te levantar e deambular, e o sol f**a um pouco menos intenso sem-tigo.“ (excerto retirado do conto)

GÁS sairá em abril. Reservas em breve, com a editora e os autores 🤍

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão I.: Leonor, por Luciana Morais ✂️“A chegada inconfundível. Chão de terra e o...
04/02/2025

GÁS [as 7 versões de uma história] - Versão I.: Leonor, por Luciana Morais ✂️

“A chegada inconfundível. Chão de terra e os pinheiros a saudar novos ares. Caminho que leva aos poéticos arcos romanos que envolvem toda a casa num abraço clássico da arquitetura. Leonor admirava aquele sítio… tanto por ostentar o poder da família quanto por iluminar seus pensamentos com a doçura da herança. Pedro e Catarina desceram do carro a correr encantados por todo o lado. Leonor e João, recebidos com amorosidade, tiveram de insistir com as crianças para que se acalmassem. As pernas presas durante a viagem não queriam obedecer a ninguém. Na varanda, os abraços e a recetividade. Lanche preparado por dona Carmo. Tudo como sempre. Tia Luisinha pediu ao Luís para ajudar com os pertences. Ele já sabia o que fazer. Como sempre. Os quartos, zelosamente preparados, aguardavam pelos parentes que passariam as férias unidos pelo calendário.” (excerto retirado do conto)

GÁS sairá em abril - em breve poderão começar a fazer as vossas reservas. Fiquem atentas/os 👀

GÁS é o próximo livro do projeto editorial Subsolo ✂️Concebido durante os encontros de escrita   (2ª edição) este livro ...
21/01/2025

GÁS é o próximo livro do projeto editorial Subsolo ✂️

Concebido durante os encontros de escrita (2ª edição) este livro conta-nos a história de uma Páscoa estranha em família, em que os factos se misturam com as ilusões. Juntem-se a nós em Vila de Frades.

Autores: Luciana Morais, Inez Pegado, Camila R. Duarte, Raquel Nunes, Beatriz Ryder, Chico Guazzelli, Andréa Zamorano

Edição: Lia Cachim

Revisão: Rodrigo Antas

+ informações brevemente 🤍

A equipa da SUBSOLO (e AZAR) deseja-vos um Natal feliz e consciente.
25/12/2024

A equipa da SUBSOLO (e AZAR) deseja-vos um Natal feliz e consciente.

Entre 23 de agosto e 8 de setembro, todos os caminhos vão dar ao expositor número 13 da Feira do Livro do Porto 🐝 Podem ...
24/08/2024

Entre 23 de agosto e 8 de setembro, todos os caminhos vão dar ao expositor número 13 da Feira do Livro do Porto 🐝 Podem encontrar os títulos disponíveis da SUBSOLO/AZAR junto das restantes preciosidades que a Snob levou até à Invicta.

Um carinho especial para a Filipa Meira, que passeou entre os livros para captar imagens dos nossos 💛

Registos analógicos da apresentação do livro da coleção de poesia da SUBSOLO, “de um diário marginal” (Rodrigo Bacalhau)...
29/07/2024

Registos analógicos da apresentação do livro da coleção de poesia da SUBSOLO, “de um diário marginal” (Rodrigo Bacalhau), na Feira do Livro de Coimbra 📚

cachim apura

A última sessão presencial do   (2ª edição) foi dividida entre o Liquidâmbar e O Burrito. Entre risos e plot twists se c...
20/07/2024

A última sessão presencial do (2ª edição) foi dividida entre o Liquidâmbar e O Burrito. Entre risos e plot twists se constrói o livro e a história que poderão conhecer em 2025. Obrigada a todas as pessoas participantes (as que estão nestas fotos e as que não puderam estar) e a todos os parceiros que nos proporcionaram estas datas criativas ✍️

Com os contos “no forno”, só resta pedir-vos que sejam pacientes e que se mantenham atentos/as às novidades que virão 💛

Sábado foi dia de festejar mais um livro da Subsolo, desta vez da própria editora do projeto.Je t’aurais suivi en enfer,...
25/06/2024

Sábado foi dia de festejar mais um livro da Subsolo, desta vez da própria editora do projeto.

Je t’aurais suivi en enfer, assinado por Lia Cachim, saiu em junho de 2024 numa tiragem de 100 exemplares. Edição e revisão de Rodrigo Antas e prefácio de Inês Francisco Jacob. Podem encomendar os exemplares disponíveis através de mensagem privada ou email para [email protected] 🫶 15€ com envio gratuito.

Fotografia por 🌻
cachim associacao


Junho começou quente. Aquecerá ainda mais dia 22 (sáb.), na Lúcia-Lima, porque:A) O livro “Je t’aurais suivi en enfer”, ...
05/06/2024

Junho começou quente. Aquecerá ainda mais dia 22 (sáb.), na Lúcia-Lima, porque:

A) O livro “Je t’aurais suivi en enfer”, segundo livro de Lia Cachim, vai ser apresentado à mesa, entre brindes e outros prazeres, proporcionados pelo incrível João Gomes. Limitado a 30 lugares (envia-nos mensagem para marcar o teu 🫶). Uma apresentação intimista e diferente, a condizer com o espaço ✨

B) O projeto Líquen, da maravilhosa Constança Ochoa, irá fazer uma antestreia do seu EP com direito a versões dos poemas do livro de Lia 🪷 às 22h30

C) A dupla de jijeis Os Meus Bonitos Sapatos vão voltar ao ativo para polir as solas dos nossos, all night long (ou até ao início da madrugada) 🔊

As portas abrem ao público às 22h (depois de jantar) e o bilhete para o concerto e dj7 tem o valor amigável de 3€. Vemo-nos em Cadima? Mais infos por mensagem privada.

P.S.: O livro “Je t’aurais suivi en enfer” tem o valor de 15€ com oferta de envio (10€ no evento) e 25% do valor irá reverter para ajudar Fadi e a sua família a sair de Gaza.
cachim associacao







A poeta Inês Francisco Jacob dedicou o seu tempo e palavras para escrever o prefácio do livro “Je t’aurais suivi en enfe...
29/05/2024

A poeta Inês Francisco Jacob dedicou o seu tempo e palavras para escrever o prefácio do livro “Je t’aurais suivi en enfer”, de Lia Cachim. Aqui f**am alguns excertos, para aguçar a curiosidade e a vontade de ler.

O livro sai em junho na Subsolo, numa edição de 100 exemplares. Ainda podes adquirir o teu com desconto e oferta de portes em pré-venda, até dia 3/6 🤍

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Coimbra

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