29/10/2022
De passagem por Lisboa...
Temos um governo de mera propaganda, à deriva, que acabará por afundar-se nos vários buracos negros que criou ou continua a alimentar: Fundo (indígena) de Resolução da Banca, PPPs, CP, Metro e TAP, para só mencionar os maiores.
Nesta circunstância, a TAP será provavelmente o motivo de uma derrapagem muito perigosa do atual regime democrático.
O país deixou-se corromper até à medula, arruinando a sua riqueza acumulada, as suas empresas estratégicas, a capacidade técnica do Estado, e o futuro dos portugueses, os quais fogem do país como nunca os seus pais e avós fugiram. O país está a saldo, mas a corja partidária no poder, ou antes, do bloco do poder, ri-se. PS, PSD, P*P, Bloco, riem-se, na sua cada vez mais asquerosa endogamia, enquanto Portugal vende ao desbarato, e a população empobrece, desespera emigra. Neste contexto, as bravatas do putativo sucessor do esvaziado António Costa — o boy dos Porsches e do calçado, armado em banqueiro marxista, Pedro Nuno Santos — desafia os espanhóis a 'dar corda aos sapatos'! E ninguém o mandou calar. Saberá este provocador provinciano que os espanhóis têm obviamente um plano B para a ausência de política ferroviária, e em geral, de transportes, portuguesa? Foram os ignorantes e corruptos governantes do PSD e do PS que sucessivamente rasgaram acordos assinados entre os governos de Portugal e de Espanha sobre as novas ligações ferroviárias entre Portugal e a Espanha/resto da Europa. Se algum dia houver uma rede ibérica de alta Velocidade, esta terá que obedecer necessariamente ao 'standard' internacional conhecido por UIC, popularizado pela designação 'bitola europeia'. O centro de controlo da qualidade da prestação deste novo serviço de transportes de pessoas e mercadorias, a começar pela sua rentabilidade e pontualidade, estará inevitavelmente em Atocha (Madrid). E mais, como Portugal se atrasou e boicotou os acordos assinados nas famosas Cimeiras Ibéricas, serão os portugueses a arcar com os custos inoportunos da sua eventual ligação atrasada à rede europeia UIC: Alta Velocidade para passageiros (velocidades entre 200 e 350 Km/h), e o transporte internacional de mercadorias no espaço europeu sem as roturas de carga que Pedro Nuno Santos e os técnicos vendidos que o assessoram defendem. Estes imbecis ainda não perceberam que já não mandam nada!
Sobre as bravatas do rapaz do calçado que gosta de Porsches...
Uma cruzada anti-espanhola, é o que alguns propõem para distrair o povo manso e entalar Governo e Belém...
Seria uma cruzada obviamente ridícula, sabendo-se que são os portugueses, e em especial as suas elites, que têm desbaratado o nosso capital à velocidade da luz.
Quando os tugas governamentais começaram a fazer cangochas nas cimeiras em volta do "TGV", um arquiteto espanhol (de Valladolid) meu amigo, e que há mais de duas décadas trabalha no nosso país, disse-me, António, a política ferroviária espanhola não muda com cada ministro ou governo que entra em funções. Temos uma instância técnica sólida que trata do assunto. Confrontada com as bizarrias dos políticos portugueses, ignorantes, frívolos e corruptos (os adjetivos são meus), os meus conterrâneos estão a redesenhar a rede ao longo da fronteira com Portugal, por forma a que funcione segundo o seu plano e planificação, ligando-se, ou não, a Portugal. Os portugueses quando acordarem, se chegarem a acordar (digo eu), terão que pagar todos os custos de uma eventual ligação ferroviária à rede UIC espanhola, que correrão de um e outro lado das fronteiras...
O porto de Sines (também neste assunto o governo só tem mentido e feito propaganda barata, com a conivência da indigente imprensa que temos), coitado, ficará a ver navios perante a gigantesca infraestrutura aeroportuária, portuária e ferroviária que a Espanha desenvolveu para o século 21. Só terminais portuários para LNG têm seis!
Não sei se já repararam até que ponto temos vindo a alienar os nossos recursos estratégicos — dos materiais aos humanos — desde que o Guterres e o Barroso se piraram do pântano. Ambos viram, creio, a porta do buraco negro de que fugiram a sete pés...
Os portos de mar, em mãos turcas. A energia (e as bacias hidrográficas), nas unhas de chineses, americanos, italianos e franceses. Os aeroportos e as pontes a sul da Vasco da Gama, ao colo dos franceses e dos petrodólares do Qatar. Dezenas de empresas de águas e saneamento entregues a empresas, e sobretudo a fundos especulativos, chineses, franceses, japoneses, ingleses e israelitas. Os metais raros são, em boa parte, controlados pelos ingleses. Os bancos e seguros falidos foram entregues a espanhóis, chineses e americanos. Há muito que não revejo esta lista trágica, mas a direção da alienação do país não mudou. Portugal, como qualquer país do terceiro mundo sobre endividado, entrou num ciclo de demência política do qual dificilmente conseguirá sair. Estamos a caminho duma espécie de Haiti. Conhecem?
Nesta semana que levo de passagem por Portugal, impressiona-me o estado de degradação das nossas infraestruturas de transporte, nomeadamente ferroviário (tenho andado de comboio e metro...). A gente que a sofre não entende sequer o estado de indigência para onde foi empurrada ao longo das últimas duas décadas pela elite indolente que tem vindo a desbaratar o país. O fim inglório e abrupto de um comboio de luxo na desamparada linha do Douro — chamado The Presidential — é ilustrativo da caricatura de país a que chegámos...
Impressiona-me, cada vez mais, o modo cobarde como o SNS tem vindo a ser demolido pela esquerda corrupta que destruiu o país —e que o diz defender, claro! A própria saúde privada, sem capital próprio para competir, e sob os ataques ideológicos constantes da esquerda corrupta, tem vindo a sucumbir às investidas dos fundos especulativos e dos grandes grupos europeus, chineses e norte-americanos envolvidos nesta grande indústria. Os setores avançados de diagnóstico, cirurgia robótica e medicinas molecular e genética, não só estão progressivamente fora do perímetro de ação do SNS, como até dos grupos privados de saúde onde o capital maioritário (e as dívidas) ainda são portuguesas.
Tudo somado, volto a insistir, se e quando deixarmos de ter a mão protetora do BCE e de Bruxelas amparando a nossa desgraçada democracia, mantendo à tona uma elite política corrompida até ao tutano, além de ignorante e desmiolada, o que já hoje é um país cada vez mais pobre, será em breve um país à beira duma grande convulsão civil. O regime, como tem vindo a ruir, não resistirá muito mais tempo. Não, não será salvo pelo turismo que está a tornar as principais cidades portuguesas cada vez mais inóspitas e insuportavelmente caras—da habitação ao supermercado.
Adiamento no perdão à divida da CP pode deixar nova linha Porto-Lisboa logo em 2028 nas mãos da Renfe, que tem comboios em bitola ibérica que podem circular a 300 km/h.