31/01/2025
Presidentes do Ruanda e RSA trocam acusações
O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, acusa o seu homólogo sul africano, Cyril Ramaphosa, de mentiras e de distorcer o teor da conversa mantida entre os dois, na semana passada, em volta da situação militar na República Democrática do Congo. Kagame afirma que Ramaphosa nunca deu nenhum aviso ao Ruanda para abandonar a RDC.
A troca de acusações entre os Presidente do Ruanda, Paul Kagame, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em volta da situação militar no leste da República Democrática de Congo está a conhecer contornos alarmantes.
Numa troca de acusações que acontece na rede social X, o Estadista Ruandes acusa Ramaphosa de distorcer e mentir sobre o conteúdo da conversa mantida entre os dois, na semana passada.
Kagame, afirma que a Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral na República Democrática do Congo, composta por África do sul, Malawi, Tanzânia e forças da ONU, não tem o objectivo de manter a paz, mas sim intensificar o conflito.
“Ele também está lá a fingir estar a desempenhar um papel de pacificador e tem uma força que tem lutado ao lado da FARDC (Forças Armadas da República Democrática do Congo) e tem lutado contra o M23 sob instruções de Tshisekedi, porque estas são pessoas que não deveriam estar no Congo, o M23 não é composto por ruandeses”, escreveu Kagame no X.
Sobre o suposto aviso dado pela África do Sul ao Ruanda no sentido de abandonar o apoio ao M23, Kagame esclarece: “E a África do Sul ousa até fazer ameaças sobre o que, provavelmente, acontecerá depois disso e assim por diante. É claro que veremos de quais ameaças eles estão a falar. Talvez devessem ter feito exactamente aquilo para o qual têm emitido ameaças para limpar a confusão no leste do Congo ou para lutar contra aqueles que têm tentado limpar a bagunça”.
Num momento em que o continente e o mundo buscam soluções urgentes para um cessar-fogo na RDC, Ruanda descredibiliza o esforço Sul Africano.
“Se a África do Sul quiser contribuir para soluções pacíficas, isso é muito bom, mas não está em posição de assumir o papel de pacificador ou mediador. E se a África do Sul preferir o confronto, o Ruanda irá lidar com o assunto nesse contexto a qualquer momento”, lê-se na rede social de Paul Kagame.
Por sua vez, Ramaphosa disse, na tarde desta quarta-feira, que os seus militares estão no Congo em missão de paz. “As coisas estão relativamente calmas no momento e nossos soldados também estão em um local seguro, então é isso que podemos dizer no momento. Falei com alguns dos líderes mais cedo, falei novamente com o Presidente Kagame nesta manhã, e estamos a insistir que um cessar-fogo deve ser mantido, então é aí que está o progresso”.
No contexto da guerra na República Democrática do Congo, 17 pessoas foram mortas nos últimos três dias, após o grupo Movimento 23 de Março tomar a cidade de Goma.