21/08/2022
\\ A MULHER DO LAGO //
CAPÍTULO 4 [ 2ª TEMPORADA ]
Boa leitura
Edson conseguiu chegar até a paróquia no centro da cidade. Dificilmente f**a fechada, então entrou e procurou qualquer alma viva para perguntar sobre o padre Miguel.
A igreja parecia silenciosa demais. Algo que indirectamente causava arrepios. Para piorar, um velho aparece no meio do nada tocando o ombro do Edson levando-o ao delírio quase saindo correndo daí.
— o que procura meu jovem? — disse o velho.
— p***a!! Cuidado, ainda me mata de susto.
— controla a língua rapaz, já reparou no lugar em que se encontra?
— me desculpa, eu peço desculpa. Mas como vai aparecer assim do nada como se fosse um fantasma? Eu estou a procura do padre Miguel.
— por que quer encontrar o Padre Miguel?
Edson ficou um tempo calado tentado raciocinar se é saudável contar a verdade ou melhor arrumar uma mentira.
— eu quero me confessar. É isso, quero me confessar. Faz um bom tempo que não me confesso e hoje algo tocou em mim e disse... Edson, você precisa se confessar.
— tem muitos padres aqui para poder confessar. O padre Miguel está indisponível de momento.
— mas eu quero mesmo o padre Miguel. Eu sempre me confesso com o padre Miguel e hoje quero que seja com ele. Por favor, vá chamá-lo, é urgente.
— o padre Miguel se afastou da igreja faz alguns anos. Se é realmente da cidade já deve ter ouvido sobre o que aconteceu e que levou o padre a ser afastado.
— Eu fiquei fora da cidade por muito tempo. Pode por favor me dizer onde encontro o padre Miguel?
O mais velho guiou o Edson até fora da igreja e indicou onde ele devia andar e perguntar pelo padre Miguel. Edson mais uma vez começou a caminhar procurando a casa do padre Miguel.
Depois de percorrer vários caminhos e bater em muitas portas, finalmente bateu na porta certa. Edson estava de cara com o ex padre Miguel.
— Eu procuro o Padre. Padre Miguel — disse Edson olhando na figura do senhor a sua frente que tinha um ar de nervoso.
— o que você quer com esse padre Miguel?
Edson olhou para o interior da casa aproveitando o ângulo que possibilitou uma pequena visão, ai viu muitos crucifixos pendurados na parede e um pequeno altar caseiro.
— Eu preciso falar com o senhor. Quer dizer, falar e pedir sua ajuda. É um caso muito sério e me indicaram o senhor.
— Não conheço padre nenhum aqui. Por favor se retire.
— por favor, eu sei que é você. Se calhar já ouviu falar dos desaparecimentos e sobre os monstros no lago. O senhor já enfrentou aquela coisa uma vez e venceu, eu sei.
De repente, sem nenhuma explicação, o padre fechou a porta na cara do Edson e deixou ele fora com a chuva toda caindo sobre ele ainda.
— Por favor, eu preciso da sua ajuda, a minha família precisa e meus amigos. — Edson batia na porta aos choros mas o padre não abria. — Eu não sei o que aconteceu para se afastar, mas não pode fugir daquilo que você é, por favor me escute.
Edson ficou a noite inteira a tentar uma resposta do padre mas nenhum sinal. Dois dias depois, o padre abriu a porta e Edson ainda estava aí sentado na porta dele todo fraco com fome e cede quase morrendo. O padre arrastou ele para dentro, o seu de comer e beber. A noite, Edson já estava recuperado depois de longas horas de sono.
Por longos minutos, o padre e Edson f**aram a olhar um para o outro. Era como se tudo estivesse explicado e o padre só tinha que dizer o qual era sua decisão. Porém, Edson temia por uma resposta negativa, algo que foi inevitável.
— não. — disse o padre de uma vez só. — Não e não. Eu fui afastado da igreja e não posso fazer isso de novo. Você é só uma criança e devia ser o menos indicado a procurar solução, já que os senhores dessa cidade parecem não acreditar naquilo que está por baixo dos seus narizes.
— senhores? — perguntou Edson. — você faz parte desses velhos sem juízo. O que a Igreja tem a ver com aquilo que vem a ser o cumprimento do seu chamado? A igreja te fez o homem o que é?
— claro. Parte do que sou sim. Ninguém cresce olhando-se ao espelho. A igreja tem limites e eu não sou ninguém fazer o contrário. Exorcismo não é uma brincadeira, e chega a ser bem pior do que tem ouvido. É preciso procedimentos e aprovação, não só da igreja mas das famílias e tem que ter um comprovativo que descarta qualquer índice que possa ser causado por coisas naturais. Os possuídos devem passar por sérias análises psicológicas e só depois... Só depois. O exorcismo tem que ser o último meio de restauração.
— você quer levar um psicólogo para conversar com aquela coisa? Você já viu e enfrentou. Não levou um psicólogo porquê?
— aquilo foi muito diferente, pois era uma fase inicial. Eu nunca vi de perto a verdadeira origem que você mais pessoas falam. Antes de me procurar, você devia saber o que é essa coisa de exorcismo.
— o perito na área é você. Me explique. Talvez eu vá naquele lago outra vez sem a sua ajuda. Alguém tem que demonstrar coragem nessa cidade de velhos estúpidos e ignorantes.
O padre olhou no Edson e sorriu. Sentou e começou a falar.
— o exorcismo. O que bem a ser isso ? Eu posso resumir para você. É o ritual executado por uma pessoa devidamente autorizada ( espero que compreenda essa parte ) para expulsar espíritos malignos (ou demónios) de outra pessoa que está num estado de possessão demoníaca. Pode também designar o ato de expulsar demônios por intermédio de rezas e esconjuros (imprecações).
— eu não quero p***a de conceito, eu quero a prática. Eu não vou enfrentar aquela coisa com uma definição, eu quero saber como se faz.
— Você lembra do acto de contrição? — o padre olhou firme no Edson e o mesmo desviou o olhar. — Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido e... — o padre deu uma pausa dando espaço para Edson continuar mas ele simplesmente se manteve calado. — imaginei. é desse jeito que quer receber o poder de Deus? Vai para casa e fique descansado. Todo mal acaba tarde ou cedo e as autoridades vão saber lidar com o que está por vir. Agora vai filho.
Edson olhou no padre e demonstrou seu descontentamento mexendo a cabeça. Caminhou em direção a porta, abriu e foi embora. O padre fechou os olhos ao ouvir a porta se fechar e respirou fundo.
Edson não voltou na casa do velho Samuel. Ele procurou o Seba, o jovem que perdeu seu amigo no lago recentemente e espalhou por toda a cidade. Encontrou ele num dos bares da cidade e atraiu ele para fora.
— eu conheço você. — disse Seba com uma garrafa de cerveja na mão. — e eu não estou bêbado porque até na parede deste bar tem sua foto colada. Antes de tudo, quero que saiba que acredito em você. Eu vou te contar um segredo. — Seba baixou no ouvido do Edson e disse baixinho. — eu estava lá na floresta e vi aquela coisa. Era igual a que você contou e ninguém acreditou.
Edson afastou ele devido o bafo de cerveja.
— segredo. Você contou isso para todo mundo e diz que é um segredo? Olha, eu preciso de ajuda. Eu já consegui ferir aquela coisa uma vez e posso fazer de novo. Só preciso de pessoas assim como você que acreditam em mim por terem visto o que eu vi. Olha, não é impossível.
Seba olhou no Edson e começou a gargalhar. A gargalhada foi intensa até que ele viu a seriedade do Edson.
— Vai p'ra m***a rapaz, vai morrer sozinho. Eu não volto naquele lugar nem morto.
— pensa na causa. Se ninguém impedir aquela coisa de crescer, eles serão muitos e vão chegar na cidade um dia. Já há rumores de que um grupo de jovens sumiu há dois dias. Nós podemos ser famosos e receber mérito. Nós não vamos lá matar todos, só vamos capturar uma daquelas coisas e trazer aqui. Aí vão acreditar em nós.
— eu é que bebo mas quem fala besteira é você. Sabe é tipo como? Eu não quero ser famoso. Vida cuia muito, eu estou fora.
Seba deu as costas no Edson e voltava a entrar no bar até que ouviu Edson a falar.
— tem um jeito de recuperar o seu amigo. Eu prometo a você, tem um jeito. Por favor confia em mim. Eu perdi a minha irmã mais velha e minha avó naquele lago. Eu posso ir até lá sozinho, mas não terei como carregar aquela coisa sozinho. Por favor, me ajude.
Seba olhou pro Edson, naquela carinha e nas lágrimas caindo daqueles olhos e jogou a garrafa no chão.
***
Lá no lago, Paulo e Marcelo ainda lutavam para sair daquele buraco. Já foram várias tentativas, mas as paredes estavam escorregadios. A fome e cede deixa eles fraco. Não sabiam o que aconteceu com seus amigos, pois não ouviram nenhum grito nesse tempo todo e não foram visitados pelos monstros naquele buraco.
O sol começou a brilhar e os dois viram-se rodeados de moscas. Era moscas p'ra todo lado e dificultava a visibilidade. Foi nessa hora que Edson e Seba entravam no interior da floresta no outro lado do lago com lanças, gasolina, fósforo e correntes pesadas. Eles estavam prontos para uma caçada, mesmo sabendo que podem acabar mortos.
CONTINUA