24/07/2024
A Cidade de Maputo acolheu no passado dia 18 de Julho, a Cimeira Nacional da Juventude - Paz e Segurança: Dialogo sobre a Agenda de Paz e Perspectiva de Liderança da Juventude, com o lema "Dialogo da Juventude para prevenção de conflitos, construção e consolidação da paz em Moçambique", uma iniciativa da Organização para a promoção da paz e Desenvolvimento Humanitário.
O evento, que contou com cerca de 153 participantes, representantes de todos os extratos da sociedade, contou com 10 delegados pacificadores vindos de todas as provinciais do país, que sugeriram caminhos para a construção da paz e inclusão da juventude na criação de uma agenda da paz e segurança.
Na ocasião, o Director executivo da ORPHAD, Argentino Vatiua, defendeu que "Se o país tivesse uma agenda nacional com um denominador comum em termos de mensagens, será um passo importante para que cada actor possa se orientar em função dessa mesma base”.
Por seu turno, o Primeiro Ministro, Adriano Maleiane em representação do Presidente da República, concorda igualmente com a inclusão de todos, com destaque para a juventude, na manutenção da paz no país. "É fundamental que cada moçambicano promova e implemente acções conducentes a manutenção da paz e reconciliação nacional, disse Maleane.
Já o Reitor da Universidade Pedagógica (UP), Jorge Ferrão fazendo a abertura do primeiro painel, argumentou que “A construção da paz não é só fazer reunião ou manifestação, é preciso pegar todas as oportunidades, tecnologias e fazer a mudança”.
A mesma visão é sustentada pela activista e representante do Observatório das Mulheres Quitéria Guirrengane que defende a necessidade de implementação de uma abordagem multifacetada que olha para os jovens como agentes da paz. "A abordagem multifacetada que me refiro é a valorização de saberes locais, auscultação e diálogo, responsabilização e fim a impunidade".
O uso consciente das tecnologias como instrumento pacificador é uma das propostas para a manutenção da paz e coesão social defendida pelo representante da Plataforma Link Digital, Cristene António que refere que "As plataformas digitais podem ser usadas como um espaço de comunicação e ativismo que produzem matérias de paz”.
Já o jovem activista, Dario Camal afirma que as taxas de desemprego continuam altas o que pode gerar frustração e desilusão na Juventude. Defendendo, assim, a participação política e social da Juventude como um meio caminho para paz. “Falam muitas vezes aos jovens, sobre os jovens, mas não falam com os jovens para saber sobre os jovens”, disse Dário Camal.
O representante da Plataforma Eleitoral Decide, Wilker Dias defende que para “A construção da paz é necessário um espírito de nacionalismo. Resgatar o espírito de pertença que Moçambique é de todos nós. Esse é o meio caminho andando para construir a paz. O outro caminho é a credibilização das eleições, para isso deve incluir a juventude nos organismos de eleições como a CNE e o mesmo jovem ter palavra. É preciso desconstruir o conceito maioria no âmbito de tomadas de decisão, para que haja uma coesão maior”.
É da opinião do Líder da juventude do partido Nova Democracia, Armando Mahumana que “A paz será construída por meio de um diálogo e um debate em que todas forças da sociedade participarão da mesma, sem descriminação, para termos uma compreensão clara sobre qual é o nosso pensamento sobre paz, segurança, estabilidade e desenvolvimento”.
O Líder da Liga Juvenil da Renamo, Ivan Mazanga defendeu que “A paz positiva deve substituir a repreensão pela liberdade, a exploração pela equidade, reforçando-as com o diálogo, invés da imposição, integração ao invés da segmentação, solidariedade, invés da fragmentação, participação em vez da marginalização”.
Enquanto o secretário-geral da Organização da Juventude Moçambicano, Silva Livone acredita que “O caminho para construção da paz é a criação de condições para o bem-estar de todos, principalmente da juventude. E que as barreiras políticas e económicas só, não podem tirar o prestígio de amor ao próximo ou ao cidadão. E que o conflito não pode começar por mim, por isso devemos ser tolerantes".
O escritor e activista securitario, Hélder Mutemba sugere que “É necessário transformar a questão de segurança em valor social e, é preciso criar formação de moderadores na comunidade em questões securitárias. E que o tratamento dos assuntos de segurança devem ser discutidos localmente, pois são elementos imprescindíveis para garantir a paz”.
A académica e cientista política, Egna Sidumo, defende que é preciso que se discuta com a juventude sobre os processos de Paz. “Deve se tornar conhecidas as pessoas ou estrutura que compõe o Conselho de Estado e o Conselho de Segurança para saber a quem devemos direcionar as nossas petições quando temos problemas sérios de segurança no país".
O Vice-Presidente do Conselho Nacional da Juventude, Constantino Andre diz que “O caminho para paz é aceitarmos as diferenças de cada um no nosso dia-a-dia”, já a cientista política Géssica Macamo, em sua intervenção falou do preço a pagar pela paz onde afirmou que “A paz tem um preço, e o preço da paz é o diálogo, é a inclusão. Enquanto a sociedade ou o governo não estiverem abertos para dialogar de forma constante, redistribuir riqueza de forma constante, entender que desenvolvimento é garantir que a maior parte da população que é jovem, sinta-se integrada na sociedade, estaremos sempre em contexto de conflito”.
O Presidente do Parlamento Juvenil de Moçambique, David Fardo entende que “Há necessidade de auscultação permanente dos jovens líderes, movimentos associativos e sector privado, sobre quaisquer acções de base, assim como maior comprometimento dos mais diversificados sectores do estado em relação às metas, objectivos e visão dessas políticas”.
Enquanto uns defendem que o estado deve incluir a juventude, a activista dos Direitos Humanos, Iveth Mafundza, fala de uma juventude que deve lutar para conquistar o seu espaço. "A juventude deve se posicionar e construir um manifesto com as suas aspirações sobre a paz e a sua inclusão nestes processos. E não ousem deixar para depois, caros jovens, este é o momento”.
Ester Pedro Uamba, do Conselho Das Religiões de Moçambique defende que “Devem ser criadas plataformas para juventude discutir paz, mas, é importante chamar Deus que é o detentor da paz”.
Um diálogo de jovens para jovens, contou com a intervenção desses actores que de igual modo deixaram ficar suas percepções sobre a paz e quais os caminhos a se percorrer para o alcance da mesma.
Na lente social de Estrela Charles, representante do FDC, o cidadão deve agir para conseguir um espaço de opinião e que "Uma forma de ter espaço nos debates é participar alguma associação ou Observatório, fazer alguma acção".
A representante da AISEC, Abida Mendes defende que "Alcançar a segurança alimentar seria um grande passo para podermos alcançar a paz". Já a activista Roda Mondlane afirma que “A ausência da paz e a presença da mesma é questão de governação”.
Equanto Luísa Bonjice que propõe o cultivo de uma educação voltada a paz onde afirma que “Não tem como falar de paz sem segurança, nem falar de segurança sem paz. Nós como jovens não queremos uma paz que seja intervalo entre guerras, porque sempre fomos exemplo de liderança democrática a nível internacional e nós gostávamos de manter esse dinamismo em diante.É necessário introduzir o conceito paz nas escolas e não só ensinar sobre as guerras, para que desde a base as crianças consigam resolver os seus conflitos”.
Em jeito de fim, a classe artística visualiza um futuro com o país mudado, como é o caso do jovem e Rapper Cardoso, mais conhecido como MC Chamboco que disse que: “Espero que Moçambique vire um estado em que a polícia não esteja armada, porque as armas são instrumentos que tiram vidas e desestabilizam”, em termos estruturais o Rapper Epaitxoss- One Epaitxoss – One "Sugiro uma Organização da Juventude Moçambicana apartidária”.