24/08/2021
“Muito para além das sentenças que o tribunal vier a decretar, no chamado “caso das dívidas ocultas”, é o sistema de governação de Moçambique a ser julgado”
O julgamento do “processo das dívidas ocultas”, iniciado no dia 23 de Agosto em Maputo, vai produzir um impacto extremamente forte, na consciência política dos moçambicanos, renovando profundos questionamentos sobre como o seu país tem sido governado.
Inevitável e compreensivamente, o julgamento deste mega processo judicial vai acordar, entre os moçambicanos, aqueles sentimentos, primeiro de estupefação, de incredulidade, que tiveram, em 2016, quando as primeiras notícias chegaram ao seu conhecimento, ainda revelando, apenas, o calote resultante do negócio da EMATUM.
Sim, primeiro ficamos todos incrédulos; não queríamos acreditar que tais notícias, divulgadas por um jornal americano, constituíssem verdade. Porque não cabia, na nossa consciência, a ideia de que os nossos governantes, aqueles que, com os nossos votos, confiamos a gestão dos negócios da Nação, nos tivessem, tão vilmente, traído, abusando dessa mesma confiança, que neles havíamos depositado.
Da incredulidade, os sentimentos dos moçambicanos haveriam, rapidamente, de passar para um nível ainda mais doloroso: o da revolta, senão mesmo do asco, quando, nos meses seguintes o quadro, de cinzento, passou a preto, com a revelação de mais dívidas, contraídas para a criação de outras duas empresas, de sustentabilidade duvidosa, à nascença: a MAM e a Proindicus!
E quando o véu da tramolhada é finalmente levantado, de novo por fontes externas, os moçambicanos dão-se, então, conta da profundidade do abismo: afinal, em 2013, banqueiros europeus, empresários baseados no Medio Oriente, políticos e altos funcionários do Estado moçambicano, tinham conspirado para estruturar um empréstimo de mais de dois mil milhões de dólares americanos! O governo moçambicano urdira tamanho conluio ao arrepio mais estridente da Constituição da República, reduzindo-a mero conjunto folhas de papel, desprezíveis.
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24 Ago 2021 Para além das sentenças…a Nação precisa de conversar! “Muito para além das sentenças que o tribunal vier a decretar, no chamado “caso das dívidas ocultas”, é o sistema de governação de Moçambique a ser julgado” O julgamento do “processo das dívidas ocultas”, ini...