
22/02/2025
Movimentos Juvenis Partidários e Cientistas Políticos apresentam propostas para Gestão de Conflitos e Cultivo de Esperança pela Paz, Reparação e Reconciliação Nacional
Realizou-se nesta Sexta-feira (21) a Conferência Nacional de Auscultação dos Movimentos Juvenis Partidários e Cientistas Políticos, promovida pela Organização para Promoção da Paz e Desenvolvimento Humanitário (ORPHAD) em parceria com o Fórum Juventude, Paz e Segurança. O evento faz parte de um ciclo de oito conferências nacionais setoriais, com foco na gestão de conflitos e no cultivo da esperança pela paz, segurança, reparação e reconciliação nacional, sob o lema: "Caminho para a Cúpula Juvenil pela Paz e Reconciliação Nacional em Moçambique".
A conferência, que marca o quinto dia do movimento, contou com a participação de 126 pessoas, incluindo representantes de movimentos juvenis, partidários e de diversas correntes políticas do país.
O evento iniciou com um debate acalorado, acompanhado de uma análise da situação político-partidária em Moçambique. O primeiro painel abordou o papel dos movimentos juvenis partidários e dos cientistas políticos na gestão de causas e soluções para conflitos, bem como na reparação do tecido social em Moçambique. Os participantes reconheceram os desafios enfrentados e os esforços das partes políticas na consolidação da democracia e na promoção da coesão do multi-partidarismo. Eles enfatizaram a importância de adaptar as experiências do passado à nova realidade, reconhecendo que o Moçambique de hoje é diferente do de tempos anteriores e que a juventude actual possui suas próprias características e necessidades.
Os oradores destacaram a necessidade de que o governo e os partidos políticos reconheçam a juventude como um pilar fundamental para a mudança, ressaltando que, muitas vezes, essa juventude é relegada a um papel secundário. A paz, segundo os participantes, deve ser centrada nas pessoas, enquanto a reconciliação visa restaurar a coesão social e estabelecer a concórdia.
Como soluções concretas, foram propostas a implementação de iniciativas de paz que incluam todos os atores como participantes válidos, a promoção de abordagens multifacetadas e uma visão comum, o combate à intolerância política e às rivalidades partidárias. Os painelistas enfatizaram a importância de envolver os jovens nos espaços de tomada de decisão e de esclarecer os conceitos de paz, desenvolvimento, liderança, solidariedade, empatia, diálogo e reconciliação.
No segundo ciclo de debates, os oradores discutiram "Caminhos Sustentáveis para o Cultivo de Esperança pela Paz Duradoura e Prosperidade das Gerações", além da animação de um mecanismo nacional de aviso prévio e gestão de conflitos em Moçambique. Os participantes abordaram os problemas económicos, sociais, políticos e legais que o país enfrenta, bem como a crescente descredibilização das instituições públicas, especialmente os órgãos de gestão e administração eleitoral. Como propostas, os painelistas destacaram o diálogo como o caminho para a harmonia, a descentralização de poderes, reformas legislativas, a despartidarização das instituições do Estado e a construção de uma agenda coletiva que envolva todos os setores da sociedade.
O último painel do dia focou nas propostas para uma "Agenda de Paz, Segurança e Reconciliação Nacional Eficaz em Moçambique". Os oradores reiteraram a necessidade de reformas nas instituições públicas, especialmente nas que gerenciam e administram as eleições, que têm sido uma fonte significativa de conflitos pós-eleitorais. Eles advogaram por um modelo independente e transparente de gestão eleitoral, autonomia para os órgãos judiciais e a criação de plataformas de diálogo que promovam a transição e a descentralização de políticas.
Os participantes da conferência concordaram que Moçambique é um país dos moçambicanos e para os moçambicanos. Os partidos políticos têm um papel fundamental na promoção da coesão e devem investir no fortalecimento de uma cultura de diálogo interpartidário, na formação de parcerias e sinergias, além de defender causas sociais sem hipotecar o bem comum em favor de interesses individuais. É essencial valorizar a moçambicanidade e o espírito patriótico, em vez de enaltecer somente a cor partidária, o que pode comprometer o ambiente de paz e coesão.