01/12/2024
Até Onde Vamos?
Por Assane Júnior
Até onde vamos, nós, os alunos da 6ª classe, a realizar exames em condições tão precárias? Neste dia 25 de novembro de 2024, fomos mais uma vez forçados a sentar no chão, em salas improvisadas, sem o mínimo de estrutura necessária para a realização de provas tão importantes para o nosso futuro. Será que, em meio a esse caos, podemos esperar tirar notas dignas de 20 valores?
A culpa será nossa, dos estudantes, por não conseguirmos superar as dificuldades impostas? Será que a responsabilidade recai sobre nós, que lutamos contra uma educação que parece estar à deriva? Ou será que estamos apenas colhendo os frutos amargos de uma gestão falha, que ignora as necessidades de quem, de fato, pode transformar o país?
É difícil não perceber que, apesar do imenso potencial de Moçambique e da riqueza de seus recursos naturais, ainda estamos à mercê de uma realidade que nega o mínimo para o desenvolvimento. O dinheiro que sai de Moçambique, gerado pela exploração desses recursos, parece não voltar em forma de melhorias para a educação, saúde ou infraestrutura. E quando volta, muitas vezes chega tarde demais, ou simplesmente não chega. A transparência, que deveria ser uma exigência, permanece distante, quase uma utopia.
Por que precisamos continuar a viver nessas condições? Por que o futuro das nossas crianças e jovens é negligenciado, quando o que mais se fala é o crescimento econômico e as grandes promessas? Até onde vamos, enquanto o dinheiro escorre por entre os dedos de quem deveria investir em nossa educação?
A indignação é grande, mas a esperança, por mais tênue que seja, persiste. Acreditamos que, apesar dos desafios, há uma geração de jovens que não se contenta com a mediocridade e que, em algum momento, exigirá mudanças. A pergunta que ecoa é simples, mas essencial: até onde vamos?