23/04/2022
Communiqué sur les "fermetures préventives" d'universités en France
*Versão em português abaixo*
En tant qu’association de promotion et de diffusion de la recherche, ARBRE est profondément attachée aux libertés académiques ainsi qu’à la défense d’une université et d’une recherche publiques de qualité, accessibles à tou.te.s et ayant un rôle à jouer dans la Cité.
Depuis 2016, ARBRE s’est mobilisée, par divers biais (communiqués, événements scientifiques, etc.) pour dénoncer les attaques incessantes des gouvernements Temer puis Bolsonaro à l’encontre des institutions et personnels de l’enseignement supérieur et de la recherche au Brésil. L’entreprise de démolition et de démoralisation continue et protéiforme que subit le monde académique brésilien vise, depuis 5 ans, non seulement à livrer la recherche et l’enseignement supérieur aux intérêts privés, mais est aussi le reflet d’une idéologie pour laquelle la liberté (notamment celle de penser) et la culture constituent une menace.
Si les situations brésilienne et française ne sont pas équivalentes, nous assistons en France, depuis 2018 et l’annonce du plan « Bienvenue en France » (qui multiplie par 10 voire par 15 les frais d’inscription pour les étudiants étrangers hors Union Européenne), à une conjonction inquiétante de réformes fragilisant et précarisant les personnels de l’enseignement supérieur et de la recherche (la loi de Programmation annuelle de la Recherche, votée en octobre 2020 malgré une large opposition des milieux universitaires), détruisant les statuts des enseignants-chercheurs, et d’attaques idéologiques sous les bannières de « l’islamo-gauchisme » et du « wokisme ». Ces accusations ont notamment été portées par les ministres de l’Éducation nationale et de l’Enseignement supérieur et de la Recherche.
Depuis 10 jours, alors que la France vit un entre-deux-tours des élections présidentielles qui montre à quel point l’extrême-droite est désormais une composante majeure du paysage politique français, se sont succédées les « fermetures préventives » d’établissements universitaires. La raison invoquée est la crainte de débordements, comme il y a pu en avoir lors de l’occupation de la Sorbonne les 14 et 15 avril. La dernière fermeture en date est celle du Campus Condorcet, dédié aux sciences humaines et sociales. Personnels et étudiant.e.s ont été sommés d’évacuer les bâtiments en 20 minutes et le campus restera fermé jusqu’à dimanche soir. La décision fait suite à la demande des « pouvoirs publics ». Ces fermetures sont une étape supplémentaire dans la diabolisation des universités publiques en général et des sciences humaines et sociales en particulier.
Les universités ont fait ces dernières années l'objet d'attaques incessantes contre leurs missions de service public et leur indépendance. La politique de fermeture systématique des établissements où naissent des mobilisations contribue à cette mise au pas, privant les personnels comme les étudiant.e.s, non seulement de leur lieu de travail et d’études, mais d’un espace d’échange, de débat, de discussion plus que jamais nécessaires.
L’Association pour la Recherche sur le Brésil en Europe exprime donc sa solidarité avec les universitaires et les étudiant.e.s concerné.e.s par cette atteinte aux libertés académiques à l’heure où, plus que jamais, les universités doivent continuer à jouer un rôle dans l’exercice de la démocratie.
-- Comunicado --
Enquanto associação dedicada à promoção e à divulgação de pesquisas, a ARBRE defende as liberdades acadêmicas e uma universidade e uma pesquisa pública, de qualidade, acessíveis a todXs e que desempenhe um papel na sociedade. Desde 2016, a ARBRE tem se mobilizado, por diversos meios (comunicados de imprensa, eventos científicos, etc.) para denunciar os ataques implacáveis dos governos Temer e depois Bolsonaro às instituições e trabalhadorXs do ensino superior e da pesquisa no Brasil. A demolição e a desmoralização contínua e pluriforma que o mundo acadêmico brasileiro vem sofrendo nos últimos 5 anos, não visa apenas entregar a pesquisa e o ensino superior aos interesses privados. Ela é também o reflexo de uma ideologia para a qual a liberdade (especialmente a liberdade de pensar) e a cultura são ameaças.
Se as situações brasileira e francesa não são equivalentes, desde 2018 e o anúncio do plano "Bem-vindo à França" (que multiplica por 10 ou mesmo por 15 os custos de matrícula para estudantes estrangeiros de fora da União Européia), observamos na França uma preocupante conjunção de reformas que enfraquecem e tornam Xs trabalhadorXs do ensino superior e da pesquisa mais precáriXs. Um exemplo é a Lei de Programação da Pesquisa anual, votada em outubro de 2020 apesar da oposição generalizada do meio acadêmico. Essas iniciativas que visam acabar com a estabilidade dos cargos acadêmicos, foram acompanhadas de ataques ideológicos acusando pesquisadorXs de "islamo-esquerdismo" e de "wokismo". Estas acusações foram feitas pelos Ministros da Educação Nacional e do Ensino Superior e Pesquisa.
Durante os últimos 10 dias nos quais a França vive o período entre os dois turnos das eleições presidenciais (eleições essas que mostraram até que ponto a extrema-direita é agora um componente importante do cenário político francês), houve uma sucessão de "fechamentos preventivos" de universidades. A razão dada foi o medo de manifestações fora do controle, como aconteceu durante a ocupação da Sorbonne nos dias 14 e 15 de abril. O último fechamento (nesta quinta-feira 21 de abril) é o do Campus Condorcet, dedicado às ciências humanas e sociais. FuncionáriXs e estudantes foram ordenadXs a evacuar os edifícios em 20 minutos e o campus permanecerá fechado até domingo à noite. Essa decisão foi tomada a pedido das "autoridades públicas". Estes fechamentos são mais um passo na demonização das universidades públicas e particularmente das ciências humanas e sociais.
Nos últimos anos, as universidades têm sido objeto de ataques incessantes em suas missões de serviço público e em sua autonomia. A política de fechamento sistemático das instituições onde estão ocorrendo mobilizações contribui para este cerco, privando trabalhadorXs e estudantes não apenas dos seus locais de estudo e trabalho, mas também de um espaço de trocas, debates e discussões - que são mais do que nunca necessários. A Associação para a Pesquisa sobre o Brasil na Europa expressa, portanto, sua solidariedade com Xs acadêmicXs e estudantes afetadXs por mais esse ataque à liberdade acadêmica, num momento em que as universidades devem continuar a desempenhar um papel no exercício da democracia.
-- Photo : auteur.E inconnu.E