19/01/2022
–“Muitos líderes começam a dar ordens às pessoas como se elas não fossem mais adultas; ‘você não vai se casar com esta pessoa! ’, ‘você precisa mudar de casa!’.
A autoridade pastoral não pode descer ao detalhamento da vida pessoal: Com quem vou casar? Que proposta de emprego devo aceitar? Devo vender minha casa e comprar um apartamento?”.
Isso está fora do campo de autoridade pastoral, porque esse campo é teológico e ético.
– “Posso descrever para você o que a Bíblia diz sobre como deve ser o caráter do homem com quem você vai se casar. Mas é você quem vai ter de decidir à luz desses critérios”. O que passar disso, diz René Kivitz, configura abuso.
E foi este abuso, que eles chamaram de amor e cuidado, que me custou a família e a saúde.
Enquanto me sentia plena e realizada, por acreditar que estava vivendo “no centro da vontade de Deus”, ao trabalhar na obra, experienciar a palavra de Deus o dia todo, por passar meus finais de semana em congressos evangélicos... por outro lado, em casa, eu era ausente e extremamente ditadora.
Os congressos, cursos e eventos da igreja local e da sede eram todos pagos; por ser obreira da congregação eu era obrigada a participar “para dar exemplo”. Meu salário, na rádio, era abaixo do piso da categoria e eu pagava quatro ingressos para participar, já que ia com meus filhos. Era muito puxado, fora os custos de combustível e alimentação.
Eu era dizimista e ofertante. Todo mês, dez por cento do meu salário retornava ao meu empregador, fora as ofertas em todos os cultos, já que havia um apelo forte neste sentido.
Em meu último ano de rádio, minha situação financeira estava tão complicada que, constrangida, pedi ingressos gratuitos para dois eventos aos quais não poderia faltar. Ninguém podia saber, para que não pedissem gratuidade. A igreja enriquecia e os funcionários empobreciam.
Em meio a um congresso de cinco dias, tive meu carro roubado nas proximidades da igreja, porque não conseguia mais pagar o estacionamento mensal. E de “caroneira”, passei a ser aquela que precisava de carona. Eu e meus filhos chegamos a sair da sede da igreja mais de dez da noite e voltar de trem para casa, algumas vezes, porque todos os carros estavam cheios.
Eu acordava seis horas, trabalhava o dia todo e depois ia para o curso. Era exaustivo chegar em casa uma hora da manhã e dormir pouco.
A cobrança era cada vez maior:
Se você não aprende a visão da igreja, como pode falar em nome da denominação, na rádio? Era preciso decorar e repetir as palavras do líder da igreja.
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