17/04/2022
A Páscoa nunca teve sentido algum além da alegria de procurar ovos de chocolate no quintal da minha avó. Nunca falamos sobre o espírito da Páscoa ou o que esta data simboliza.
Mas desde que a antroposofia entrou na minha vida, me conecto com as épocas do ano de forma muito mais profunda.
Nada religioso ou dogmático, mas uma maneira de sentir o pulsar da vida, da natureza em mim. Em nós.
Essas lagartas, por exemplo.
Temos acompanhado o movimento delas ao longo da semana.
Estão devorando o limoeiro e não sei se ele vai morrer.
Não sei se elas que serão devoradas pelos passarinhos.
Me pareceu até que elas comeram umas às outras.
Não sei o que será.
Eu observo.
Dali, de todo aquele caos, algo bonito vai nascer.
Algo delicado e efêmero vai bater asas e ir embora, talvez tão rápido que eu nem tenha tempo de admirar.
Mas elas estão aí pra me lembrar que a vida continua pulsando, e os insetos, os passarinhos, as folhas caindo, os novos brotos chegando... e o sol iluminando toda essa vida.
Essa observação me lembra como a pausa é importante, ainda que em meio ao caos.
Me faz confiar que tudo se renova.
Que o sol aquece e ilumina os caminhos mais sombrios.
Que existe uma força suprema que rege toda essa cadeia de acontecimentos desde o cosmos até o brotinho da folha de limoeiro.
Me faz escolher ser testemunha da vida. Da vida. Mesmo quando tudo parece se desfazer.
Pra mim esse é o espírito da Páscoa. Essa poesia contada por um amontoado de lagartas no meu jardim. Com um chocolatinho pra adoçar o dia.
Feliz Páscoa! ❣