09/08/2024
20 ANOS DE SAUDADE | Nesta sexta-feira, 9 de agosto, completam-se duas décadas da morte de um dos mais importantes e decisivos personagens de nossa história: Plínio Saraiva.
O sábado era um dia especial na semana dele. Acordava mais cedo, paramentava-se solenemente e ia cumprir parte de um antigo ritual, iniciado aos 13 anos: distribuir “O Taquaryense”. “É meu sacerdócio, uma homenagem à memória de meu pai”, dizia.
Já nonagenário, o filho de Albertino Saraiva não abria mão de entregar de porta em porta parte da edição do jornal, considerado por ele o “irmão mais velho”. A receita para tamanha disposição era tomar o “elixir da longa vida” – um cálice de vinho tinto de garrafão no almoço e outro no jantar.
Plínio acostumou-se desde o berço ao cheiro de tinta e ao barulho do maquinário. Quando nasceu, em 1.º de abril de 1903, as oficinas de “O Taquaryense” eram anexas à residência da família. Ainda garoto, passou a trabalhar com o pai e os irmãos mais velhos na tipografia do jornal, auxiliando nos serviços de composição e impressão.
Em 1947, Saraiva assumiu a gerência de “O Taquaryense”. Escrivão desde 1927, passou a se dividir entre a Exatoria Estadual e o jornal, ao qual se dedicou integralmente a partir de 1969, quando se aposentou. Tocou o barco até os 101 anos. “Sou o Matusalém de Taquari”, brincava.
O culto ao trabalho, afirmava, era herança do pai, seu grande ídolo, cuja obra não alcançaria a longevidade que alcançou sem a dedicação, a perseverança e a obstinação do filho.