25/04/2019
1979 foi um ano especial. A grande banda americana Pink Floyd lançou seu álbum mais famoso, “The wall”. No Brasil, Figueiredo assumiu um país ainda com regime democrático suspenso, mas demorou pouco para sancionar a lei da anistia. Eunice Michiles tornou-se a primeira mulher a ocupar um lugar no Senado Federal. E também foi o ano de fundação da Associação Nacional de Jornais, que nasceu com o objetivo de defender a liberdade de imprensa. Por falar em imprensa, o grande Tolstoi dizia que se quiséssemos ser universais, deveríamos cantar a nossa aldeia. Assim, em maio de 1979 resolvemos cantar a nossa. E ali no pequeno município de Seabra, no coração da Chapada Diamantina, nascia a Tribuna da Chapada.
Circulamos pela primeira vez no dia 30 de maio, com uma edição em formato quatro, seis páginas, composta e impressa na Bahia Artes Gráf**as, em Feira de Santana. Trazíamos nas manchetes principais apenas fotos legendas. A primeira foi “ACM: a esperança de Iovane Guanais”. Em seguida, “Prefeitos querem a pavimentação desta estrada”, com foto da rodovia que ligava Brotas ao município de Ipupiara, atualmente BA 156. E fechando a edição de lançamento, “Seabra, Capital da Chapada”, com uma linda foto do companheiro Edésio Rodrigues.
Apesar dos atropelos da língua e da inexperiência juvenil, tivemos uma aceitação surpreendente na região. O leitor atendeu ao nosso chamado e nos fez alcançar nosso objetivo: fazer chegar mais longe a mensagem reivindicatória de uma das mais promissoras regiões da Bahia, a Chapada Diamantina, até então esquecida dos poderes públicos estaduais.
Nossa redação era um pequeno cômodo na rua Franklin de Queiroz, de propriedade de dona Lindaura Leite. Em pouco tempo, não suportaria mais receber o grande público que diariamente visitava a redação. Seabra, até então, não passava de aglomerado que já despontava para ser o polo regional que é hoje. O apoio do chefe do executivo de então, Iovane Guanais, e da primeira dama, Nog Sena de Oliveira, foi fundamental para a manutenção e circulação dessa folha. O tempo passou e fomos conquistando a região com a divulgação de fatos e acontecimentos nos mais diversos municípios.
Aos 40 anos de circulação ininterrupta, também vimos inovações tecnológicas mudarem a comunicação entre os seres humanos. De telefones de ficha a celulares, tablets, de telegramas à instantaneidade do WhatsApp, estamos vivenciando uma série de mudanças. Diante disso, a Tribuna da Chapada se rende à tecnologia e passa a fazer parte do mundo da internet, lançando sua edição online, visando manter ainda mais bem informada sua legião de leitores da edição impressa.
Queremos registrar nossa gratidão às dezenas de colaboradores diretos e indiretos que acreditaram no nosso empreendimento e usaram nossas páginas para divulgarem seus municípios, através das chamadas promocionais. Nessa lista citamos muitos que já se foram, outros ainda estão vivos e testemunhando o nosso caminhar. Lembramos com muito carinho de: Gutemberg Lima, Iovane Guanais de Oliveira, Salvandy Fernandes Rocha, José Pereira Sampaio, Basílio Silva Passos, Leobino Azevedo Filho, Carlito Medrado, Geraldo do Rosário Chácara, José Xavier Mendes, Getúlio Ribeiro, Alípio Marques, João Batista Luz, Procópio Alencar, José Benicio de Matos, Lourdes Duarte, Carmerindo Pereira, Alcides Rosa, João Moreira Pires, Eliezer Pereira da Silva, Adail Xavier, e Manoel Antônio da Silva Melo, Alípio Fraga de Macedo, Telesphoro Azevedo Filho, Wilson Meira Castro, Paulo Hora de Andrade, Hedilio Brandão Marques, Sebastião Costa, Antônio Betoni, Enock Almeida São Bernardo, Osvaldo Góes, Pacifico Teixeira, Sinval Galvão, Carmelito Barbosa Alves, João Cardoso, João Leonardo da Silva, João da Mala e Josenildo Miguel de Brito. Todos eles in memorian.
Mais recentemente Getúlio Sena Barros, Heraldo Miranda, José Bonifácio, Marcelo Brandão, Fernão Dias de Ramalho Sampaio (in memorian), Luzinar Medeiros, Romulo Carneiro, Edinho Cedro, Ivan Soares, Edson Brito, Pedro Costa, Wilson Paes Andrade, João Lúcio, Dalvio Pina Leite, Hélio Meneses, Cristina Lima, David Ribeiro, Licinha Farias e mais uma infinidade de gestores. Há um político, em especial, que desde a primeira hora acreditou na força da comunicação, especialmente da chamada “imprensa nanica”. Nos referimos ao Dr. Clériston Andrade, então presidente do Baneb, que por uma fatalidade do destino não chegou ao governo do estado, vindo a falecer num acidente aéreo faltando pouco mais de 30 dias para as eleições de 1982. Graças a dr. Clériston, pela primeira vez a imprensa do interior teve vez na publicidade oficial, sem nenhuma burocracia.
40 anos depois, aqui estamos. Conectados com o nosso tempo. Surgida do idealismo de um jornalista de província, a Tribuna da Chapada até hoje é editada, digitada e arte finalizada pelo seu principal diretor, o fundador Everildo Macedo Pedreira(In Memorian). Natural de Macajuba, uma pequena cidade na encosta da Chapada Diamantina, e depois de viver em muitos municípios da Bahia, hoje retornando às suas origens, aos 70 anos de idade Everildo ainda tem muita coisa para contar. Ele é a própria história desse órgão de imprensa. Dentre seus inúmeros filhos, dois deles são seus colaboradores constantes, o publicitário Everildo Pedreira Júnior (50) e a jornalista Carollini Assis (40). Mesmo à distância, como ele afirma, os meninos ajudam na elaboração do velho e novo Tribuna da Chapada, agora sediado na terrinha de origem. Até porque, distância não é mais obstáculo no século XXI. Seguimos cantando nossa aldeia.
Texto: Carollini Assis