21/08/2024
Gelo
Giro com os dedos o gelo
No meu whisky trepidante
Com elegância e pouca alegria
Guardo meu lampejo de dor
Tento congelar o embargo da voz
O suor do copo imita as lágrimas
Que fartamente lavam minha face
A bebida é companheira de muitos
É a neblina das lembranças,
Nesta mesa, já amei e desamei
Já matei minha fome e minha solidão
Finamente acompanhado,
A cor da bebida muda, mas a dor…
É sempre a mesma, paixão
Sombra do meu sofrer
Olho em volta e ainda quero você
Giro o copo e reponho gelo
Mais whisky e mais saudades
Bebo e a noite avança
É só mais uma noite, eu e eu
Depois, amanhece,
E tudo recomeça a funcionar
É só seguir a maré alta ou a mansa,
É vida que segue…
Edith Vargas
Agosto/2024