21/01/2025
Vivemos tempos sombrios para a arte...
E os últimos acontecimentos obscurecem o horizonte ainda mais...
Em tempos nos quais grandes conglomerados transnacionais dominam não propriamente o conteúdo, mas o fluxo de informações (e, consequentemente, o conteúdo), a alma das coisas se dispersa no lucro fácil dos engajamentos...
E enquanto um dos magnatas da nova informação faz, descaradamente, um gesto nazista aos olhos do mundo, outro apela para uma masculinidade que, quanto mais se acentua, mais se torna frágil e tóxica.
E, dentro desse contexto, onde f**a a verdadeira arte? Aquela que fala com a alma, que exige tempo e reflexão?
O algoritmo, que se propaga como um vírus, propicia o instantâneo e o instinto... um imediatismo sem reflexão, que apenas nos afasta da arte....
E, justo nesse contexto, perdemos David Lynch!!!
O grande cineasta, músico, escritor e construtor de bugigangas que não estava nem aí para o texto fácil, para a narrativa concreta e para os padrões da cultura insípida dos blockbusters...
E é como se, com ele, um pouco da verdadeira arte também morresse...
E, na mesma semana, de certa forma, também perdemos o Neil Gaiman, um dos mais geniais contadores de histórias das últimas décadas, hoje relegado ao limbo das figuras nefastas e das celebridades criminosas.
Que, de um dia para o outro, se foi do imaginário onírico e criativo para os noticiários, com acusações de violência sexual, que tanto mobilizam a massa, na violência escrota dos algoritmos.
E, com isso, todos nós perdemos um pouco de beleza dentro de nós...
Mas seguimos em frente. Ao menos por aqui, sem nenhum
impulsionamento, mas também sem enriquecer conglomerados, oferecendo apenas nossa sincera pesquisa, buscando um pouco mais da boa arte que existe no mundo...
Felizmente, mesmo enterrada sob a fossa comum dos engajamentos midiáticos, ela ainda existe... e vive!
E, ao contrário do que as redes nos empurram, ultrapassa a própria morte dos autores... por isso, gente como David Lynch é eterna.
E nossa edição de hoje traz um pouco da boa arte musical pouco difundida, mas cheia de essência.
E começamos com o trip hop irlandês da banda cinephile, com música do primeiro disco, “Ten”, de 2010.
Ainda na Irlanda, vamos com o synthpop da banda Crystalline Stricture, com música do disco “Syndrome”, de 2018...
E, na estrada perdida dos bons sons, seguimos com duas bandas obscuras fazendo covers de clássicos de bandas góticas mais conhecidas....
Começando com a banda de synthpop francesa Celluloide, com cover de “Logical Animals”, do Trisomie 21, tirada do quarto disco deles, “Naphtaline LP”, de 2007.
E fechando com a banda americana de ethereal music e gothic rock The Shroud, com cover de “Alice”, do Sisters of Mercy, tirada do primeiro disco deles, “Long Ago and Far Away”, de 1996.
Depois de duas covers de bandas góticas clássicas, em nosso império dos sonhos, vamos com duas bandas góticas clássicas, em versões originais.
Começando com The Cure, com música do seu nono disco, “Kiss me Kiss me Kiss me”, de 1987
E concluindo com Bauhaus, com clássico do seu disco de estreia, o
“In The Flat Field”, de 1980.
Voltando para o lado mais alternativo, trazemos três bandas com sonoridade mais darkwave, começando com os alemães do Delta Komplex, com música do único disco, “Veils”, de 2022.
Seguindo com a mistura de darkwave e synth de outra banda alemã, o Minimal Schlager, com música do único disco, “Love, S*x & Dreams”, também de 2022.
Fechando com o projeto sueco Neonpocalypse, com música do único disco, “Ish”, também de 2022.
A seguir, três bandas eletrônicas que emulam, nos dias de hoje, a exata sonoridade criada pelo Kraftwerk nos anos 70 e 80.
Começando com a banda sueca Deutsche Bank, com música do seu segundo EP, “Transmission”, de 2014.
Ainda na Suécia, a banda Elektroklange, com música do segundo disco, “Motorik”, de 2024.
E, fechando, a banda alemã Reakton, com música do primeiro disco, “Weltall: Erde: Mensh”, de 2019.
Quase encerrando, o synthwave da banda italiana Infravision, com música do único disco, “Illegal Future”, de 2021.
E, fechando a edição, diretamente da cidade dos sonhos, Los Angeles, California, a banda de synthpop Superhumanoids, com música do segundo disco, “Do You Feel ok ?”, de 2015.
Tudo isso, a partir das 21 horas, na rádio Angst, logo após a pancadaria semanal do programa EBM4Life, com o dj destruidor Carll Lament.
A seguir, um programa dedicado ao grandioso David Lynch:
1) Cinephile – Comatose
2) Crystalline Stricture – Searching
3) Celluloid – Logical Animals (Trisomie 21 cover)
4) The Shroud – Alice (The Sisters of Mercy cover)
5) The Cure – The Kiss
6) Bauhaus – Double Dare
7) Delta Komplex – Bitter Dripping
8 Minimal Schlager – Euphoria
9) Neonpocalypse – Lips
10) Deutsche Bank – Neurotransmitter
11) Elektroklange – Bordcomputer
12) Reakton – Ameropa
13) Infravision – Crossing Borders
14) Superhumanoids – Dull Boy