28/11/2024
"Sempre fui chamada de bruxa,
macumbeira, feiticeira e diabólica,
todos os dias, quando chegava na escola..." (Makota (Sueli))
“Era só mais um Silva que a estrela não brilha” .... NÃO! NÃO É!
É uma Makota Sueli Santana, uma MULHER NEGRA, uma CANDOMBLECISTA e uma PROFESSORA da rede municipal de Camaçari, registrou um boletim de ocorrência e encaminhou uma denúncia ao Ministério Público após ser vítima de intolerância religiosa na escola municipal em que trabalha. Escola pública de um estado “LAICO” ESCOLA MUNICIPAL RURAL BOA UNIÃO, em Camaçari a 50 km de Salvador.
Makota Sueli não está sozinha, não é um caso isolado, ela é uma entre milhares de casos que acontecem diariamente.
E o que incomodou mais, nesse quesito?
1. Está cumprindo a Lei 10639-03 (que torna OBRIGATÓRIO o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escola);
2. Ensinar com o livro ABC Afro Brasileiro de Carolina Cunha que apresenta a influência de diversas nações africanas na culinária, na música, na relação com a natureza, na religiosidade. Enfim, NA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO que compõe um retrato da herança africana na cultura brasileira, resgatando valores, costumes, tradições;
3. Está trabalhando a capacidade critica, tornando-os capazes de capazes de compreender quais são As Matrizes Religiosas Brasileiras, e levando-os ao auto questionamento as das suas próprias religiões e qual a relação direta desses segmentos neopentecostais e o constante interesse de incitar a intolerância religiosa.
4. Ou será simplesmente exercer seu direito constitucional de exercer sua religião.
Podemos citar mais inúmeros motivos e motivações, queremos te parabenizar MAKOTA, fez um excelente trabalho, prova disso se tornou A VITIMA. Mas você não está sozinha, não está!
Enquanto Instituto Àwúre de Incentivo Cultural Afro Brasileiro, EXERCEMOS O DIREITO DE PUBLICAMENTE ACOLHER A MAKOTA SUELI SANTANA NESTE MOMENTO, REPUDIAR A DIREÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL RURAL BOA UNIÃO, NA ZONA RURAL DE ABRANTES, E A SEDUC DE CAMAÇARI PELA FATA DE COMPROMETIMENTO NO CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO DA 10639/03 já que neste espaço escolar não é a primeiro acontecimento, e nos solidarizar com as milhares de professoras e professores que passam por essa situação. Salientamos a importância de entender diariamente como esses casos demonstram friamente um contexto histórico de distorções sistemáticas e intolerâncias religiosas do mais alto grau de periculosidade, preferimos usar o termo que melhor define “Terrorismo Religioso”.É indispensável definirmos o papel principal do motivo RACISMO nessas perseguições, pois esse é o senhor motivador e norteador que fortalece a relevância dos acontecimentos.
Enquanto instituição, mas especificamente enquanto Àwúre trabalhamos diariamente na DEFESA, para contrapor o cenário atual, e também difundir por meio da educomunicação à cultura dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, a atualização vivencial dos marcos civilizatórios presentes no dia a dia do povo de terreiro que incluem: noção de povo, tradição, origem, identidade, ancestralidade, oralidade, terra e território bem como difusão de cultura e respeito aos ancestrais. AFIRMAMOS VEEMENTEMENTE QUE, não existe história ou nação brasileira, que não tenha contribuição desse povo e somos nos territórios tradicionais (ilês, terreiros ou templos), que guardamos e preservam o sagrado, e a identidade da população negra na diáspora.
Nós perguntamos, PORQUE? Não falta leis, aliás leis temos O que FALTA é aplicação das leis existentes com eficiência e responsabilidade.
Muitos QUESTIONAMENTOS? A quem interessa que as leis de combate ao racismo religioso, não funcione como deveria? A quem interessa, a marginalização social, socioeconômica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana? Quem vai, ou quem se BENEFICIA com isso?
MANIFESTAMOS E AGUARDAMOS RESPOSTAS!
A SR NAO ESTÁ SOZINHA MAKOTA....
CONFIAMOS EM XANGÔ QUE NOS DIZ:
"QUEM DEVE, PAGA; QUEM MERECE, RECEBE!"