Seus idealizadores, Jorge Antonio Miguel Yunes e Paulo Cornado Marte, tinham como meta renovar os livros didáticos distribuídos em escolas de todo o país produzindo obras que satisfizessem professores e alunos em sala de aula. Com as professoras Gilda de Guimarães Piedade, Edna Lapa, Eunice Iost, Ruth Araújo, a editora formou o seu time inicial de autores com livros de alfabetização e de 1ª a 8ª s
éries. Do parque gráfico na rua Bresser saíram os primeiros livros editados pela empresa como O Curso Moderno de Admissão seguido da cartilha A Hora Alegre, além de obras de português, matemática e estudos sociais. Seus fundadores apostavam no potencial dos livros didáticos, em crescente expansão nos anos 60, ocupando uma faixa em torno de 30% dos livros publicados, com a Companhia Editora Nacional na liderança do mercado. Unia-se o conhecimento administrativo de Jorge Yunes com a visão editorial de Paulo Marte — que adquirira experiência com a Linográfica imprimindo livros escolares — no dia-a-dia da produção, mantendo uma relação direta com os autores. O formato dos livros precisava ser revisto e atualizado — muitos deles se mantinham nas escolas por décadas e décadas sem nenhuma reformulação em seu conteúdo didático. Sendo assim, professores contratados exclusivamente pelo IBEP agregaram elementos ao texto como ilustrações e quadrinhos. Um sistema de produção e distribuição foi criado para que atendesse rapidamente as livrarias, as escolas e as vendas para o governo. No mais, a editora promoveu o acesso ao livro didático a todas as camadas sociais, além de criar edições específicas para diferentes regiões do país. Uma das primeiras inovações do IBEP foi a impressão de livros em duas e quatro cores, em 1969. Os desenhos de Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese ilustraram os livros História do Brasil e História Geral, do professor Julierme de Abreu de Castro, para 5ª e 6ª séries, em quadrinhos, sucesso como primeiro exemplar escolar produzido nesse formato por uma editora brasileira. A partir de então, as ilustrações nos livros didáticos não eram mais simples acompanhamentos das disciplinas, mas, com a entrada da editora no mercado, foi introduzida uma nova linguagem ao conteúdo educacional, oferecendo aspectos lúdicos às obras. O IBEP participou de todos os programas educacionais do governo para o fornecimento de livros didáticos desde a sua fundação. Em agosto de 1994, a editora venceu a concorrência da FAE — Fundação de Assistência do Estudante — para distribuição de 11,5 milhões de livros didáticos a seis milhões de crianças. O curioso é que os dois livros — Viajando com as palavras e Viajando com os números, de português e matemática — foram escritos pela professora Déborah Pádua Mello Neves, autora do IBEP desde 1970, com mais de 100 títulos escritos. Naquele ano, Déborah se tornou a escritora que mais vendeu livros no Brasil superando os best-sellers da literatura brasileira. Até 1995 a avaliação das obras era tarefa exclusiva dos docentes das escolas públicas. A partir de então, com a implantação do PNLD — Programa Nacional de Livros Didáticos —, o MEC — Ministério da Educação — cria uma comissão para selecionar as obras, uniformizando o seu uso em diferentes regiões do Brasil. Segundo dados da CBL — Câmara Brasileira do Livro —, o volume de livros didáticos vendidos ao governo chegou a 60 milhões de exemplares em 1994. Para 2004, esse número duplicou para 120 milhões de unidades em escolas públicas, ou seja, 51% em tiragem, superando as obras infantis e adultas. Ano em que o IBEP teve o melhor resultado qualitativo no PNLD com 12 coleções de livros didáticos aprovadas entre as 14 inscritas. Em cada livro uma história de qualidade
Fundada em 1925 pelo escritor Monteiro Lobato e seu sócio Octalles Marcondes Ferreira, a Companhia Editora Nacional representou uma revolução no mercado editorial da época, em um país pouco alfabetizado. Monteiro Lobato trazia na cabeça lindas histórias infantis e um grande sonho: incentivar a prática da leitura e tornar os livros acessíveis à maioria da população brasileira. A Companhia Editora Nacional foi uma das pioneiras a investir em projetos gráficos e acabamentos de alto nível das obras e na divulgação e distribuição das novidades do catálogo. Obras didáticas ligadas ao movimento de renovação de ensino primário, cartilhas de alfabetização e de higiene, além de obras voltadas para o técnico-comercial começaram a chegar às escolas de todo o país com preços populares. Monteiro Lobato traduziu para o catálogo da Companhia best-sellers da literatura mundial, como Pollyanna, Pinóquio, Mowgli, o menino-lobo, A ilha do tesouro e muitos outros. Octalles e Lobato, tomados pelo imenso e sincero amor pelos livros, editaram importantes autores brasileiros, como Machado de Assis, José de Alencar, Oswald de Andrade, Raquel de Queiroz, além de grandes coleções dirigidas por intelectuais de renome. Coleções como: Biblioteca das Moças, sucesso absoluto entre as gerações de mulheres até a década de 60; Brasiliana, reunindo mais de 380 obras de estudiosos nacionais e estrangeiros sobre o país, além de Terramarear, Atualidades Pedagógicas, Iniciação Científica, Espírito Moderno, Para Todos, tornaram-se conhecidas em todo o Brasil, auxiliando e preparando gerações de brasileiros. Em 1980, o IBEP — Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas —, uma das maiores referências de qualidade no mercado nacional de livros didáticos, adquiriu a Companhia Editora Nacional, formando um dos maiores grupos editoriais do país, com capital 100% brasileiro.