Desde o ano passado — graças ao tema da redação do Enem —, temos debatido com mais intensidade a invisibilidade do trabalho do cuidado. É ele quem dá condições para que todos os outros meios de produção capitalista sigam existindo. É o que defende a Teoria da reprodução social, abordada em profundidade no livro de mesmo nome.
Organizado pela historiadora Tithi Bhattacharya, o livro conta com ensaios de pensadoras feministas relevantes (como Nancy Fraser e Cinzia Arruzza), que além de darem visibilidade ao trabalho familiar e comunitário, buscam compreender quem constitui a classe trabalhadora e as relações entre exploração de classe e opressão de gênero, raça e sexualidade.
“Quem produz o trabalhador? Qual o papel do café da manhã em sua prontidão para o trabalho? A educação que recebeu na escola não o ‘produz’, uma vez que o torna empregável?”, questiona Tithi Bhattacharya. Na medida em que o neoliberalismo exclui alternativas de vida para a grande maioria — e a resistência popular cresce —, a teoria da reprodução social tem a oportunidade de desenvolver o marxismo como uma ferramenta real para entender o mundo e modificá-lo.
“Teoria da reprodução social” está disponível na nossa lojinha — link na bio — e nas melhores livrarias do país.
Tradução: Juliana Penna
• PARTE 1 da Retrospectiva 2023 da Elefante
Em 2023, falamos da inclusão da esfera sensível no campo político; questionamos a monstruosidade cotidiana; saudamos Paulo Freire; relacionamos a alimentação saudável ao feminismo e ao trabalho doméstico; apontamos a urgência de romper com os pilares do capitalismo para evitar a catástrofe; exploramos dimensões pouco abordadas da historicidade LGBTQIAPN+ no Brasil; avançamos na compreensão da reprodução social; oferecemos caminhos e motivos para resistir à Amazon; revisitamos o clássico do feminismo "Calibã e a bruxa"; destrinchamos os mecanismos da sojicultura e o uso de agrotóxicos; fomos fora da lei e disruptivos com bell hooks; guiamos a leitura de Hegel; exploramos o feminismo latino-americano camponês, rural e indígena; levamos vocês ao cinema com bell hooks; identificamos a disparidade violenta no uso de agrotóxicos entre Norte e Sul global; debatemos a América Latina; fomos "Além da pele" com Silvia Federici; questionamos a dívida como violência econômica; e, por último — mas não menos importante —, nos preparamos para 2024.
O plural em todo esse caminho não é de graça. Fizemos tudo juntes e com muitas mãos: da escrita à tradução, do design à revisão, do entusiasmo de livreires à resistência das livrarias, da leitura interessada aos encontros olho no olho. Para nós, sempre foi sobre o coletivo. Por isso, caminhamos devagar, como os elefantes, mas sempre — sempre — em manada.
#EditoraElefante
“Debates latino-americanos”, da pesquisadora argentina Maristella Svampa, revisita de modo crítico temas fundantes do pensamento latino-americano: o indianismo, o desenvolvimento, a dependência e o populismo; e reflete sobre os dilemas do presente. A autora examina contradições dos movimentos populares e de governos eleitos ou impostos, ao mesmo tempo que avança críticas sólidas ao novo arcabouço político-ideológico neoliberal, renovado por sua retórica de responsabilidade “socioambiental”.
Maristella Svampa é socióloga, escritora e pesquisadora argentina, formada em filosofia pela Universidade Nacional de Córdoba e doutora em sociologia pela École Pratique des Hautes Études, na França.
“Debates latino-americanos” está disponível na nossa lojinha e nas melhores livrarias do país. 📍
Tradução: Joana Salém Vasconcelos
Capa: Estúdio Arquivo
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