02/05/2022
Pessoal para quem não conhece a origem do clube, vale a pena a leitura.
(Foto: O casal Marina Regoli Crespi e Rodolfo Crespi. Acervo: Museu da Casa Brasileira)
Rodolfo Henrique Crespi - O ilustre morador da Paulista que fundou o Juventus
(Um dos mais importantes empresários do início do século passado: Rodolpho Enrico Crespi, que então residia no antigo número 47 da avenida, esquina da Rua Ministro Rocha Azevedo, onde hoje está localizado o Condomínio Cetenco Plaza Torre Norte, no número 1.842.)
Rodolfo Henrique Crespi, nome abrasileirado como ficou conhecido, nasceu em 1874, em Busto Arsizio, na Itália. Era filho de Pia Travelli e Cristoforo Benigno Crespi, um industrial da área têxtil, que descendia de uma tradicional família italiana, remanescente do Império Romano.
Incentivado por Enrico Dell’Acqua, proprietário da empresa em que trabalhava, emigrou em 1893 para o Brasil. Logo que chegou, instalou uma pequena tecelagem no bairro da Mooca.
Cresceu rapidamente e, em 1898, inaugurou o Cotonifício Rodolfo Crespi, em um enorme prédio de três andares, localizado na esquina da Rua dos Trilhos com a Rua Taquari, com fundos para a Rua Visconde de Laguna.
A empresa foi o primeiro estabelecimento brasileiro de fiação industrial de algodão em grande escala. A fábrica, que ocupava uma área de 24.000 metros quadrados, dividia-se em duas partes: a fiação de algodão, com 14.000 fusos e a fiação de desperdícios, com 3.000 fusos, 500 teares e 300 teares dobrados.
Os principais produtos fabricados eram, evidentemente, trançados de algodão, xales e coberturas, colchas, fazendas, artigos de algodão para mercearias, etc. Na fábrica trabalham diariamente cerca de 1.500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças (inclusive!).
Em 1902, o Sr. Giuseppe Crespi, irmão de Rodolfo, veio para São Paulo para ajudar na gerência da companhia. Foi nomeado secretário da empresa. Em seu auge, o Cotonifício Crespi tinha, além a fiação e tecelagem, uma tinturaria e malharia e chegou a consumir 3 mil cavalos em energia elétrica e duzentas toneladas mensais de óleo em suas caldeiras, funcionando 24 horas por dia. Foi uma das primeiras indústrias paulistas a receber energia elétrica em 1914.
Em 22 de julho de 1924, durante a revolução, conhecida como Revolta Paulista, que pretendia destituir o Presidente Artur Bernardes, o prédio do cotonifício foi atingido por um violento bombardeio aéreo das forças legalistas federais, sendo praticamente destruído. Foi algo que marcou a cidade na época, pois este foi o maior conflito bélico já ocorrido no município de São Paulo.
Reconstruída, a empresa seguiu em frente até meados de 1950. Devido a seus equipamentos terem f**ado obsoletos, encerrou suas atividades em 1963.
Em 2003, lamentavelmente, a fábrica sofreu mudanças para receber uma unidade do Supermercado Extra.
Durante todos esses anos, Rodolfo Crespi atuou em diversas áreas sociais e empresariais. Como empresário, fundou a Banca Italiana di San Paolo, que se tornaria a Banca Francese e Italiana per l’America del Sud, predecessora do Banco Sudameris.
Lançou o jornal Il Piccolo, em língua italiana, que mantinha uma linha editorial favorável ao regime fascista de Benito Mussolini e era lido por milhares de imigrantes. Foi também Presidente do Circolo Italiano.
Na área social foi responsável pela criação do Colégio Dante Alighieri, que levantou com recursos próprios e doações do governo italiano.
Junto com os operários do Cotonifício, fundou o Clube Atlético Juventus, tendo batizado com seu nome o estádio de futebol
O Estadão publicou que:
O Estádio Conde Rodolfo Crespi, ou como é conhecido de maneira popular, apenas como Rua Javari (em referência ao seu endereço), pertence ao Clube Atlético Juventus, um dos mais tradicionais times do futebol paulista. Mas nem sempre foi assim.
No começo do século XX, o local servia como cocheira de cavalos para o Cavalheiro Rodolfo Crespi, dono de uma fábrica de tecidos na região da Mooca. Posteriormente o imóvel foi doado por seu dono para o time de futebol de operários de sua fábrica que levava o seu nome, o Cotonifício Rodolfo Crespi F.C (fusão do Extra São Paulo F.C. e do Cavalheiro Crespi F.C, clubes de várzea da Mooca, na zona leste de São Paulo), e que posteriormente se transformaria no Juventus.
Durante sua trajetória, Rodolfo Crespi recebeu duas honrarias do governo italiano. Em 1907, o título de Cavaliere del Lavoro (Cavalheiro do Trabalho) e o título de Conde, dado em 1928, pelo Rei Vítor Emanuel III da Itália.
Casou-se com Marina Regoli Crespi com quem teve quatro filhos: Renata, Adriano, Dino e Raul, todos condes e condessa.
cred. avpaulista/lucianacontrim/ Rodrigo Cardoso Barbalho.