21/04/2023
Em 1573 Frei Ernesto Fonseca analisa os habitantes do novo país conquistado pela força portuguesa, afirmou que:“… além de contrários ao trabalho e disciplina de qualquer tipo, seguem práticas tão pagãs e alheias a Deus que torna-se improvável que tenham uma mente evoluída que possa compreender a salvação, ou serem dignos dela”
Creio que seja correto pensarmos que a visão da grande massa de brasileiros não tenha mudado muito ao longo destes últimos 500 anos e que as primeiras e errôneas impressões sobre os indígenas influenciaram a nossa missiologia bíblica e estratégia missionária para o Brasil até hoje. Convivemos com esta visão distorcida a respeito da comunidade nativa do nosso país quando até o termo “índio” passou a ser sinônimo de preguiça ou ignorância e “programa de índio” aponta para algo mal planejado e que sempre dá errado. Calcula-se que havia 1,5 milhão de indígenas no ano de 1530 enquanto hoje eles não passam de 300.000 em todo o território nacional entre os quais escondem-se as mais duras realidades e desafios espirituais e assim somos chocados com pessoas como a índia Thuthurudé da tribo Deni que um dia exclamou:“Ore por mim ! Quero ouvir o evangelho antes de morrer”.
Ronaldo Lidório – Missão Novas Tribos do Brasil
Nós, Igreja, procuramos sempre algum lugar incrível, uma nação no meio do nada, que tenha passado por grandes problemas, guerras, catástrofes e afins, com o intuito de cumprir nosso chamado, com o intuito de “Discipular as Nações”, mas claramente acabamos esquecendo de nossa Nação, nossa Pátria, nossa Casa, e mais profundo ainda, nossas Origens!
Ao decorrer dos Anos, homens e mulheres se empenharam em aprender novas línguas, dialetos para ir além do Oceano, das Fronteiras para anunciar a Salvação, nos especializamos nos outros, nos outros Países e esquecemos nossa Raiz. Ok, eu entendo que o Senhor é quem nos dá a chamada e nos direciona para onde ir, mas não podemos esquecer Jerusalém, Judéia e Samaria. Existem povos espalhados por nosso País, no meio de florestas, campos, esperando a boa semente ser lançada, homens e mulheres que vivem ali de seu cultivo, daquilo que plantam, mas que ainda não foram fixados juntos a Videira Verdadeira.
Isso não é uma crítica, mas sim um alerta à Igreja Brasileira, os campos já estão brancos, os nossos campos, é hora de nos levantarmos, aprendermos dialetos, nos capacitar, ir além daquilo que imaginamos! É hora da igreja Brasileira transformar a Nação Brasileira!
Para entendermos a realidade indígena atual olharemos rapidamente alguns aspectos.:
Tribos conhecidas: 218 (população: 353.881)
Tribos isoladas: 33 (população: 1.853)
Tribos a serem pesquisadas: 50 (população estimada: 2.735)
Tribos com existência duvidosa: 48 (população: 2.217)
Total de tribos existentes: 349 (população: 360.686)
A situação das tribos indígenas em relação à distribuição da própria população segue o seguinte diagrama:
52 tribos com menos de 100 pessoas
115 tribos entre 100 e 1.000 pessoas
53 tribos entre 1.000 e 10.000 pessoas
5 tribos entre 10.000 e 20.000 pessoas
2 tribos entre 20.000 e 30.000 pessoas
1 tribo com mais de 30.000 pessoas
23 tribos com população indeterminada
Em relação ao evangelho as tribos indígenas são classificadas da seguinte forma:
72 não alcançadas, 46 alcançadas só por Missões Católicas, 4 alcançadas só por Leigos,2 alcançadas só com Tradução, 75 alcançadas satisfatoriamente, 8 alcançadas e com Liderança Autóctone, 9 com situação indeterminada, 118 sem presença missionária evangélica.
A realidade a respeito desta centena de tribos brasileiras não alcançadas envolve línguas complexas, lugares inacessíveis, possibilidade de embates tribais, enfermidades, isolamento e especialmente restrições legais. É preciso sentar e calcular o preço da construção da torre.
Obs: Segue atualizando