Era 1993, onde Londres borbulhava com o começo do jungle e a maturidade experimental do dub, quando comecei a trabalhar com
grandes produtores como Denis Bovell na Inglaterra (produtor do Linton Kwesi Johnson) que me atentei, então, para técnicas de gravações não usuais na época. Por sorte, trabalhei com grandes produtores no Brasil e no Mundo. Além do Denis, pude trabalhar com Bill Laswell, Chi
co Neves, Liminha e alguns outros. Durante todo esse tempo fui colhendo, observando e me aproximando no set de gravações dos mais diferentes tipos de busca de timbres musicais, mas o mais importante para mim além das técnicas usadas por eles foi o que entendi nos estúdios do próprio Chico Neves, o Tom Capone e Peter Gabriel. Esse último, dono de um complexo enorme de
gravações, numa cidade do norte da Inglaterra (Bath), pude entender que nenhuma daquelas salas enormes seria necessário realmente para produzir sons pitorescos que permeiam a imaginação de nós músicos. Quando percebi que ele (Peter Gabriel) independente de todo aquele complexo (Real Word) gravava seu disco de maneira mais intimista confirmou a experiência sonora positiva que eu havia tido com o Chico Neves em seu pequeno e poderoso estúdio no Jardim Botânico e com as soluções inventivas que o inesquecível Tom Capone tinha quando o seu estúdio ainda era dentro da própria casa, antes da Toca do Bandido. Com eles, não aprendi só a importância das técnicas e dos grandes aparelhos de gravação, mas também, como usar pequenos brinquedos que possam esquentar mais o som que vão desde um simples pedal de guitarra utilizado de maneira inusitada na voz, na bateria ou até em antigos plug ins e, principalmente, que um estúdio tinha que ter não a formalidade do frio de um ar condicionado ou de um relógio contando a hora de acabar a sessão, mas ter um pouco do que seria a nossa casa ou algo parecido com isso - cadeiras confortáveis, enfeitizinhos, enfim, um lugar que fosse aconchegante para quem quisesse gravar sentado, em pé, deitado ou no chão. Outro grande sucesso pessoal que tive com o estúdio foi a minha procura por equipamentos que pudessem contrabalançar a gravação digital com os periféricos analógicos. Hoje o Pro-tools, a Mpc, o Live e outros programas convivem muito bem, lado a lado, com pres-amplificadores, equalizadores,
reverbers, filtros, diversas câmeras de ecos diferentes, inclusive as tão procuradas tape delays, além dos instrumentos que ocupam a disposição de nossas salas e depósitos. Instrumentos como vários moogs, harmonds, teclados, farfizar, arpi string e uma série de microfones e pedais, que vão desde um microfone U 87 até os de última geração da rhoads. São mais de 300 modelos de pedais disponíveis, as baterias estão entre a ludwing 62, a mapex, modelo especial dada por João Baroni e a última bateria pingüim, modelo feito especialmente para mim pela fabrica no Brasil. Não podemos esquecer também de um grande piano Fender rhoads 83 com caixa original e tudo funcionando de maneira exemplar. Os instrumentos estão aqui sendo colocados de uma maneira geral, porque existe muito mais sendo colocado na onda vintage como o caso de amplificadores, vox ingleses com auto-falantes green select e um raro amplificador bass man da Fender que é usado tanto para baixo quanto para guitarra. Para terminar uma imensa caixa e talvez única ainda viva Lesli da Gianini. Todo esse equipamento pensei em dispor única e exclusivamente para mim, mas são tantas as procuras, principalmente de amigos para sessões de gravação que acabei abrindo, por enquanto, para artistas que queiram usufruir com responsabilidade desse pequeno manancial de timbres sonoros juntados e pesquisados durante mais de 20 anos.