07/01/2025
CONHECE? ADERALDINO DO CARMO
QUE FALAR DELE!!
VAMOS CONHECER PARTE DA SUA HISTÓRIA QUE ESTA REGISTRADA NO LIVRO "CONHECENDO NOSSO POVO NOSSA GENTE de, Paulo Sergio Rodrigues.
MARQUE SEUS AMIGOS.😍
História de Rio Verde de MT-MS
🧐Valorizando e conhecendo a História de nossa terra
Fonte e pesquisa: Paulo Sergio
ARKIRVE.Arquivo Histórico de Rio Verde.MS
Aderaldino do Carmo, conhecido por todos como Deraldino Sanfoneiro, é filho de Sebastião Manoel do Carmo e Ernestina Ferreira da Mota, nasceu em Água Clara-MS em 14/03/1945.
Aderaldino nunca estudou, aprendeu a ler e escrever em casa e com seis anos de idade mudou-se para Rio Verde de Mato Grosso com seus pais.
_“Fui criado aqui no município de Rio Verde, quando eu cheguei aqui eu tinha seis anos, meu pai e minha mãe resolveram vir embora prá cá trabalhar nas fazendas, na roça... _Agente era em sete irmãos e duas irmãs”. _Eu com meus seis prá sete anos, já andava a cavalo e lembro que papai aprumava o cavalo assim na estrada e eu f**ava firme no lombo do bicho.
_Lembro que papai tocava roça aqui por perto ainda. Aqui era tudo mato, tinha plantação e eu ajudava papai no roçado desde cedo. _O centro da cidade mesmo era ali onde hoje é a Porfírio Gonçalves, por ali chegava na estrada véia, a estrada da matinha, prumava na serrinha e ia prá Campo Grande.
_Nós mudamos ali na região do peru, sempre foi terra boa, terra de cultura e só ali, nós f**amos muitos anos, nas terras do Ciro, terra do finado João Grande, finado Bastião de Lara e lembro que só no Ciro f**amos onze anos trabalhando, e aquele tempo era só roça mesmo, serviço bruto, primeiro era tudo mato, agente derrubava dois “alqueirão” tocava dois anos, pagava 20 por cento, aí o último ano era só pela forma...
_Formava aquele e derrubava mais dois alqueirão..._Não adiantava derrubar muito também porque se colhesse muito não tinha prá quem vender.
_Não tinha transporte aquela época e daqui prá Campo Grande era “quase uma semana de viagem” e de lá fui lá pro Edson Ferreira, no Santo Antonio.
_A Marlene minha esposa, eu conheci desde pequena e aí nós trabalhando alí, nós começamos a se olhar e se engraçar um pro lado do outro e se casamos em Rio Verde e depois voltamos lá no Santo Antonio.
_Casei em Rio Verde em 1971 com a Marlene Jesus do Carmo, tivemos três filhas a Maria de Fátima, Marley e Darlene.
_Lembro que quando nos casamos, quando vinha passear em Rio Verde agente vinha à cavalo, naquele tempo não tinha condução e a viagem era uma aventura com sofrimento, subia a Serra da Araponga, e “carcava naquele estradão”, saía de lá bem cedo e vinha chegar de noite porque era longe, era lá perto do Areado, era o dia inteiro no lombo do cavalo.
_Nós moramos na Vila de Paia e quando eu comprei a casa aqui do lado, era de adobe, deu um temporal, um vento muito forte que derrubou os eternit e jogou lá pro meio do mato.
_Daí peguei a Marlene e levei ela pra f**ar lá no vô dela, no Peru, enquanto fui trabalhar nas fazendas pra arrumar a casa de novo.
Fui trabalhar com trator, “só eu e Deus”, e f**ava três semanas ou mais sem ver a Marlene.
Eu trabalhava muito, pegava 20 hectare de um, 30, 80 hectare de outro e “carcava” duro mesmo, cerradão bruto, pra dá uma gradeada no tipo prá pessoa plantar.
_Não ganhava muito dinheiro não, mas deu prá refazer a casinha onde nós moramos por cerca de 41 anos nela.
_Naquele tempo agente usava muito o “saibro” e fiz um pouco de “tijolinho” e o restante tijolo grande.
_Quando a Marlene quis reformar a casa os pedreiros “refugava”, porque a casa não tinha uma estrutura boa, não tinha coluna, não tinha alicerce bom então era complicado prá erguer o telhado.
_A música, toda vida eu gostei e levantava de madrugada, 04 horas da manhã prá escutar a Radio Nacional, o Zé Betio, Zé Russo e gostava demais de música.
_Ficava escutando as músicas pela rádio e eu tinha comprado uma sanfona e comecei a acompanhar as músicas, fui tocando junto.
_Nunca estudei música e ninguém nuca me ensinou...
_Tudo que aprendi foi sozinho com muita força de vontade.
_Acabei por aprender a tocar nas festas, tinha bailão de casamento, aniversário e a gente ia tocar e cada vez se aprimorava mais e mais.
_Com o passar do tempo, montei um grupo baileiro, chamado Conjunto Estrela do Sul e a gente começou a tocar em muitos lugares como Lajeado, Perdigão, Coxim, na Colônia Paredes, Panqueca, João de Barro, Chão Batido, Clube da Mangueira, (ali onde hoje é a Nutribem), no São Romão e só na festa de Nossa Senhora Aparecida tocamos uns 7 anos.
Lembro que a Primeira festa era feita de folhas de bacuri, varas de bambu e o palco tinha uns casqueiro de madeira, onde agente colocava as caixas e tocava ali.
_Nunca nós ganhamos dinheiro um bom assim, mas os bailes dava prá pagar os companheiros e “livrá” um pouquinho o nosso dinheirinho também.
_Eu ia juntando de pouco a pouco e uma vez, fui em Campo Grande com um bom dinheiro pra comprar uns instrumentos.
_Era dinheiro que dava prá compra umas 8 vacas na época, e comprei contrabaixo, microfone, violão, guitararra etc.
_Muita gente até me falava pra eu compra vaca..._kkkk falei e ai onde que vou colocar elas pra pastar e se escapar na rua eu não tenho um cavalo pra montar e ir atrás...kkkk.
_Apliquei o dinheiro onde eu gostava e comprei os instrumentos. _Depois comecei a trabalhar de motorista e fazia frete, puxando areia, saibro, tijolo num Chevrolet vermelhão.
_Uma vez peguei uma carga de semente de brachiária pra levar lá em Roraima, num mercedes, passei no meio dos índios, só de Porto Velho até Manaus demorei quase uma samana, deixei o caminhão e na volta vim pegando carona.
_Passei uma fome lascada, porque eu não pedia, f**ava com vergonha, porque os motoristas já estava me dando carona e eu ia pra trás do caminhão comia uma farinha com açúcar que guardei numa latinha de leite ninho.
_Passei três dias comendo aquilo até que o motorista descobriu e até ficou bravo comigo.
_Porque você não me falou rapaz?
_Vamos come junto comigo, não pode f**ar assim com fome não.
_Trabalhei sete anos com o Italívio da Marajoara, e fui tanqueiro durante cinco anos, levando combustível para as fazendas.
_Passei por um problema de saúde muito grande, me dava depressão, porque não podia fazer mais as coisas que eu gostava, não podia tocar mais. _Fiquei nove dias na Santa Casa, minha filha me levou pra se tratar lá onde tinha mais recursos.
_Dias atrás comecei a tocar de novo e fiquei muito feliz e emocionado.
_Como a minha casa tava muito velha, cheia de cupim na madeira, uma das minhas filhas resolveu construir uma casa nova prá nós aqui no mesmo lote.
Aderaldino trabalhou na prefeitura de Rio Verde de Mato Grosso por mais de 20 anos como motorista, na Secretaria de Educação, puxando alunos das fazendas pra estudar na cidade e se orgulha em dizer que nunca brigou ou discutiu com ninguém.
_Se aposentou pelo INSS, tem cinco netos: Mateus, Alice, Jhonatan, Inara e Izabelle.