Omagazine do ACRE

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A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA PLENANorberto Bobbio se contrapõe a liberdade como gozo privado, a  liberdade individual, com...
12/01/2023

A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA PLENA

Norberto Bobbio se contrapõe a liberdade como gozo privado, a liberdade individual, como propriamente a denomina, à liberdade como participação no poder político, id est, à liberdade coletiva. “O fim dos antigos era a divisão do poder social entre todos os cidadãos de uma mesma pátria: era a isto que eles chamam de liberdade”, observa. Com a consolidação da sociedade burguesia no século XVIII, o Estado – Nação que surgiu de maneira tímida na Itália se espalhou para os demais reinados no Continente Europeu. “Isso não exclui que nos diálogos platônicos, por exemplo, possamos encontrar uma resposta apropriada a todas as três: na República, à primeira, no Crítias, à segunda, na Política, à terceira”, revela Norberto Bobbio, em resposta aos livros A utopia, de Thomas More, O príncipe, de Maquiavel, o Leviatã, de Hobbes. Observa que as três obras que estabeleceram o conceito de estado bem podem ser assumidas como símbolos de três modos distintos e típicos de se filosofar sobre a política: a primeira, da busca pela primeira forma de governo, a segunda, da busca da natureza da política, a terceira, da busca do fundamento do Estado.
Bobbio encerra a sua análise política apontando que a liberdade individual, é a verdadeira liberdade moderna, pois a liberdade política é a sua garantia; a liberdade política é, portanto, indispensável. Mas pedir aos povos dos nossos dias que sacrifiquem como aqueles de outras épocas a totalidade da sua liberdade individual à liberdade política, é o meio mais seguro de afastá-los da primeira, e, quando isso for conseguido, não tardará que deles seja arrancada a outra. “A liberdade política era por ele aceita apenas enquanto meio para realizar a liberdade individual que era o fim supremo da convivência civilizada”, resume o grande expoente do pensamento italiano.
Sem espaço no novo regime político que despontava sob a égide da Revolução Francesa, as monarquias feudais carcomidas pelos parasitas da nobreza medieval sucumbiram do “Velho Mundo”. Foram necessários dois séculos para que o regime republicano se consolidasse na Europa e se espalhasse pelo Continente Americano, inclusive no Brasil. Afinal, os servos defendiam com unhas e dentes o modelo de escolha de um governante, um parlamento composto de representantes do povo e o poder moderador do judiciário. Para Norberto Bobbio, quem captou exatamente a distinção entre os dois significados de liberdade foi Benjamin Constant, ainda que com uma transposição histórica arbitrária tenha chamado a primeira de “liberdade dos modernos”, e a segunda de “liberdade dos antigos”, e, com uma avaliação, que hoje julgaríamos pouco aceitável, tenha exaltado a primeira para desmerecer a segunda.

A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA COMO EXPERIMENTO DA VIDA O Projeto Escola Aberta tem como objetivo trabalhar o ensino/aprendi...
11/01/2022

A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA COMO EXPERIMENTO DA VIDA

O Projeto Escola Aberta tem como objetivo trabalhar o ensino/aprendizagem na sala de aula, levando em conta a compreensão de mundo de cada aluno. Trabalhar o conteúdo da disciplina de Filosofia na perspectiva do acontecimento do devir heraclitiano, mas sempre remetendo ao movimento do tempo presente. O primeiro passo, é transformar a sala de aula num grande laboratório de experimento das sensações, percepção e da construção da realidade de cada um. O papel do mito e da poesia na construção da sociedade grega, com a realidade de oficinas de leitura e recitais dos poemas épicos de Homero, do poema de Parmênides e os diálogos platônicos. A construção do sujeito ético na sociedade greco-romana, da ética estoica/epicurista e judaico-cristã no período da cristandade que ajudou na construção do sujeito moral, a chegada da revolução científica e busca do novo sujeito histórico influenciado pelo movimento renascentista, marxista e a nova estética da crueldade do corpo sem órgãos.
Aulas ministradas nos espaços públicos, nos museus e bibliotecas, com o registro fotográfico e produção de vídeos para serem compartilhados nas redes sociais como resultado da compreensão de cada grupo do conteúdo trabalhado em sala de aula. Exposição dos trabalhos executados nos corredores ou pátio da cantina como resultado do fim do bimestre. Recital de poesia com a participação de artistas locais convidados, exposição de fotografias, exibição de vídeos autorais de cada grupo e debates dos temas mais relevantes. A construção de um projeto de vida que leve em conta a vocação de cada aluno no campo artístico e cultural que permita a construção do novo sujeito estÉtico inspirado na construção do além do homem nietzsheano.
Aula de canto do coral de música, oficinas de pintura e grafite com artistas locais, oficinas literárias de poemas e contos. Apresentação e exposição dos melhores trabalhos no semestre para a comunidade escolar. Convite de artistas locais para apresentação dos trabalhos e sorteios de livros aprovados pelas leis de incentivo. "O corpo sem órgãos é o caminho ou descaminho do nômade", observa o filósofo franco-brasileiro Daniel Lins. O conceito de corpo sem órgãos de Artaud será abordado por Gilles Deleuze na década de sessenta do século passado (XX), com a publicação do livro Lógica do sentido, mas na década de setenta o tema é retomado nova na obra de Félix Guattari com Gilles Deleuze, O antiédipo e na década de oitenta aparece no livro, Mil-platôs capitalismo e esquizofrenia, destes dois autores.

https://www.youtube.com/watch?v=3p1Aptyvdh8&t=4008s

Veja também os conteúdos que disponibilizo através do:Facebook: https://www.facebook.com/filosofoluiz...Instagram Luiz Fuganti: https://www.instagram.com/lui...

O GRANDE OBJETIVO DA SOCIEDADE DE CONTROLEOs grandes conglomerados econômicos passaram cooptar mentes brilhantes com a m...
28/11/2021

O GRANDE OBJETIVO DA SOCIEDADE DE CONTROLE
Os grandes conglomerados econômicos passaram cooptar mentes brilhantes com a meta de ajuda-los na construção de uma matriz de Tecnologia da Informação (TI) que seja capaz que capturar todos os saberes humanos. Os engenheiros de tecnologia da informação tiveram que projetar supercomputadores que fossem capazes de ajudar nesta empreitada sobre-humana de consolidar uma inteligência artificial que pudesse capturar o desejo humano. O primeiro passo de ressuscitar todas as línguas mortas que floresceram sobre a terra, o segundo de ordenar todos os numerais até o infinito e por que o sistema binário fosse capaz de identificar a presença de qualquer hacker de computador na rede cibernética. Todos os governos contribuíram com os pesquisadores das suas universidades a espera de controlar as suas populações que sempre retomava o debate de geração de emprego e renda às famílias mais vulneráveis. Quase um século para consolidar a grande matriz que transformava o capitalismo no grande conceito universal capaz de produzir subjetividade nas massas aprisionadas pelo mundo cibernético. As cidades superlotadas de desempregados, os sobreviventes da ‘sela de pedra’ buscavam sobreviver como terceirizados de motoristas de aplicativos, entregadores de comidas fast-food e catadores de lixo reciclados. Sem carteira de trabalho assinada, sem jornada de trabalho prevista, muitos pereciam feitos insetos na natureza.
Não resta dúvidas que vivemos numa bolha da realidade virtual, como se estivéssemos em uma grande Matrix. Com a consolidação da sociedade de controle, a inexistência do tempo passou a ser primordial neste novo modo de vida movido por estímulos, pois as redes sociais transformaram o nosso planeta numa grande aldeia global. “Estamos entrando nas sociedades de controle, que funcionam não mais por confinamento, mas por controle contínuo e comunicação instantânea”, denunciava o filósofo francês, Gilles Deleuze, na década de oitenta do século passado.
A filósofa Marilena Chauí que testemunhou a revolução tecnológica nos revela que o mundo virtual não tem a referência do espaço e do tempo como o centro da nossa experiência. Explica que não é mais essa experiência, é outra experiência movida basicamente por estímulos visuais. O que se passa quando a espacialidade e a temporalidade do nosso corpo e da nossa experiência se perdem na atopia, ou seja, na ausência de lugar e ausência de espaço e na acronia, na ausência do tempo. “São duas ausências, a atopia e a acronia, que caracterizam o mundo virtual”, lamenta.
Chauí explica que é essa unificação que o geógrafo britânico, David Harvey, no seu livro, A Condição Pós-Moderna, vai denunciar de “compressão espaço temporal”. Com o avanço tecnológico eletrônico e de informação há a compressão do espaço onde tudo se passa aqui, sem distância, diferença, nem fronteira e a compressão do tempo onde tudo se passa agora sem passado e sem futuro. Assim, a produção no processo de globalização abandonou evidentemente a ideia de qualidade, abandonou ainda mais veementemente a ideia de estocagem e opera com o descartável. “Tudo é descartável. Volátil e efêmera hoje a nossa experiência desconhece qualquer sentido de continuidade e se esgota em um presente reduzido há um instante fugaz”, denuncia a grande filósofa brasileira.
https://www.youtube.com/watch?v=r5A3RSIzvQM&t=4140s

Conversa com o filósofo e professor Luiz Fuganti sobre o Desejo segundo Spinoza, Deleuze e Guattari, dentro do canal Agenciamentos Contemporâneos.O canal Age...

O DESPERTAR DA VONTADE DE POTÊNCIA Desde que passei a trabalhar como professor da disciplina de filosofia no Ensino Médi...
14/11/2021

O DESPERTAR DA VONTADE DE POTÊNCIA

Desde que passei a trabalhar como professor da disciplina de filosofia no Ensino Médio, tenho buscado transformar o espaço da sala de aula num plano imanente que me permita contribuir com os meus alunos para encontrar o seu caminho que conduza a sua tão sonhada autonomia. Lamentavelmente a cada dia deparamo-nos cada vez mais com alunos desprovidos de vontade, enquanto outros com a ilusão de que poderão se dar bem na vida, sem nenhum esforço, inclusive muitos aprisionados no ideal da sociedade perfeita fundamentada no capitalismo selvagem ou numa teocracia fundamentalista que nos empurra, goela abaixo, a ideia de que somos empreendedores de nós mesmos. Como posemos ajudar uma pessoa desprovida de vontade ou domesticada pelo sistema vigente que predomina na periferia do capitalismo?
Acredito que a única alternativa é buscar despertá-los desta ilusão do mundo real, pois precisam ser capazes de diagnosticar os problemas que sempre nos trazem sofrimentos. O novo currículo do Ensino Médio busca preparar esses jovens como mão de obra do mercado de trabalho, mas sem direitos trabalhistas. Esse sistema neoliberal nos ensina que somos empreendedores de nós mesmos para preenchermos as vagas que estão disponíveis de motoristas de aplicativos, entregadores de comidas dos fast food ou influencer digital nas redes sociais. Apesar de pregar no deserto com a minha crítica ácida ao modelo imposto, como professor temporário da escola pública busco colocar a existência humana como o grande problema filosófico da atualidade.
Aposto que o primeiro passo, para que os poucos abnegados consigam despertar desta grande ilusão por conta das minhas críticas ao sistema vigente, sempre inspirado por Foucault e Deleuze, é que precisamos buscar compreender a natureza que nos cerca como potência capaz de criar novas realidades. Como seres humanos também estamos inseridos no mesmo contexto, o experimento no espaço escolar poderá nos conduzir à criação de novos Corpos sem Órgãos que poderão nos ajudar nesta longa jornada da vida como um caminho a ser percorrido ou que sabe o descaminho que pode nos levar a criar novos modos de vida. Para o professor Luiz Fuganti, o corpo é um modo de efetuação da nossa potência ou do nosso desejo no mundo. É essa potência em ato que nos permitirá efetuar nosso desejo no mundo, enquanto a linguagem à concretização do nosso pensamento por mais incompreensível que seja.

https://youtu.be/lIwxWe_Tvo4

MATRÍCULAS ABERTAS - Curso de Formação em Esquizoanálise em 2 anos com Luiz Fuganti - Início em agosto de 2021https://formacao.escolanomade.org ----- palestr...

O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE SEQUESTRO NO ESPAÇO ESCOLAR Foucault denuncia que a primeira função das instituições de sequ...
07/11/2021

O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE SEQUESTRO NO ESPAÇO ESCOLAR

Foucault denuncia que a primeira função das instituições de sequestro era de extrair o tempo, fazendo com que o tempo dos homens, o tempo de sua vida, se transformasse em tempo de trabalho, enquanto a segunda função consistia em fazer com que o corpo dos homens se torne força de trabalho. Apontava que nestas instituições de sequestro não apenas se dão ordens, se tomam decisões, não somente se garantem funções como a produção, a aprendizagem, etc., mas também se tem o direito de punir e recompensar, se tem o poder de fazer comparecer diante de instâncias de julgamento. “Este micro-poder que funciona no interior destas instituições, é ao mesmo tempo, um poder judiciário”, critica.
Trago mais dúvidas que certezas, mais problemas que soluções da pequena experiência que tenho como professor das escolas da rede pública, mas o ponto mais enriquecedor desta experiência do magistério, foi a oportunidade de compreender como “instituições de sequestro” operam no interior do espaço escolar. O sistema escolar, segundo Michel Foucault, é também inteiramente baseado em uma espécie de poder judiciário, pois a todo momento se pune e se recompensa, se avalia, se classifica, se diz quem é o melhor, quem é o pior.
Para o grande expoente da neo/estruturalismo francês, todas as lutas são igualmente centrais, porque cada um de nós é o centro de sua própria vida. Porquê a vida social é dispensa e, como não há hierarquia na política, as lutas são equivalentes e é preciso ser sempre combativo e vigilante. Pensar é essencial para a prática da emancipação, pois Foucault recusa essa ideia de luta pela luta. “O que faço é diagnosticar o presente e, nesse sentido, meu trabalho pode ser considerado filosófico, pois filosofia é, desde Nietzsche, exercício diagnóstico do presente”, resumia Foucault numa conferência no Collège de France, quando assumiu a vaga do saudoso mestre Jean Hyppolite.

https://youtu.be/yO_F4IH-VqM

Entrevista realizada em 07 de maio de 1981, por André Berten, professor da Universidade Católica de Louvain.Entrevista-transcrita disponível em: http://clini...

A GRANDE LIÇÃO DE DANIEL LINS Dois acontecimentos antagônicos marcaram o continente europeu no século XV, a reforma prot...
31/10/2021

A GRANDE LIÇÃO DE DANIEL LINS

Dois acontecimentos antagônicos marcaram o continente europeu no século XV, a reforma protestante e a contrarreforma encabeçada pelos Jesuítas que nos deixaram como legado a arte gótica e a barroca. Os artistas europeus, influenciados pelo luteranismo, inventaram as catedrais góticas, enquanto os artistas, influenciados pelo catolicismo ibérico, a arte barroca que floresceu plenamente nas igrejas, erguidas nas províncias da Coroa Portuguesa e no Segundo Reinado da Espanha.
O estilo Barroco surgiu na Itália no século XV como contraponto ao renascimento, mas se espalhou pela Península Ibérica e a América Latina, com forte presença no litoral da costa do Oceano Atlântico. Seus traços, com forte influência do teocentrismo, são marcantes e ainda estão bastante vivos nas cidades de Ouro Preto (das Minas Gerais), Salvador (na Bahia), Olinda (no Pernambuco) e Paraty (no Rio de Janeiro).
Conheci o trabalho do professor Daniel Lins recentemente, mas confesso que a leitura dos seus livros me trouxe um novo alento para tomar coragem de retomar a leitura da extensa obra do Gilles Deleuze. O seu livro, Uma estética do acontecimento e O último copo, nos deixa pistas para compreensão deste grande expoente da filosofia francesa. “A Estética como Acontecimento confere à obra de arte a função de estabelecer um laço com o caos, uma captura de forças da vida: a obra precede o ato da invenção, ela não remete a nenhum modelo preestabelecido, ela é totalmente experimental”, revela Daniel Lins.
Para ele, a obra é um lugar de captura de forças, de energia. É uma estética sem janelas. Como o nômade, ela tira seus conceitos de si, prenhe de intensidades e encontros pelos quais se deixa afetar. Aponta que é uma mônoda (Leibniz) que inclui seu mundo, todavia exprime ou esclarece apenas uma parte. É uma peça interior barroca: não tem janelas abertas sobre o exterior, e sua luz não vem diretamente do exterior. “As saídas são sempre invenções: nada é dado antecipadamente. Sair não significa necessariamente escapar à prisão, mas querer e desejar a liberdade já não é uma vitória? Só o desejo é revolucionário”...

https://www.youtube.com/watch?v=xMWZ17GLB1Y&t=3264s

Conversa com o professor e pesquisador Daniel Lins sobre o lançamento de seu livro "A estética do acontecimento", mediada pela Professora Ada Kroef, dentro d...

O NOSSO COMPROMISSO COM A VERDADE “Acho que a filosofia, entre tantas funções que pode e deve ter, também tem esta: nos ...
10/10/2021

O NOSSO COMPROMISSO COM A VERDADE

“Acho que a filosofia, entre tantas funções que pode e deve ter, também tem esta: nos interrogar sobre o que somos no presente e na atualidade”. Esta declaração de Michel Foucault buscava refletir o que tinha sucedido com as primeiras manifestações estudantis de Maio de 1968. Destacava que todas as lutas são igualmente centrais, porque cada um de nós é o centro de sua própria vida. Diante do atual contexto que vive a nossa sociedade, mergulhada num fascismo sem precedente, o melhor caminho que nos resta é retomar o debate na ágora virtual, como fizeram os filósofos gregos há dois mil e quinhentos anos, para separar definitivamente a opinião (Doxa) da verdade como fez Sócrates nos memoráveis embates travados com os Sofistas descritos por Platão nos diálogos. “Esquematicamente podemos afirmar que a retórica é primeiramente definida como uma técnica cujos procedimentos não têm evidentemente por finalidade estabelecer uma verdade, mas como uma arte de persuadir aquele a quem nos endereçamos, pretendendo convencê-los quer de uma verdade que de uma mentira, de uma não-verdade”, denunciava Michel Foucault na década de oitenta (século passado), com a publicação do livro: A hermenêutica do sujeito.
Dois acontecimentos predominantes, mas antagônicos entre si nos revelam a dificuldade que temos como internautas para distinguir o que é a verdade e o que é mentira em uma época dominada pelas fakes news. A retórica, segundo Michel Foucault, tem essencialmente por função agir sobre os outros no sentido de que permite dirigir ou modalizar as deliberações das assembleias, conduzir o povo, comandar um exército. “Ela age sobre os outros, mas sempre para maior proveito daquele que fala”, denuncia. Desde a consolidação da sociedade de controle sobre os escombros da sociedade da disciplina no século passado, que as redes sociais se transformaram na grande ágora da sociedade moderna. Observa que no livro Retórica, o filósofo Aristóteles nos deixa uma definição clara que o conceito trata-se do poder de encontrar aquilo que é capaz de persuadir, mas com a consolidação das redes sociais na cibercultura passamos a falar a mesma língua, pois o tempo passou a ser primordial nos nossos novos modos de vida e a tradicional mídia perdeu a sua principal atribuição de nos pautar no dia a dia.
Foucault nos revela que o retórico, quando efetivamente é um bom retórico, não dá a impressão de ser simplesmente um advogado que defende uma causa, enquanto a parrhesía, ao contrário, tem um objetivo completamente diferente, uma finalidade completamente diferente. A posição, por assim dizer, daquele que fala e daquele a quem se fala é completamente diferente. Observa que na parresía (coragem de se dizer a verdade), por certo, trata-se também de agir sobre os outros, não tanto para exigir-lhe algo, para dirigi-los ou incliná-los a fazer uma outra coisa. “Agindo sobre eles, trata-se fundamentalmente de conseguir que cheguem a construir por si mesmos e consigo mesmo uma relação de soberania característica do sujeito sábio, do sujeito virtuoso, do sujeito que atingiu toda felicidade que é possível atingir neste mundo”, demonstra o grande expoente da filosofia francesa, a diferença existente entre a retórica e a parresía (coragem de se dizer a verdade).

https://youtu.be/yO_F4IH-VqM

Entrevista realizada em 07 de maio de 1981, por André Berten, professor da Universidade Católica de Louvain.Entrevista-transcrita disponível em: http://clini...

EM BUSCA DA SONHADA FELICIDADE A diferença entre os dois modelos antagônicos é que de um precisamos de dinheiro para enc...
03/10/2021

EM BUSCA DA SONHADA FELICIDADE

A diferença entre os dois modelos antagônicos é que de um precisamos de dinheiro para encontrar a tão sonhada felicidade de um presente efêmero, enquanto do outro lado apenas um pouco de coragem que nos permita buscar no mundo de consumo o pouco que precisamos para sobreviver. Diante desta grande contradição, só nos resta à indagação, a opulência com que nos deparamos nas redes de supermercados e nas lojas de departamentos dos shoppings do modelo capitalista é suficiente para nos conduzir a felicidade? Acredito que não, pois mergulhamos num estado de completa selvageria, em decorrência da concorrência desleal entre vencedores (minoria) e vencidos (maioria).
A busca incessante desta riqueza está nos levando a contaminar os nossos rios, devastar as nossas florestas em prol de pseudo/desenvolvimento que não nos leva a lugar algum. Para que precisamos buscar acumular tanto dinheiro se não nos traz a sonhada felicidade? Acredito que só nos resta o co***lo de olhar para trás, em busca de novos modos de vida que contribua para nos ajudar a encontrar nós mesmos. Esta racionalidade insana, só nos leva ao pessimismo, mas acho que podemos parar a roda deste eterno-presente e buscar aprender como os parentes indígenas da América do Sul e os aborígenes da Oceania que buscaram viver em completa harmonia com a mãe-natureza, enquanto nós, ditos civilizados, estamos mergulhados numa grande barbárie sem retorno.
Os antropólogos Claude Lévi-Strauss e Pierre Clastres nos deixaram uma pista entre os dois modelos de sociedades antagônicas que pode nos conduzir ao caminho da liberdade. A trilha que buscamos encontrar pode nos conduzir rumo à felicidade perdida, como encontrar sentido nas coisas mais simples que existem no seio da natureza. Mesmo que a jornada seja longa para muitos de nós, podemos dar o primeiro passo que nos conduza ao caminho que nos levem à felicidade que nos roubaram com a promessa deste falso progresso que beneficia uma minoria que vive nos países ricos em detrimento da maioria que sobrevivem à margem do sistema neoliberal.
Desde os primórdios da história que a humanidade foi marcada por povos ditos selvagens ou civilizados, o primeiro sempre levou em conta a natureza como ponto de partida da sua aprendizagem, enquanto o segundo a sua transformação com base na razão. Apesar de chegarmos ao ápice deste racionalismo expresso no sistema capitalista que nos propicia o acesso aos bens de consumo, a segunda opção sempre foi inspirada em novos modos de vida que leva em conta o meio ambiente para sobreviver às adversidades desta selva de pedra que nos aprisiona.

https://www.youtube.com/watch?v=lK0FzHqHpf8

Alegria. Alegria como vontade. Como a filosofia trata desse assunto aparentemente trivial? Para o filósofo e psicanalista Daniel Lins a experiência da alegri...

O ENCONTRO ENTRE DOIS MUNDOS DISTINTOS Assim que avistam algo estranho se aproximar da costa, os nativos do litoral do O...
19/09/2021

O ENCONTRO ENTRE DOIS MUNDOS DISTINTOS

Assim que avistam algo estranho se aproximar da costa, os nativos do litoral do Oceano Atlântico ficaram curiosos, no dia seguinte, perceberam que o objeto não se movimentava. Movidos pela curiosidade, os indígenas caminharam na direção da praia, em busca de observar, de mais perto, o que era aquele estranho objeto parado. Para surpresa de todos, perceberam que pequenas peças de madeira cortava a água agitada completamente abarrotada de pessoas com trajes estranhos e adornos na cabeça. Assim que desembarcaram na costa do litoral, os aventureiros portugueses depararam-se com uma cena dos nativos completamente nus.
Um homem empunhava um pedaço de madeira e caminhava na direção dos nativos, mas acompanhado por outros homens deles, portavam objetos estranhos, feitos por material desconhecido. Em seguida, passaram a lhes presentear com pedaços de panos, missangas e espelhos, enquanto os nativos retribuiam com ornamentos que traziam presos ao corpo. Os nativos de pele escura estavam com o corpo pintado de cores vermelha e preta adornada por linhas geométricas, enquanto outros tinham no queixo perfurado com um adorno de pedra.
Era o encontro entre dois mundos distintos, o primeiro não refletia a realidade do segundo e vice-versa. Esse gesto que deveria celebrar uma amizade, que marcaria profundamente a história do Monte Pascoal, que mais tarde esse laço seria rompido por saques, massacres e genocídios por mais de cinco séculos. Para o professor Daniel Lins, ao luto, os índios bororos interpõem a arte, a beleza e a estética podendo salvar o homem da verdade. A morte é puro acontecimento, imanência. Não se trata mais, nesse contexto, segundo ele, de uma morte como fonte de preocupação, de luto ou incertezas; a morte é a imagem do devir, pura afirmação: afirmação que faz da morte a textura da própria vida.
Os selvagens colocavam em cheque a passagem bíblica da queda da humanidade adâmica que tinham aprendido nas aulas de catecismo, ministradas pelas beatas das suas aldeias perdidas nos rincões das montanhas do Reinado de Portugal. Como os nativos não faziam distinção entre o mundo físico do metafísico, eles não deviam ter alma, pois viviam feito animais no seio da natureza. O professor Daniel destaca que graças a ela, o defunto torna-se o ser do devir. A morte decorada, pintada, a morte como anúncio de novas alianças, por meio das núpcias, integra a estética e a ética do cotidiano, não só dos bororos, mas da maior parte dos ameríndios da Amazônia.
Observa que esquecer para os bororos, não é um crime, mas uma maneira de criar uma outra memória: memória-vida, memória das palavras presentes nos vivos e naqueles que nascerão. O esquecimento significa transmutação do pesado (memórias das marcas, lembranças desidratadas em um corpo devedor e culpado) na leveza almejada por Nietzsche e na “coragem da superfície” que convoca os novos fluxos da vida como bela arte. “O devir-morto dos bororos é, de fato, puro rizoma: nem árvores, nem raízes, mas fertilidade, sentidos e não significados. O que retorna nunca é o mesmo”, declara o grande filósofo brasileiro.

A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA PLENASem espaço no novo regime político que despontava sob a égide da Revolução Francesa, as ...
12/09/2021

A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA PLENA

Sem espaço no novo regime político que despontava sob a égide da Revolução Francesa, as monarquias feudais carcomidas pelos parasitas da nobreza medieval sucumbiram do “Velho Mundo”. Foram necessários dois séculos para que o regime republicano se consolidasse na Europa e se espalhasse pelo Continente Americano, inclusive no Brasil. Afinal, os servos defendiam com unhas e dentes o modelo de escolha de um governante, um parlamento composto de representantes do povo e o poder moderador do judiciário. Para Norberto Bobbio, quem captou exatamente a distinção entre os dois significados de liberdade foi Benjamin Constant, ainda que com uma transposição histórica arbitrária tenha chamado a primeira de “liberdade dos modernos”, e a segunda de “liberdade dos antigos”, e, com uma avaliação, que hoje julgaríamos pouco aceitável, tenha exaltado a primeira para desmerecer a segunda.
Bobbio se contrapõe a liberdade como gozo privado, a liberdade individual, como propriamente a denomina, à liberdade como participação no poder político, id est, à liberdade coletiva. “O fim dos antigos era a divisão do poder social entre todos os cidadãos de uma mesma pátria: era a isto que eles chamam de liberdade”, observa. Com a consolidação da sociedade burguesia no século XVIII, o Estado – Nação que surgiu de maneira tímida na Itália se espalhou para os demais reinados no Continente Europeu. “Isso não exclui que nos diálogos platônicos, por exemplo, possamos encontrar uma resposta apropriada a todas as três: na República, à primeira, no Crítias, à segunda, na Política, à terceira”, revela Norberto Bobbio, em resposta aos livros A utopia, de Thomas More, O príncipe, de Maquiavel, o Leviatã, de Hobbes. Observa que as três obras que estabeleceram o conceito de estado bem podem ser assumidas como símbolos de três modos distintos e típicos de se filosofar sobre a política: a primeira, da busca pela primeira forma de governo, a segunda, da busca da natureza da política, a terceira, da busca do fundamento do Estado.
Bobbio encerra a sua análise política apontando que a liberdade individual, é a verdadeira liberdade moderna, pois a liberdade política é a sua garantia; a liberdade política é, portanto, indispensável. Mas pedir aos povos dos nossos dias que sacrifiquem como aqueles de outras épocas a totalidade da sua liberdade individual à liberdade política, é o meio mais seguro de afastá-los da primeira, e, quando isso for conseguido, não tardará que deles seja arrancada a outra. “A liberdade política era por ele aceita apenas enquanto meio para realizar a liberdade individual que era o fim supremo da convivência civilizada”, resume o grande expoente do pensamento italiano.

EM DEFESA DA NOSSA DEMOCRACIA Sou de uma geração forjada no movimento da contracultura, mas que  década de oitenta (do s...
29/08/2021

EM DEFESA DA NOSSA DEMOCRACIA
Sou de uma geração forjada no movimento da contracultura, mas que década de oitenta (do século XX) tomou as ruas das grandes cidades brasileiras para pedir o fim da ditadura militar porque eram estudantes que sonhavam em transformar o país numa grande nação abaixo da linha do Equador. Lamentavelmente, os políticos que a sociedade brasileira escolheu nos últimos anos para comandar o Palácio do Planalto e os representantes do Congresso Nacional mergulharam a nossa sociedade numa entropia sem limites.
A sociedade brasileira vive um grande dilema em buscar uma alternativa política de centro ao governo desastroso de Bolsonaro ou abraçar a candidatura do ex-presidente Lula. Acredito que o primeiro passo é a sociedade brasileira buscar construir um grande conselho suprapartidário com representantes de todos os partidos (esquerda, centro e direita) para que juntos possam discutir essa possibilidade, mas sem permitir que os problemas paroquiais nos Estados sobreponham ao interesse nacional.
Somente juntos podemos encontrar os melhores nomes para composição das chapas regionais de pessoas comprometidas com os princípios democráticos, mas com trâmite no setor empresarial, comprometido com o desenvolvimento do nosso país, tendo como bandeira de luta o acesso à tecnologia e modernização da nossa indústria sucateada. Temos que retomar o espírito republicano do saudoso senador mineiro, Tancredo Neves que percorreu os rincões do Brasil para defender a nova República apoiada por adversários políticos, como Ulisses Guimarães, Leonel Brizola, José Sarney, Mário Covas e o sindicalista Lula .
Acredito que temos de deixar os nossos interesses pessoais de lado para defender o coletivo, em busca da reconstrução da nossa democracia tão vilipendiada pela ultradireita de tomou de assalto o Palácio do Planalto. O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o atual, prefeito de Belo Horizonte, Kalil Kalil podem ser estes protagonistas desta construção dos valores democráticos, mas quem sabe no fim do primeiro semestre de 2022, um deles possa ser o escolhido pela sociedade civil e os demais partidos progressistas e conservadores para ser o candidato a vice-presidente da República na chapa sacramentada pela sociedade. As duas décadas nos ensinaram que temos de ter a maturidade política suficiente que as forças progressistas, com o apoio das forças moderadas podem dar grande contribuição à governabilidade do nosso país nos próximos anos.

https://www.youtube.com/watch?v=RzlniinsBeY&list=RDRzlniinsBeY&start_radio=1

https://www.facebook.com/patriciacassiaporto/Patricia de Cassia Pereira PortoProfessora Dra em Educação com ênfase em Estudos Literários"Cálice"Chico Buarque...

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