16/07/2024
*Famerp e Hospital de Base promovem campanha de conscientização pelo Câncer de Cabeça e Pescoço*
Neste mês é celebrado o Julho Verde, campanha nacional dedicada à prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. Para contribuir com a campanha, a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e o Hospital de Base (HB) promoveram uma manhã de conscientização para a população, nesta terça (16). As ações ocorreram no Ambulatório Geral e de Especialidades do Hospital de Base para os pacientes atendidos pelo Complexo Funfarme e no Shopping do HB, para a população em geral.
A geneticista, professora e pesquisadora da FAMERP, Eny Maria Goloni Bertollo, explica que os profissionais de pesquisa e ensino da instituição se empenharam em organizar este dia especial para discutir sobre sintomas, fatores de riscos da doença e de ressaltar como os pacientes também podem ser porta-vozes para a comunidade, a partir do compartilhamento da experiência deles.
“O câncer de cabeça e pescoço não é muito falado pelas pessoas, em geral. Os sinais e sintomas, às vezes, são discretos e passam desapercebidos. Por isso, a importância da campanha. No Julho Verde, então, é um mês inteirinho dedicado para o país e municípios fazerem esse papel de divulgação desse trabalho”, diz.
O autônomo Walter Eduardo Eleutério Pinto, de 58 anos, é um dos pacientes que participaram da ação desta terça-feira. Ele, que recebeu o diagnóstico de câncer de laringe há 2 anos, conta que percebeu uma alteração na voz e falta de ar, mas que demorou para buscar ajuda profissional. Quando buscou atendimento na cidade de Ubarana, onde reside, foi encaminhado para o Hospital de Base e, devido a urgência do caso, precisou realizar a primeira cirurgia no mesmo dia.
“Tinham dias em que eu levantava de manhã e não conseguia falar, a voz ia melhorando durante o dia, mas era um sacrifício falar de manhã com a minha esposa. Mesmo percebendo esses sinais, eu demorei para buscar um médico. Se eu tivesse procurado logo no começo, meu tratamento teria sido mais fácil. Mas hoje sigo meu tratamento, não perco uma consulta. Posso dizer que estou bem, levo minha vida e converso com as pessoas normalmente”, conta.
*Câncer de Cabeça e pescoço*
Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago, tireoide, seios paranasais, fossas nasais e glândulas salivares. Anualmente, cerca de 700 mil novos casos são diagnosticados no mundo. Um dos principais problemas para o tratamento é o diagnóstico tardio, que ocorre em 60% dos casos, com impacto negativo na sobrevida do paciente.
A geneticista explica que o diagnóstico precoce é o mais importante no processo de tratamento das doenças “A saúde é cada vez mais preventiva e não curativa, então quando a gente tem um sinal de alerta e busca orientação profissional, as condições de restabelecer a saúde do paciente mais facilmente são maiores. Então, quando notados sinais como manchas ou dores na região de cabeça, pescoço e cavidade oral que não desaparecem em três semanas, alteração da voz por um tempo significativo e dificuldade respiratório, é indicado procurar o posto de saúde mais próximo”, explica.
*Fatores de risco*
– Tabagismo: quem fuma cigarro ou utiliza outros produtos derivados do tabaco, como cigarro de palha, de Bali, de cravo ou kreteks, fumo de rolo, tabaco mascado, charutos, ca****bos e narguilé, entre outros, tem risco muito maior de desenvolver câncer de boca e de faringe do que não fumantes e quanto maior o número de ci****os fumados, maior o risco;
– Consumo de bebidas alcoólicas;
– Exposição ao sol sem proteção representa risco importante para o câncer de lábios;
– Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de boca;
– Exposição a óleo de corte, amianto, poeira de madeira, poeira de couro, poeira de cimento, de cereais, têxtil e couro, amianto, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes orgânicos e agrotóxicos está associada ao desenvolvimento de câncer de boca. Os trabalhadores da agricultura e criação de animais, indústria têxtil, de couro, metalúrgica, borracha, construção civil, oficina mecânica, fundição, mineração de carvão, assim como profissionais cabeleireiros, carpinteiros, encanadores, instaladores de carpete, moldadores e modeladores de vidro, oleiros, açougueiros, barbeiros, mineiros, canteiros, pintores e mecânicos de automóveis podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença;
– Infecção pelo vírus HPV está relacionada a alguns casos de câncer de orofaringe.
*Reabilitação*
A supervisora do serviço de Fonoaudiologia do HB, Arianny Costa, explica que todo profissional de saúde tem um papel fundamental no diagnóstico e na prevenção dos tumores de cabeça e pescoço. No caso da fonoaudiologia, área fundamental na reabilitação do paciente, o tratamento pode começar antes do início do tratamento do câncer, de forma a capacitar as funções do paciente para receber o tratamento, como a deglutição.
“É comum de acontecer nesses nossos pacientes com câncer de cabeça e pescoço as alterações de deglutição. Então eles podem apresentar engasgos, tosse, se alimentar e esse alimento acabar se desviando para o pulmão, podendo ter uma pneumonia aspirativa. Então o nosso trabalho é fundamental no sentido de prevenir essas complicações, ajudar o paciente nessa caminhada durante o tratamento para que ele tenha melhores condições de fazer o tratamento de forma adequada”, explica.
No pós-tratamento a Fonoaudióloga conta que sua função é reabilitar e devolver esse paciente para a sociedade, e garantir que ele consiga se integrar à família e à sociedade, como no caso dos pacientes que tem um câncer de laringe, que podem perder totalmente a sua voz.
“Hoje temos no evento a gente tem pacientes que fizeram uma cirurgia que se chama laringectomia total, que é a retirada total da laringe. Então esses pacientes perdem a voz. Mas nós temos hoje muitos recursos para fazer essa reabilitação vocal, então fazemos um trabalho de orientação pré-operatória, explicando para eles que eles não precisam ficar com medo, que eles podem operar, porque depois a gente vai conseguir reabilitar e devolver a comunicação e voz deles”, finaliza.