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Revista focada no mercado do luxo, com circulação trimestral em todo o Brasil e pontos da Europa e Estados Unidos.

Entrevista com o cônsul italianoValerio CarusoPor Themis Pereira de Souza ViannaA arte de escrever requer contato profun...
16/08/2024

Entrevista com o cônsul italiano
Valerio Caruso
Por Themis Pereira de Souza Vianna
A arte de escrever requer contato profundo com o tema. Exige paciência e dedicação ao assunto. Pede nossa entrega total, como um devoto se entrega a um santo. Só escrevemos bem a partir do momento em que a matéria envolve nossa sensibilidade. O reino encantado das belas palavras é exigente e pede pedaços da alma.
Meu novo livro é assim, ele pede a imersão dos meus sentidos, para dar vida ao título “Meu pequeno lado italiano”. Esse frágil fiapo que me liga a alguns antepassados que vieram da Itália é que turbina dentro de mim a ansiedade por mais dados. Desperta a vontade de estudar e percorrer lugares por onde eles caminharam. De alimentar o espírito nessa viagem no tempo e traduzir esse percurso com a palavra escrita.
No afã da procura eu obtive a resposta do Cônsul Geral para o Rio Grande do Sul, Valerio Caruso, que me esperaria às 11 h no dia 13 de agosto, uma terça-feira, para falar sobre os italianos em geral e sobre os italianos neste Estado.
Chegou o dia, chegou a hora, chegou o momento da entrevista. Eu estava ali, muito bem recebida por um jovem elegantemente vestido com um terno de boa grife. Nada mais, nada menos do que o cônsul, 35 anos, vindo há pouco tempo diretamente da Itália. Ao começar a falar com sotaque ainda forte, passei a vê-lo como uma fonte original para o meu livro. Uma fonte viva da cidade de Modena, da região de Emília-Romagna, terra natal de Enzo Ferrari, Luciano Pavarotti e Mirela Freni (uma das cantoras líricas favoritas do maestro Herbert von Karajan).
Estava um pouco nervosa por me encontrar dentro de um consulado, ambiente protocolar, geralmente formal e sisudo. Mas as nuvens pesadas sobre o meu horizonte logo se dissiparam, quando o cônsul se mostrou solícito e disposto a responder minhas perguntas.
O dia que eu precisar deixar Porto Alegre e o Rio Grande do Sul será muito triste para mim — disse Valerio Caruso, iniciando a conversa.
— Eu cheguei aqui receoso, mas fui tão bem acolhido pelos ítalo-gaúchos, que, já na primeira impressão do local, os meus temores se desfizeram. Senti que eles têm um apreço muito grande pela sua origem italiana e dentro desse sentimento me acolhiam com bastante ternura. Logo procurei adaptar-me à língua local, uma das prerrogativas do meu ofício, pois vim para cá para representar o meu país e ajudar os seus descendentes aqui radicados, oferecendo-lhes compartilhamento cultural com sua etnia de origem — disse o cônsul.
Nesta altura eu já não me sentia do “outro lado do balcão”, como diziam os antigos. Estava entrando na faixa de sintonia com meu assunto. Pensei comigo: o cônsul realmente gosta do trabalho e do Rio Grande do Sul. Assumiu o consulado com senso de honra. Valerio Caruso parecia estar escalado numa missão que muitos não queriam aceitar. Aí lembrei aquela foto ele com a metade do corpo tomada pela enchente do Guaíba e a sua sede consular com meia parede alagada. Uma foto de arrojo, de ação e de testemunho sobre o que estava acontecendo no prédio consular em Porto Alegre. Pairava em torno dele uma força latente cheia de realismo e disposição a enfrentar os desafios da natureza e de sua missão no Brasil.
— Decidi conhecer os ítalo-gaúchos — disse. — Comecei a percorrer algumas das principais cidades da antiga colonização italiana. Entre elas, destaco a maior, Caxias do Sul. Hoje ela é um polo industrial e um centro da cultura italiana no Estado. Fiquei surpreso com as cidades como Farroupilha, Bento Gonçalves, Garribaldi, Carlos Barbosa, Passo Fundo, Erechim. Todas com amplo predomínio de descendentes de imigrantes italianos. Nessas passagens fiquei emocionado com o imenso carinho das pessoas. Elas são impressionantes. Afetivas. Uma imagem que não temos na Itália de nossos descendentes aqui no Rio Grande do Sul. Eles precisam conhecer estes locais. Precisam ir ao interior e vê-los, ouvi-los, sentir o cheiro da terra, das árvores, do ar. testemunhando isso com entusiasmo. Valerio observou — Cheguei a experimentar os vinhos aqui produzidos e acho que eles precisam ser difundidos. São muito bons. Alguns são melhores como nossos de lá. Acho que nos cabe testemunhar esse lado positivo, mas desconhecido. Precisamos promover as regiões que visitei. Dar-lhe a devida importância. E trazer turistas italianos para conhecer e depois levar a experiência à Itália — concluiu o cônsul com muito entusiasmo.
Notei em suas palavras o seu ardor para dar o melhor de si à missão que lhe foi dada. Demonstrava uma admiração apaixonada pelos ítalos-gaúchos. Não cansou de elogiar o carinho que recebe dessa gente com raízes italianas radicadas no Rio Grande do Sul.
Não poderia ser diferente. Os bons resultados estão acenando. Li elogios na imprensa sobre o seu ímpeto por melhorar e agilizar os serviços consulares à população. Desburocratizou setores emperrados, acelerando com a implementação de mais recursos tecnológicos. A gestão também levou a um aumento no número de novas cidadanias reconhecidas por direito de sangue e por casamento. Em outra reportagem consta este título: “Consulado italiano no RS quebra recorde de emissão de passaportes Total foi de 13 mil, média de 1,1 mil ao mês em 2023”.
Concluo com um final feliz sobre o resultado da minha entrevista. Por ter conhecido um grande ser humano, competente e prestando bons serviços. E o meu fecho de ouro para essa crônica é comunicar que o Cônsul-Geral da Itália aceitou o convite para prefaciar o meu livro cujo título é Il Mio Piccolo Mondo Italiano.

A vinda do presidente da Itália a Porto AlegreO relevante papel diplomático do jovem Cônsul-Geral Valerio CarusoPor Them...
23/07/2024

A vinda do presidente da Itália a Porto Alegre

O relevante papel diplomático do jovem Cônsul-Geral Valerio Caruso

Por Themis Pereira de Souza Vianna

Quem escreve dialoga com a época, com o dia, com a hora e com o momento. Precisa acompanhar os instantes — os quais voam pelo mundo, rápidos. São novidade por um curtíssimo tempo e precisam dar lugar a outros acontecimentos, que vêm céleres como um cometa.

Pois na semana que passou estive recolhida e desligada por um resfriado. Pronto! Bastou o breve desligamento para que eu perdesse o que não poderia ter perdido, a passagem do presidente italiano, Sérgio Mattarella, que desembarcou no dia 16 de julho na Base Aérea de Canoas e de lá se dirigiu a Porto Alegre.

Um modesto contato com essa autoridade da Itália, por mais breve que fosse, teria sido um grande valor para mim. Enriqueceria meu novo livro cujo tema trata sobre o mundo italiano. É um trabalho com o propósito de expressar meu orgulho de pertencer remotamente a essa etnia e de exaltar a sua presença, principalmente no Rio Grande do Sul.

Mas posso reparar o meu descuido, afirmando que o presidente Mattarella não chegou aqui com as mãos vazias e cheio de promessas. Ele trouxe uma doação em dinheiro equivalente a três milhões de reais. Valor destinado àqueles que perderam tudo. Pena que o setor oficial de Brasília parece não ter demonstrado a devida importância.

Mattarella reuniu-se com as lideranças políticas e principalmente com os empresários ítalo-brasileiros para firmar laços de amizade e de colaboração. A razão é a forte imigração italiana no Estado, que em número expressivo chegou para cá desde o final do século XIX.

A passagem do presidente italiano, no entanto, eu garanto, que terá um espaço obrigatório no texto do livro. Pois sua presença conteve algo que está acima de um mero discurso protocolar. Mattarella desembarcou acompanhado de uma atitude. Houve uma doação concreta e imediata àqueles que perderam todos os seus bens. A contribuição apoiará a Cruz Vermelha Brasileira no atendimento à população afetada pelas enchentes. Não cobrirá toda a necessidade, mas a atenuará.

Enquanto isso, os ítalo-gaúchos se orgulham também do jovem e atuante Côncul-Geral em Porto Alegre, Valério Caruso, um dos que contribuiu para chamar a atenção das autoridades daquele país sobre os acontecimentos locais e concretizar a vinda presidencial. Caruso foi nomeado em 2022 para ocupar o cargo de Cônsul-Geral no Rio Grande do Sul.

Faço questão de transcrever a rica biografia deste jovem de 35 anos, que é surpreendente. “Nasceu em Modena. Frequentou o Liceo Classico San Carlo di Modena, e obteve dupla diplomação em Direito junto à Università degli Studi di Firenze e l’Université Paris I Panthéon-Sorbonne, um Master em International Politics junto ao Trinity College de Dublin (é uma universidade na Irlanda, fundada em 1592 pela rainha Isabel I da Inglaterra) e o Master em estudo diplomáticos junto à Società Italiana per le Organizzazioni Internazionali (S.I.O.I.) em Roma”. Atuou na carreira diplomática desde 2018, prestando serviço como Chefe Adjunto da Secretaria do Vice-Ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional e ainda junto à Direção Geral para os Recursos Humanos e Inovação”.

É um currículo altamente proficiente, que faz com que toda a comunidade italiana do Rio Grande do Sul sinta gratidão às autoridades daquele país pela nomeação de uma pessoa tão bem capacitada.

O jovem cônsul não se acomodou durante a enchente, quando a sede do Consulado estava com meia parede debaixo da água. Ele fez questão de entrar nas águas para demonstrar a inundação. Demonstrou pessoalmente a extensão da tragédia climática. Agiu e sua ação teve reflexo no outro lado do Atlântico e repercutiu na península entre os mares Tirreno e Adriático. Deu ao presidente italiano um motivo mais robusto para visitar o Rio Grande do Sul.

Ativo, o jovem Cônsul, Valerio Caruso, visita as regiões italianas no interior do Estado. Em maio foi ao Distrito Faria Lemos, em Bento Gonçalves, que foi severamente atingido por deslizamentos de terra devido às chuvas torrenciais ocorridas no Estado. Conduziu o Embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese, para avaliar a catástrofe e buscar ajuda junto ao governo da Itália. E também prestar apoio e solidariedade à comunidade atingida pela tragédia climática. Eles foram acolhidos pelo prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira e equipe, outras autoridades locais e representantes da comunidade italiana, incluindo a Presidente do Comites-RS, Cristina Mioranza.

Fico pensando sobre o potencial de estudos acadêmicos de Valerio Caruso. Ele que veio da Itália dentre os âmbitos góticos das catedrais milenares. Conhecedor das pinturas dos florentinos Giotto e que emergem da Roma Clássica. Ele que, talvez, em momentos eruditos, ouvia os músicos consagrados com a sua infinita dignidade como Giuseppe Verdi, Vivaldi, Giacomo Puccini; ou em momento nostálgico lembrando um clássico romântico do tempo de seus pais, No ho l´età, cantado por Gigliola Cinquetti, que aos 16 anos de idade venceu o Festival de San Remo. E quem sabe, ao deixar a Itália tenha escutado o cantor audaz, Lazza, interpretando Uscito di Galera, ou Frah Quintate com voz aguda, a cantar Gli Occhi. Claro, é apena a minha imaginação. Porque ao chegar a Porto Alegre conheceu o Hino Rio-Grandense. Já deve ter ouvido a linda canção do Fogaça, Porto Alegre é Demais, que no meu ver é o verdadeiro hino da capital dos pampas.

Imagino também que, Valerio Caruso, com toda inspiração de sua juventude, dono de vários títulos acadêmicos ligados à obra diplomática, reúne em seu ímpeto de trabalho a sublimidade de representar a sua etnia junto às várias gerações de descendentes italianos, aqui radicados há mais de um século, legando progresso tanto ao Estado quanto ao Brasil. Uma etnia que ergueu cidades prósperas como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi além de um grande parque industrial no Alto Uruguai como a cidade de Erechim.

Concluindo, nós gaúchos estamos em boas mãos.

20/06/2024

O Poder Reabilitador de um abraço afetivo
Por Themis Vianna
Quantas vezes ao dia você ouve a palavra abraço? A palavra beijo? Elas se encontram no final de um telefonema, no final de um e-mail e no final da maioria das mensagens pessoais. Não é difícil de explicar a universalização desse uso. O abraço e o beijo são dois mecanismos táteis tão antigos quanto a humanidade.
O nosso corpo está cheio de receptores táteis e reage ao ser tocado. Os receptores também são emissores. Eles recebem e devolvem. O abraço é um dar/receber e um receber/dar. É uma interação genuína e espontânea entre o eu e o você. Quando isso acontece, ocorre também simultaneamente um prazeroso intercâmbio afetuoso. Uma estimulação que desencadeia uma ordem química no corpo inteiro, deixando como resultado a sensação de bem-estar. Quando estamos alegres, ele se expande, se revigora e irradia ânimo. Quando tristes e ressentidos ou com raiva, ele se contrai.
Posso afirmar: eu sou o meu corpo e estou nele. Ele é a minha identidade, o meu tamanho, o meu volume, a minha cara, o meu gesto, o meu cheiro, os meus tipos de movimentos e o meu tom de voz. Ele é o meu patrimônio mais alto. Preciso zelar pelo seu bom funcionamento.
Meu corpo está cheio de sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato, além de outros. Mas os meus sentidos podem ser canalizados e inibidos, ampliados ou contraídos, dependendo da cultura. Dependendo do ambiente no qual vivo. Existem ambientes repressivos, portanto, nocivos.
Somos humanos e não robôs e sentimos a sobrevinda de cada estímulo. Não somos de madeira nem de pedra ou de ferro. Não estamos programados a um circuito binômio lógico como o computador. Somos hipoderme, derme e epiderme. Somos a pele que nos cobre. A pele que sente o vento, que assimila as ondas sonoras, que sente a carícia do sol e, sobretudo, vibra, vibra muito com a mão carinhosa que sobre ela pousa. As suas células nos arrepiam de prazer quando outra pele a toca de forma suave.
Robôs não têm pele, não se abraçam nem se beijam. Quando o fazem, fazem-no artificialmente, determinado pelo cego mecanismo de sua programação. Mas seres humanos, sim, se atraem, trocam recordações e se abraçam por vários motivos: pesar, saudade, felicitação e carinho.
Robôs são zumbis metálicos, de fios e chips, portanto, insensíveis.
Chego agora ao ponto mais importante, que se relaciona como o propósito do livro: os zumbis humanos. Ou seja, um foco específico às crianças e aos jovens, a maioria, desprovida de um núcleo familiar, sem conhecer um gesto de afago, são seres totalmente mdesprovidos de apoio afetivo. Esta realidade sub-humana, devemos criar uma ferramenta de conscientização sobre a importância do acolhimento afetivo de crianças e jovens.
Resgatar o direito de atenção e afeto são os primeiros passos para quebrar o casulo-zumbi e separar o ser humano do seu invólucro negativo.
Lembro que um abraço afetivo tem poderes reabilitadores .
Um abraço abençoado á todos! 🥰❤️

Heróis voluntáriosPor Themis Pereira de Souza ViannaUm texto que dedico aos heróis voluntários, que se mostram incansáve...
09/05/2024

Heróis voluntários
Por Themis Pereira de Souza Vianna

Um texto que dedico aos heróis voluntários, que se mostram incansáveis e, acima de suas forças, trabalham como guerreiros marchando com destemor sobre um inimigo que se mostra incontido. Em meio às casas destroçadas salvam idosos, crianças — algumas com poucos meses — e até animaizinhos domésticos. Enquanto outros, atuam em outras frentes, demonstram preocupação e zelo pelos resgatados, provendo-lhes abrigo, medicamento, roupa e comida.
A enchente que se abateu sobre o Rio Grande do Sul traz em sua casualidade um destino de ruínas e perdas — dor, morte, lavouras destruídas, pontes derrubadas, estradas interrompidas e falta de água e luz. Tudo o que parecia uma chuva corriqueira não passou de um introito, uma preparação para a hecatombe que se preparava a chegar. Ele chegou e suas consequências não param. O dia de hoje e os próximos, o aeroporto de Porto Alegre continuará fechado. O abastecimento de gasolina e gás continua uma ameaça, as fornecedoras não conseguem chegar ao destino.
A cada dia a enchente se expande mais e mais, mesmo com a breve trégua da chuva. E seus tentáculos crescem em agressividade incontida. Desce dos morros onde se abriram vertentes, onde árvores e pedras foram arrancadas e arrastadas, que em sua queda esmagavam as coisas, animais, galpões, tratores, casas e ceifavam vida. O fenômeno se repetia quase idêntico em dezenas de regiões para culminar o destino nas áreas de afluência. Assim, Porto Alegre, uma cidade com mais de 1,5 milhão de pessoas, vive a sua maior catástrofe provocada pela fúria das águas que continuam vindo pelos afluentes ao ponto de conseguir afetar as linhas aéreas, suspender voos, interromper o trem urbano, inundar a rodoviária, fechar o comércio no centro histórico e deixar partes da cidade inacessíveis. Incluiu o Campeonato Brasileiro, onde os jogos locais da dupla grenal foram suspensos.
Não obstante à circunstância desgraçada, fatal, destrutiva, emocional e psicologicamente inaceitável, numa espécie de luz divina — surgem eles — os voluntários. Na maioria, são jovens com olhares de espanto, de indignação pelo sofrimento das vítimas. Sua resposta é a ação. Incluo também as pessoas das demais faixas etárias, aliás de todas as idades. Lembro o Marcel van Hattem na sua rede social, colocando a foto de um bombeiro onde ele destaca com a legenda: “Este é um bombeiro militar gaúcho resgatando uma senhora idosa da enchente no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, salvando sua vida”.
Assim quero honrar a todos os voluntários e também todos os bombeiros, aos soldados do Exército, que entraram nas águas barrentas de correntezas fortes concientes dos riscos, mas conscientes de seu dever humanitário. Enquadro os empresários que disponibilizam seus helicópteros e acalentam os funcionários das lojas destruídas, que eles continuarão com seus contratos inclusive o 13° antecipado. Também ao Veleiros do Sul e o Jangadeiros, que seguem atuando no resgate dos moradores das ilhas de Porto Alegre.
Sim é hora de elogiar como o já fiz em uma outra matéria que publiquei exaltando com orgulho de mãe a determinação da minha filha Camila Oliveira, atuando com um grande grupo de jovens, grupo que merece ser chamado de heroico. Destaco a galera do Wakepoint, mesmo perdendo sua estrutura para enchente trabalharam na busca das vítimas incansavelmente.
O elogio é o mérito a esses nomes cujo comportamento humanitário é, por enquanto, a única recompensa e o reconhecimento que posso dar-lhes.
É preciso concordar com a visão de Èmile Durkheim, que a solidariedade espontânea sobressai onde há um vácuo de carência do aparato governamental, que não cumpre as suas obrigações.

Enchente do Guaíba | Quando a natureza tem a última palavraPor Themis Pereira de Souza Vianna Há uma frase muito recorre...
06/05/2024

Enchente do Guaíba | Quando a natureza tem a última palavra

Por Themis Pereira de Souza Vianna

Há uma frase muito recorrente que todo mundo já ouviu: “As coisas ruins f**am diferentes quando nos atingem”. Faço um acréscimo: As coisas f**am muito, muito diferentes, ou piores, quando uma calamidade chega à porta da nossa casa. Pois resido em um condomínio às margens do Guaíba, que em tempos normais é um idílio de beleza e bem-estar. Nos últimos dias, no entanto, o murmúrio de suas águas aumentou para pequenos grunhidos das ondas inquietas e o volume das águas não para de aumentar, chegando próximo à casa. As notícias crescem em alertas, mesmo se a chuva cessasse o Guaíba continuará a aumentar por causa da chegada de seus afluentes. Alguns até comparam a atual enchente com a de 1941 e outros dizem, que é superior.
O poder da natureza prevalece sobre a nossa vontade e, quando ela chega ameaçadoramente viva e furiosa com os seus arcanos, f**amos impotentes diante de uma grande catástrofe. Ela opera com seus dois elementos mais vitais, o fogo e a água. Com suas lavas ígneas, o magma fluído do Vesúvio queimou e derreteu tudo o que estava à frente destruindo as cidades romanas, Pompeia e Herculano, de tal forma que jamais foram reconstruídas. Suas ruínas só foram redescobertas no século XVIII de forma involuntária. Já a água, elemento vital para a vida, mas que em excesso, traz consigo uma força destrutiva. As chuvas de 1931 na China, que duraram de julho a novembro, aliadas ao derretimento da neve do alto das montanhas, avolumou o rio Huang Ho que se estendeu por centenas de quilômetros além margens e provocou a maior enchente dos últimos séculos — matou no mínimo 150 mil pessoas diretamente e por efeitos de destruição de plantações e terras aráveis, trouxe doenças (cólera, sarampo e esquistossomose), fome e mais mortes, calculadas entre 2,7 a 23 milhões.
As pessoas perdidas em seus afazeres cotidianos, embora preocupadas com a sua segurança, não estão preparadas com os perigos naturais. A maioria está confiante de que tudo está em ordem. E pouco sabe a influência dos ciclos do Sol e da própria terra e muito menos com o que poderá vir do espaço. Em 30 de julho de 1908, na Sibéria, caiu um meteorito com o poder explosivo de duas vezes a bomba sobre Hiroshima. Não houve tragédia porque caiu em área deserta. Mas o impacto ígneo foi tão grande que que o objeto incendiou dois mil quilômetros quadrados de floresta. Mais um alerta geralmente despercebido: “No dia 21 de maio de 1993, no Arizona, foi descoberta uma rocha no céu. A pedra, batizada de KA2, se deslocava com uma velocidade de 77 mil quilômetros por hora (...) o que na época lhe valeu um registro no livro Guiness dos Recordes como o asteroide que passou mais próximo da Terra”.
Esta análise revela que a vida humana em nosso planeta é suscetível ao poder da natureza com suas leis físicas. Que não é permitido ao homem ignorar o ciclo das tempestades magnéticas do Sol que se refletem no clima, nem o comportamento das placas tectônicas, nem aquilo que acontece no espaço. Sem ignorar também os desmatamentos, a irresponsabilidade no tratamento das águas dos rios, lagos e do próprio mar. O primeiro grito climático deve voltar-se à conduta humana em relação aos seus descartes e exigir a responsabilidade das autoridades públicas com o lixo, aplicando multas severas aos infratores. O descarte nas ruas traz reflexos e entope as grades de proteção e acumula resíduos nos bueiros, que não vencem escoar a sujeira absorvida, que volta à superfície como acontece em Porto Alegre. O subsolo devolveu, além dos plásticos, as baratas que procuravam as paredes e centenas delas ziguezagueavam tontas e desesperadas. O Mercado Público da Capital ficou tomado delas.
O ser humano, de uma vez por todas, precisa se conscientizar de que as vias públicas não são locais para descartar absolutamente nada. Já o saneamento básico deve ser uma meta prioritária dos governantes. Infelizmente em nosso Brasil, onde a prioridade — na visão de alguns gestores — é sustentar a gula da máquina pública atrofiada e inchada por uma casta de privilegiados, o saneamento é renegado. Dados oficiais do Senado indicam que 40 milhões de famílias não têm sequer um banheiro dentro de casa. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento há mais de 100 milhões de brasileiros sem acesso à coleta de esgoto e 35 milhões sem água tratada. Não basta vir com um jatinho e prometer verbas que nunca chegam.
São dados que denunciam más gestões públicas. Claro, nenhum governante é culpado pela fúria de uma enchente. Mas deveria em sua gestão fazer todo o possível para impedir a fixação de moradias em áreas de inundações pontuais — geralmente invasões e sem qualquer estrutura. Não é solução para uma calamidade como enchentes catastróf**as, mas amenizaria quando elas chegam.
Em meu livro sobre o Guaíba escrevi sobre as posições de Porto Alegre, da cidade de Guaíba e Eldorado do Sul que estão localizadas na foz, no funil de uma Região Hidrográf**a composta por nove bacias, onde o rio Jacuí é o maior tributário absoluto com quase 85% do volume de água. Nasce nas proximidades de Passo Fundo a quase 700 metros acima do nível do mar. Um indicativo que as chuvas intensas na região serrana se refletem no Delta e no Guaíba. O rio Caí e rio dos Sinos, ambos têm suas nascentes no alto da serra gaúcha, e chuvas fortes, mesmo afastadas, descarregam sua vazão no Delta, sem esquecer o rio Gravataí, embora com características diferentes. E já não se pode mais falar de uma única região. A calamidade atinge o Estado inteiro. E sequer podemos imaginar o que virá como consequência.
A primeira enchente registrada na história de Porto Alegre foi a de 1833 numa época que a cidade tinha apenas 13 mil habitantes. Naquele século ainda ocorreram outras cheias de grandes proporções: as de 1841, 1847, 1850, 1873, 1897 e 1898. Na primeira metade do século seguinte ocorreram três enchentes de grandes proporções: em 1905, 1912 e 1914, ano que marcou o início da Primeira Guerra Mundial e década que Porto Alegre duplicou sua população. Esta enchente, segundo o jornal Correio do Povo, foi a maior até então e considerada uma catástrofe.
Já a enchente de 1926, tem uma novidade. A cheia foi a primeira a ser medida por um pluviômetro, que registrou uma precipitação de 313,7 mm. Dois anos depois, 1928, ocorreu outra de grande dimensão, mas inferior a anterior, foi de 225,5 mm. A natureza se conteve durante cinco anos para provocar em 1941 a maior enchente na história da Capital Gaúcha, até então conhecida. Durante 22 dias, de 10 de abril, uma quinta-feira, a 14 de maio, a chuva não deu trégua para bater o recorde de precipitação, 619,4 mm (segundo a Prefeitura, o nível aumentou para 791 mm, mesmo sem chover, pois as águas do Guaíba continuaram subindo devido à vasão dos rios tributários). O rio se aproximou dos cinco metros acima de seu nível normal, 4,76 metros exatos selando a marca máxima na história de Porto Alegre. São dados que constam no meu livro.
Ao que tudo indica, no entanto, estamos vivendo a maior enchente conhecida no Rio Grande do Sul, que transcende a região metropolitana de Porto Alegre. Há dezenas de cidades ilhadas sem água e luz. Rodovias bloqueadas e pontes caídas. O barco e o helicóptero passam a figurar como os únicos instrumentos de acesso. A cada momento chegam novos dados, conforme a ZH: “O nível do Guaíba chegou a 5m32cm na madrugada deste domingo (5 de maio)”. “É o valor mais alto da história”. Conforme informações da plataforma da Agência Nacional de Águas (ANA).
Diferente do histórico das enchentes e maior do que a de 1941, desta vez todos nós somos vítimas. Mesmo a quem as águas não atingiram diretamente, porém, será afetado pelas consequências. Os alimentos f**arão mais caros.
Eu afirmei no início que as coisas f**am muito diferentes quando nos atingem. Essa enchente me alcançou ao me obrigar a subir os móveis ao andar superior. Fui tirada da zona do conforto e submetida aos degraus da escada. Fui subjugada por um poder alheio a minha vontade e não tive escolha senão a submissão, pois tamborilar da chuva nas possas d´água, que lambiam minha casa, eram bem claras e ameaçadoras. Exigiam que eu saísse.
Quando a natureza nos intimida e nos diz que é ela que tem a última palavra, nos resta obedecê-la. Toda nossa confiança e segurança é abalada quando uma força superior se impõe. São momentos que percebemos nossa fragilidade. Nos tornamos carentes e dependentes de ajuda. No meio de uma crise percebemos o que tínhamos e não valorizamos o suficiente. Coisas banais como abrigo, água e luz, de repente, em face a sua ausência descobrimos a sua importância.
Terry Orlick em seu livro Vencendo a Competição afirma que o segredo de enfrentar as contingências da existência é nunca se abandonar. Isso não signif**a que ganharemos de volta o que perdemos. Mas a qualidade da nossa vida pode ser enriquecida por pessoas que são afetuosas e que nos cercam nos momentos cruciais.
Minha filha, a Camila, não ficou parada. Aderiu à ajuda solidária. Trabalha dedicadamente preparando porções de comida, trabalha no acolhimento das famílias. Tenho orgulho de suas iniciativas. De seu engajamento. Percebeu o que signif**a quando uma família perde tudo o valor que uma pequena peça de roupa e um prato de comida representam. Muitos condomínios usam seu salão de festa para cozinhar e preparar marmitas que são levadas aos abrigos. Um grande empresário mandou dois de seus helicópteros ao Rio Grande do Sul para ajudar nos resgates. Belo exemplo.
Nem tudo na raça humana está perdido. Em momentos de grande infortúnio descobrimos os grandes valores e nos autodescobrimos.
Contabiliza perdas e ganhos. Em nossa vida individual precisamos ter consciência do que perdemos e do que ganhamos. Viver é uma constante oscilação entre esses dois extremos: ganhar e perder.

Um músico Erudito em Canoas — Comparo Luciano Reis a excelência de David GarrettPor Themis Pereira de Souza ViannaA vida...
20/09/2023

Um músico Erudito em Canoas — Comparo Luciano Reis a excelência de David Garrett
Por Themis Pereira de Souza Vianna
A vida se torna bela quando fazemos dela uma arte. Usando um pouco de vaidade, posso dizer que a minha tem longas caminhadas pelo mundo artístico e histórico. Adoro ler e escrever. Os livros são meus companheiros espirituais que se amontoam ao meu redor, tendo entre as páginas marcas de papel indicando destaques de leitura. Milan Kundera está entre os autores de minha preferência. Adoro também contemplar pinturas. Em 2015, visitei o Museu d’Orsay, em Paris, fiquei admirada com duas obras de Claude Monet, ‘Mulher com Guarda-sol’ e ‘Poppies’. São telas pintadas ao ar livre com talento impressionista, reproduzindo paisagens campestres. Adoro esses cenários, pois Monet admirava a natureza como principal protagonista, por vezes, incluindo damas requintadas destacadas com pinceladas leves para dar atenção especial aos detalhes de seus rostos e seus vestidos.
Entre as artes, finalmente, destaco de maneira especial a música. Ela tem algo diferente às demais. Ela inebria os sentidos. Mexe a alma com a sua combinação de sons e silêncios. A maior parte do meu pendor à música eu herdei da minha vó Célia Vargas. Quando pequena adorava ouvi-la cantar. Hoje eu sei que a sua voz de soprano alcançava as notas mais altas nas escalas do canto lírico — gênero que me emocionava muito. Trago dentro de mim essa memória afetiva. Foi ela que me fez entender que a música enleva o ser humano com sentimentos nobres e o conduz a sensações sublimes.
Fiz esse preâmbulo para chegar ao âmago do meu tema, que trata sobre a arte musical e que traz como foco minha descoberta de um músico cheio de talento que vai do rock ao erudito. O nome dele é Luciano Reis. É baixista, violinista, vocalista e professor de música. Executa com maestria seu violino tanto no gênero pop como ‘Spending My Time’ (Roxxete), quanto no erudito ao tocar ‘Träumerei’ (Robert Schumann), ou nos clássicos românticos como ‘Lippen Schweigen’ de Franz Lehár ou ‘Imagine’ de John Lennon.
Ouso compará-lo com o violinista alemão, David Garrett, aquele que aos quatro anos ganhou um violino do pai e no ano seguinte já venceu uma competição. Aos 13, assinou seu primeiro contrato de exclusividade com a gravadora Deutsche Grammophon. Em 2013 interpretou o compositor e violinista italiano Niccolo Paganini no filme The Devil's Violinist
Confesso que ao ouvir Luciano Reis tocar ‘Spending My Time’ (Roxette) fiquei impressionada com o nível de precisão de manejo do violino, fechei os olhos e num breve lampejo de minha mente o elevei à estatura do violinista alemão. No meu ver os dois talentos se combinam. E foi nesse momento de reflexão que nasceu esta crônica. Achei que tinha o dever de escrever e publicar a constatação da transcendência de um grande talento com seu estúdio radicado próximo ao centro de Canoas, cidade contígua a Porto Alegre.
Mas, afinal, quem é Luciano Reis? Que caminhos ele percorreu para cativar a minha admiração? Como todos os mortais seu crescimento foi aos poucos. Conforme seus próprios dados, ele é formado há mais de vinte anos pelo Conservatório musical da Unisinos. Não satisfeito, deu continuidade ao aperfeiçoamento musical na Universidade Federal do Rio Grande do Sul sob a orientação do professor Fred Gerling. Atuou em orquestras no estado e fora dele. Na orquestra da Feevale alcançou a condição de primeiro-violinista (o ‘spalla’ responsável pela execução de solos e outros apoios).
Luciano Reis é hoje um multiartista. Seu trabalho é abrangente e atua tanto no palco quanto em eventos, que vão desde uma festa de aniversário ao casamento tematizado. Mas não abre mão do Rock e no dia 7 de outubro ocupará o palco do Bar e Casa de Eventos Opinião em Porto Alegre. Seu talento eclético atinge vários públicos entre jovens e adultos. E aqui f**a o meu convite para o ROCK Concert — A mistura do Rock com Música Clássica. Nesse dia fará o lançamento do DVD “Ao Vivo”. Estarei lá prestigiando a quem defino como uma estrela ascendente no mundo musical brasileiro.

Endereço

Avenida Diario De Noticias, 200 Sala 701
Porto Alegre, RS
90680-001

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