18/08/2023
A Casa
A casa com janelas brancas e uma vista esplêndida, silenciosa. Através da janela o sol irradiava a sua luz, transmitida para todo o cômodo da sala através do véu da cortina, o sofá aconchegava uma dúzia de habitantes, o que era impossível para a mesa do canto que apenas tinha um acento, sobre a mesa havia uma divina suculenta, emanava um cheiro suave quando uma brisa lhe soprava, diante o período diurno crescia milímetros, não deixara de ser habitat de uma ínfima joaninha. O dormitório continha uma cama grande, ao seu lado direito havia um piano, sobre sua superfície estivera um único porta retrato, de uma moça que já vivera uma vida de aventuras e possuira olhos intrépidos, frente ao porta retrato estara uma folha funesta de arruda. A janela com vista ao lago, coberta por uma leve poeira. Em seus quatro cantos haviam espelhos circulares repleto de luzes, cômpar a de vagalumes em uma noite de verão. A única coisa que houvera para ver, seria a si mesmo. Em todo o silêncio presente no seu interior era possível ouvir o gorgolejo dos pássaros e o soar dos cristais vindo do quintal, quintal similar a outros, exceto pelo lago de água límpida contornado por árvores frutíferas, lago semelhante a um espelho refletindo a posição das árvores e o sol que passara sua luz através dos galhos perseguido por nuvens níveas, aquele lago, não perdia um detalhe do céu, houvesse sol, chuva ou arco-íris. O banco cálido em frente ao lago sentia o secar das folhas em cada estação, o agarrar das plantas em sua extensão o tornara mais ameno.
Por si só era um lugar convidativo, vívido e calmo, recebia a todos que por ali passara, no qual colecionara incomparáveis lembranças, dignas a tal ponto que o esquecimento jamais os cobriu determinadas memórias. Apesar de toda a vastidão do lar ser demasiadamente ilustre, havia um lugar inabitável por todos que por ali passara, e que ninguém sequer conhecera. Tratava-se de um ambiente pequeno, escuro, úmido, sem janelas, paredes ásperas, o som exterior era inaudível, qualquer ser trivial sequer poderia observar o recinto sem questioná-lo, o fato do espaço ser invisível aos olhos o tornara sempre vazio. Mesmo que o lar estivesse sempre cheio, iluminado, ao som de Beethoven no piano reluzente, aos ruflar dos pássaros, ao piscar dos vagalumes, ao límpido lago reflexivo. O espaço sempre houvera de estar inabitável e vazio.
Texto autoral : Mulheres bruxas