09/05/2023
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Edição 727- www.aguaonline.com.br
SANEAMENTO FAZ BEM AO MEIO AMBIENTE?
Parte 1
A melhor estratégia para combater a poluição e garantir a segurança hídrica é universalizar os serviços de saneamento.
Jornalista Cecy Oliveira – editora da Aguaonline.
Um estudo inédito sobre a prática ESG na cadeia de saneamento básico no Brasil – desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a KPMG no Brasil e intitulado: ESG e Tendências no Setor de Saneamento do Brasil – considera que “o acesso pleno aos serviços de água e esgotamento sanitário pode ser uma das principais chaves para a proteção do meio ambiente, prevenção às mudanças climáticas e combate à pobreza”.
E reforça que hoje, no Brasil, cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável e 100 milhões aos serviços de esgotamento sanitário. Isto signif**a que os esgotos domésticos produzidos por quase metade da população brasileira são dispostos inadequadamente na natureza. Isto, por si só, já representa um enorme passivo ambiental que precisa ser saneado.
De acordo com o Governo Federal, são necessários cerca de R$ 500 bilhões em investimentos, até 2033, para que o acesso à água e ao esgoto tratado seja uma realidade para todos os brasileiros.
Considerando o período entre 2021 e 2040, é esperado que os benefícios promovidos a partir da universalização do saneamento alcancem R$ 1,4 trilhão em todo o país, sendo R$ 864 bilhões de benefícios diretos (renda gerada pelo investimento e pelas atividades e impostos recolhidos) e R$ 591 bilhões devido à redução de perdas associadas às externalidades. Os custos incorridos no período devem somar R$ 639 bilhões. Assim, os benefícios devem exceder os custos em R$ 816 bilhões, ou R$ 40,8 bilhões por ano, indicando um balanço social bastante promissor.
O estudo apresenta um panorama sobre como o setor de saneamento e os atores que compõem sua cadeia se relacionam com os aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) em torno de suas operações.
Como já se sabe, levar o saneamento básico signif**a também promoção da saúde e proteção do meio ambiente, com práticas de tratamento, reuso sustentável da água, descartes adequados de resíduos e desenvolvimento das comunidades locais. Dados do Diagnóstico Temático do SNIS, publicado em dezembro de 2022, em relação à água, identif**am que 16% da população não têm acesso à rede de água tratada o que signif**a que cerca de 35 milhões de brasileiros vivem em condições de vida insalubres.
Há, ainda, 40,3% de perdas na distribuição de água tratada, em virtude de fraudes e vazamentos em redes de abastecimento que estão em condições precárias.
Nos temas ambientais o tratamento dos esgotos traz rápida melhoria da qualidade dos recursos hídricos. Mas há outros impactos positivos como a preservação ambiental, na promoção do turismo e na eliminação dos “esgotos a céu aberto”, o que reflete diretamente no bem-estar e na economia do país.
Há dois outros componentes, pouco mencionados, que são o da drenagem urbana e gestão das águas pluviais e a gestão dos resíduos sólidos que também integram o saneamento.
O país tem pago um preço elevado em perdas de vidas e patrimônios em episódios de enchentes, inundações e enxurradas. As consequências destas catástrofes climáticas podem ser bastante minimizadas com gestão adequada tanto dos serviços de drenagem como a dos resíduos sólidos. Estes dois ramos do saneamento são dos mais afetados pela falta de efetiva gestão integrada, uma vez que as atribuições estão repartidas entre o município, o Estado e a União.
O Rio Grande do Sul já tem seu Plano Estadual de Resíduos (PERS-RS) e acaba de concluir o PLANESAN-RS – Plano Estadual de Saneamento. Resta agora trabalhar para que as propostas neles contidas sejam efetivamente transformadas em ações de curto, médio e longo prazos.
Entre as principais conclusões apresentadas pelo estudo estão as seguintes:
Apesar da enorme e reconhecida importância do setor há ainda muito a ser entendido e explorado no que diz respeito ao seu papel na agenda de adaptação às mudanças climáticas, geração distribuída de energia, economia circular e geração de empregos relacionados com esta agenda de transição.
As grandes empresas de saneamento publicam mais dados sobre a gestão dos aspectos ESG do que as empresas de pequeno e médio portes.
A transição do setor não será impulsionada somente pelo novo marco do saneamento, mas também pelo inter-relacionamento de fatores como as mudanças climáticas que influenciam o fluxo, localização e sazonalidade das chuvas ou a transição da economia global e nacional para uma economia de baixo carbono onde emissões serão contabilizadas e possibilidades de absorção de carbono extremamente valorizadas.
O estabelecimento de uma economia circular já se delineia na área de resíduos – incluindo os próprios resíduos gerados no ciclo de tratamento da água e do esgoto doméstico – com as metas de fim dos lixões, ampliação do aproveitamento energético e a expansão da coleta seletiva.
Fonte: Trata Brasil. https://tratabrasil.org.br/esg-e-tendencias-no-setor-de-saneamento-do-brasil/
O estudo apontou alguns dos principais desafios que as lideranças do setor e seus especialistas devem enfrentar em vários níveis:
Trabalhar juntamente com toda a sociedade para que os investimentos necessários para implementação do novo marco do saneamento sejam garantidos;
Promover a adaptação da cadeia de valor – reguladores, empresas, fornecedores e clientes – às mudanças climáticas, que exigirá nova governança para gestão de recursos hídricos num ambiente com mudança na sazonalidade das chuvas, enchentes e secas;
Reduzir a dependência do setor em relação às fontes centralizadas de energia, que também será impactada pelas mudanças climáticas. O setor utiliza grandes quantidades de energia – cerca de 3% do consumo do país;
Desenhar e implementar um plano de descarbonização de suas operações e de seus fornecedores;
Entender e explorar as oportunidades geradas pela transição para operações de baixas emissões de carbono, economia circular, regeneração de ecossistemas e inclusão social.
O estudo aponta que o setor de saneamento será fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas, que influenciam na sazonalidade das chuvas, enchentes e secas, e consequentemente, impactam no acesso pleno à água potável.
“Universalizar o saneamento será determinante para a preservação do meio ambiente, uma vez que, no país, são lançadas 5.522 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento por dia em nossos rios e mares. Esta é a chave para termos água na quantidade e qualidade necessária para as futuras gerações” – aponta Luana Siewert Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil.
Este estudo se propõe a ser o começo de uma conversa sobre como os líderes e especialistas de toda a sociedade devem entender o papel crítico que este setor tem e terá, e como podemos formar alianças para que recursos hídricos sejam gerenciados e protegidos para o benefício de todos.”, comenta Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG Advisory da KPMG no Brasil e na América do Sul.
Fonte: Trata Brasil. https://tratabrasil.org.br/esg-e-tendencias-no-setor-de-saneamento-do-brasil/.