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A Mídia Antirracista do Ceará. Desde abril de 2011. Viste nosso Blog: https:/ Uma mídia antirracista.

Poeta, militante negro e LGBTQIA+, o professor Alex Ratts relembra nesta entrevista sua trajetória como ativista e pesqu...
22/07/2024

Poeta, militante negro e LGBTQIA+, o professor Alex Ratts relembra nesta entrevista sua trajetória como ativista e pesquisador, tramada pela formação da própria identidade como pessoa negra em um contexto no qual a classif**ação de pardo desafia a noção de pertencimento. Professor titular na UFG, Ratts desenvolveu estudos sobre questões étnicas, raciais, de gênero e sexualidade em perspectiva interseccional.À Cult, ele fala sobre sua formação, cotas raciais e afirmação da negritude pelo corpo. “Eu compreendo a questão fenotípica que já apareceu desde as ações afirmativas. Mas é também uma questão de corporeidade. É uma questão de como o corpo é interpretado.”
Alex, você pode ser classif**ado como uma pessoa parda. Quando você se descobriu negro e como se deu esse processo? Esse tema sempre me acompanha, mas nunca escrevo nem falo muito a respeito. Nasci em Fortaleza em 1964 e pertenço a uma família ou duas famílias inter-raciais, interétnicas. Convivi muito mais com a família da minha mãe, que é uma mulher branca. Mas ela tem irmãos que são pessoas reconhecidas como negras em qualquer lugar deste país. A família do meu pai quase não tem branco, eu não lembro, apesar do sobrenome que eu herdo, Ratts, vir do meu pai.

Não fui criado como negro, mas também não fui criado como branco. Nos anos 1970, entrando para os 1980, época que coincide com os movimentos pela democratização, com a abertura política do Brasil, esse tema passa a ganhar mais força na minha família.

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O Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica (GEPAFRO) está comprometido com a luta contra o racismo através ...
22/07/2024

O Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica (GEPAFRO) está comprometido com a luta contra o racismo através do letramento racial. Para fortalecer as ações e ampliar o impacto, o grupo lançou uma loja com uma variedade de produtos que não só celebram a cultura e resistência negra, mas também ajudam a sustentar as atividades desenvolvidas em prol da luta antirracista.

A loja do GEPAFRO iniciou as atividades no dia 10/07, no Centro Cultural do Cariri, e também está marcando presença na Expocrato 2024. O grupo está expondo seus produtos no estande Mundo I, no Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcanti, em parceria com a Universidade Regional do Cariri (URCA), Unimed Cariri, o Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) e a empresa Lumiere Negócios Inovadores. A educação é uma das ferramentas mais poderosas na luta contra o racismo. O GEPAFRO se trata de um projeto formativo constituído no seio da academia pública brasileira com a função de desenvolver práticas voltadas para o ensino, a pesquisa e a extensão, desempenhando um papel fundamental na luta antirracista, oferecendo um espaço de reflexão, aprendizado e ação coletiva.

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A professora Zuleide Queiroz, da Universidade Regional do Cariri (URCA) e filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSO...
21/07/2024

A professora Zuleide Queiroz, da Universidade Regional do Cariri (URCA) e filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), é um dos nomes cotados para ser vice-prefeita na chapa de André Barreto, escolhido para a cabeça de chapa do Partido dos Trabalhadores (PT) no município de Crato, na região do cariri e apoiado pelo atual prefeito, José Ailton, também do PT.

A informação foi divulgada pelo jornalista Tarso Araújo, no Portal Leia Sempre. Segundo ele, "o nome de Zuleide vem ganhando força pois ela tem apoio dos movimentos sociais e sindicais de Crato e de movimentos ligados as lutas das mulheres" no município.

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Disponível na Netflix, o documentário “A Primeira Barbie Negra” (“Black Barbie: A Documentary”, no título original) ofer...
12/07/2024

Disponível na Netflix, o documentário “A Primeira Barbie Negra” (“Black Barbie: A Documentary”, no título original) oferece uma visão reveladora da evolução da Mattel em direção à representatividade e diversidade racial em seu produto principal.

Um dos aspectos mais intrigantes do documentário, com produção executiva de Shonda Rhimes, é o relato de que a primeira boneca negra da Mattel, introduzida nos anos 1960, não era inicialmente uma Barbie, mas uma amiga da versão branca da famosa boneca.

Ex-funcionárias negras da Mattel recordam que, na época, simplesmente escureceram a pele da boneca sem alterar suas características faciais – como maçãs do rosto, nariz, lábios e olhos -, que ainda refletiam traços típicos de pessoas brancas.

De fato, a Mattel já havia lançado sua primeira boneca negra em 1967, inicialmente chamada de Colored Francie, considerada prima da Barbie, que já existia na versão branca desde o ano anterior.

Tudo mudou com a entrada da designer negra Kitty Black Perkins, que criou a icônica Black Barbie em 1980, inspirada na cantora Diana Ross e completamente distinta da Barbie original.

“Eu queria que as meninas negras tivessem uma boneca que realmente se parecesse com elas. Queria que refletisse a aparência completa de uma mulher negra. Ampliamos os lábios, alargamos o nariz. Queríamos que fosse o oposto completo da Barbie”, recorda Kitty Black no documentário.

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Na próxima sexta-feira (12), a ministra Anielle Franco participará de um encontro com mulheres negras na Casa Akotirene,...
10/07/2024

Na próxima sexta-feira (12), a ministra Anielle Franco participará de um encontro com mulheres negras na Casa Akotirene, em Ceilândia, como parte das comemorações do Julho das Mulheres Negras. Durante o evento, a ministra anunciará detalhes do edital de fortalecimento de Organizações da Sociedade Civil (OSC) atuantes no combate ao racismo e pela justiça social, com um investimento de R$ 1,6 milhão.

O edital, que será publicado ainda este mês, irá selecionar 20 organizações que atuem no combate ao racismo, acolhimento de vítimas de crimes raciais e incidência internacional em mecanismos multilaterais para promoção da justiça racial. Esta iniciativa visa fortalecer o trabalho dessas organizações, ampliando o impacto de suas ações na sociedade.

A agenda do evento inclui um café da manhã e uma roda de conversa para escuta e troca de experiências com a comunidade e com as mulheres que realizam os cursos gratuitos de informática, capacitação profissional, serviços, oficinas de estética e cultura afro-brasileira oferecidos pela Casa Akotirene.

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Há 100 anos, a criação de um jornal na cidade de São Paulo deixava marcas com o pioneirismo em relatos contra o racismo ...
02/03/2024

Há 100 anos, a criação de um jornal na cidade de São Paulo deixava marcas com o pioneirismo em relatos contra o racismo e a ampliação de espaço ao movimento negro.

Fundado no dia 6 de janeiro de 1924 pelos intelectuais negros Jayme de Aguiar e José Correia Leite, O Clarim d’Alvorada se tornou referência na politização do debate sobre a questão racial, segundo Flávio Thales Ribeiro Francisco, doutor em história social pela USP (Universidade de São Paulo) e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC).

Embora outros jornais já debatessem questões ligadas ao que chamavam de “preconceito de cor”, termo utilizado na época, O Clarim intensificou o caráter noticioso e combativo anos após seu surgimento, quando mesclava denúncias de racismo com conteúdo de entretenimento.

“Em 1928, O Clarim se consolida como um jornal político. Isso teve a ver com o contexto nacional. O movimento negro acompanhou o processo de articulação de agendas baseadas em diferentes correntes ideológicas. Na época, o debate público efervescia. Isso f**a claro com a Revolução de 1932”, afirma.

Segundo Francisco, especialistas identif**am a formação da imprensa negra ainda no século 19. No período, o foco era o debate contra a escravidão e a respeito da situação dos negros livres. Após a abolição, em 1888, as publicações propõem debates sobre a nova condição dos negros.

De forma similar, O Clarim focou a importância da educação para a população negra e os limites da abolição implementada. “Falava da importância de se criar uma segunda abolição, porque a primeira não havia sido suficiente para dar conta da integração da população negra“, diz.

O jornal também circulou em outras cidades paulistas, como São Carlos e Sorocaba, e em algumas capitais, como Salvador e Rio de Janeiro, afirma Maria Cláudia Ferreira, doutora em história, política e bens culturais pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e professora da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira).

O periódico chegou ainda aos Estados Unidos e, no Brasil, dedicava espaço para divulgar conteúdos de jornais norte-americanos.

As páginas de O Clarim apresentaram poemas, biografias de abolicionistas e divulgação de datas importantes para a comunidade negra, além de discussão sobre como enfrentar o racismo.

Hoje, o jornal é considerado por historiadores um material importante para compreender o que acontecia com os negros brasileiros no século 20, afirma Ferreira. “Noticiou situações de racismo ignoradas pela imprensa nacional e local, que acabava não retratando parte da realidade da sociedade paulistana.”

Segundo João Paulo Lopes, doutor em história política pela Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e professor do Instituto Federal do Sul de Minas, o jornal se destaca de outras publicações pela longevidade e regularidade. A periodicidade variou entre semanal, mensal e trimestral. A tiragem chegou a 5.000 exemplares.

Bem-sucedido na época e com uma oficina gráf**a própria, O Clarim sofreu um baque em 1932, quando foi depredado por integrantes da Frente Negra Brasileira, a quem começou a fazer oposição.

De acordo com Lopes, a invasão se deu em razão de diferenças pessoais entre Correia Leite, um dos fundadores do jornal, e os irmãos Arlindo Veiga dos Santos e Isaltino Veiga dos Santos, que presidiam a Frente.

Depois da invasão, Leite tentou revitalizar o periódico. Ele lançou alguns números em 1935 e fez uma última tentativa em 1940, mas a publicação não teve continuidade.

“O jornal se destaca também pela insistência desse homem [Leite], que é uma figura muito importante do movimento negro do século 20”, afirma Lopes.

José Correia Leite nasceu em 1900, em São Paulo. Filho de mãe negra e pai branco que não o reconheceu, é considerado um dos nomes mais importantes do movimento negro e da imprensa negra brasileira. Ele ajudou a fundar, em 1931, a Frente Negra Brasileira, com quem depois romperia. Em 1932, fundou o Clube Negro de Cultura Social. Criou a Revista Niger, em 1960, e colaborou com as publicações A Voz da Raça e O Mutirão, dentre outras iniciativas.

Jayme de Aguiar foi outro importante ativista do movimento negro. Filho de família alforriada, nasceu e cresceu em São Paulo. Atuou em publicações como Evolução e O Patrocínio.

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Até 1830, pra se ter ideia, a lei permitia que os maridos castigassem fisicamente as esposas, uma herança das Ordenações...
24/02/2024

Até 1830, pra se ter ideia, a lei permitia que os maridos castigassem fisicamente as esposas, uma herança das Ordenações Filipinas, um conjunto de leis de origem espanhola adotada por Portugal e implantada no Brasil colônia. O direito de votar veio em 1932 - com a promulgação do decreto nº 21.076 no dia 24 de fevereiro, há exatos 90 anos -, como mais um capítulo de uma história longa, que vai muito além do acesso às urnas.

Até 1962, as mulheres casadas precisavam de autorização formal dos maridos para trabalhar - o Código Civil de 1916 via a mulher como incapaz para realizar certas atividades.

Nas escolas, até 1854 as meninas aprendiam corte, costura e outras "prendas domésticas", enquanto aos meninos se ensinava ciências, geometria e operações mais avançadas de matemática. Depois que o currículo foi unif**ado no ensino básico, ainda foram necessárias várias décadas até que as mulheres tivessem acesso mais amplo às universidades, algo que só ocorreu depois de 1930.

Nísia Floresta: o acesso à educação

Uma das precursoras dos movimentos pela conquista dos direitos das mulheres no Brasil viveu um século antes da promulgação do voto feminino.

Dionísia de Faria Rocha, que se tornaria conhecida pelo pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta, nasceu em Papari, no interior do Rio Grande do Norte, em 1810.

Numa época em que a vida das mulheres estava circunscrita basicamente à esfera doméstica, como esposas e mães, Nísia foi um ponto fora da curva. Foi do Rio Grande do Norte para Pernambuco, para o Rio Grande do Sul, para o Rio de Janeiro.

Viveu anos na Europa, onde transitava por círculos de intelectuais com nomes como Almeida Garret, Alexandre Herculano, Alexandre Dumas, Victor Hugo e Amandine Dupin - que se apresentava como George Sand, pseudônimo masculino que usava para assinar seus livros, algo que não era incomum naquela época.

Teve 15 livros publicados e escreveu uma tradução livre da obra Vindication of the Rights of Woman, da escritora inglesa Mary Wollstonecraft, intitulada Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens.

Vanguardista, Wollstonecraft chegou a publicar um livro em resposta aos escritos do filósofo Jean Jacques Rousseau, que afirmava, em Émile, ou da Educação, que a mulher, por ser intelectualmente inferior ao homem, deveria receber uma educação superficial, com ênfase maior na educação moral.

Ainda que não repetisse o discurso de rompimento da intelectual inglesa, Nísia defendia que as mulheres tivessem acesso à mesma educação que os homens.

Foi professora e fundou, em 1838, no Rio de Janeiro, um colégio para meninas com um currículo que ia bem além das aulas de corte, costura e boas maneiras previstas na lei. O programa do Colégio Augusto incluía latim, francês, italiano e inglês - tanto gramática quanto literatura -, geografia e história.

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Foi concluída nesta terça-feira, 30, na capital federal, a Conferência Nacional de Educação (Conae) 2024. O evento servi...
31/01/2024

Foi concluída nesta terça-feira, 30, na capital federal, a Conferência Nacional de Educação (Conae) 2024. O evento serviu para a realização da Plenária Final, que teve como finalidade examinar todas as emendas ao Documento-Referência do novo Plano Nacional de Educação (PNE) 2024-2034.

Importa destacar que as emendas passaram por votação, aprovação e,ou rejeição de delegados e delegadas com direito a voto, que foram eleitos/as nas conferências estaduais, municipais e distrital. A Conae começou no último domingo, 28 de janeiro.

Conforme informações divulgadas nos principais sites e portais do país, a Plenária Final ocorreu no Centro Comunitário Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB).

Dentre as deliberações, consta a implementação do Ensino de sociologia no 8 e 9° Ano do ensino fundamental, uma reivindicação antiga dos professores e professoras da disciplina.

A informação, considerada uma vitória da educação pública, foi compartilhada nas páginas "Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS)" e
"Sociologia Ilustrada", onde destaca que o texto foi aprovado no "documento base do Eixo III da CONAE".

Com influente produção acadêmica a respeito sobretudo do Brasil Colônia, a historiadora paulista Laura de Mello e Souza ...
27/01/2024

Com influente produção acadêmica a respeito sobretudo do Brasil Colônia, a historiadora paulista Laura de Mello e Souza acaba de ser contemplada com o Prêmio Internacional de História, concedido pelo Comitê Internacional de Ciências Históricas (Cish, na sigla em francês). A premiação leva em conta a qualidade da obra, a contribuição para o avanço da pesquisa histórica, além da atuação na área do ensino e formação de quadros.

“Do ponto de vista pessoal, além da surpresa, o prêmio é uma grande honra. Mas gostaria de frisar a importância dele para a comunidade de historiadores brasileiros, que é numerosa e competente, e tem sua visibilidade reforçada por um fato como esse”, declarou Mello e Souza a Pesquisa Fapesp.

Entre 2014 e 2022, a historiadora foi professora da cátedra de História do Brasil na Universidade Sorbonne, em Paris. Ao longo da carreira, também passou como professora visitante, por exemplo, pela Universidade do Texas (EUA), Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e Universidade Nacional do México. Porém sua trajetória se desenvolveu fundamentalmente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).

Na instituição paulista, onde ingressou como aluna na década de 1970, cursou graduação e pós-graduação. Em 1983, se tornou docente e, entre outras funções, foi chefe do Departamento de História (1999-2001) e vice-coordenadora do Programa de História Social (2002-2004), tendo se aposentado em 2014.

O Prêmio Internacional de História foi criado em 2015 e desde então agraciou três historiadores: o francês Serge Gruzinski, da École des Hautes Études em Sciences Sociales e do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), em 2015; o húngaro Gábor Klaniczay, da Central European University, de Budapeste, em 2016; e o indiano Sanjay Subrahmanyam, da Universidade da Califórnia (EUA) e do Collège de France, em 2022.

“Agora, pela primeira vez, o prêmio veio para uma mulher e para a América Latina”, comemora a historiadora Rita de Cássia Marques, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atual vice-presidente da Associação Nacional de História (Anpuh).

De acordo com a historiadora Ana Paula Torres Megiani, do Departamento de História da FFLCH-USP, a contribuição de Mello e Souza ao campo da história é vasta e já se inicia na pesquisa de mestrado, defendida em 1980, sob orientação do historiador Fernando Novais. A dissertação foi publicada com o título “Desclassif**ados do ouro: A pobreza mineira no século XVIII” (Editora Graal,1983), obra que ganhou várias reedições no Brasil e saiu também na França.

“Ela estudou uma camada da sociedade sobre a qual não se prestava atenção: os indivíduos livres que não tiveram acesso às riquezas durante o ciclo do ouro em Minas Gerais”, explica Megiani, uma das organizadoras da coletânea Traços. Da obra de Laura de Mello e Souza (Editora Ouro sobre Azul, 2021). Marques acrescenta: “É uma pesquisa que derrubou a crença em voga na historiografia brasileira da época de que a sociedade mineradora era mais democrática, oferecia maior mobilidade social, do que a sociedade açucareira. Ao se embrenhar pelas tessituras das hierarquias sociais, a autora mostrou que ali também havia opressores e oprimidos.”

Outras obras signif**ativas de Mello e Souza, segundo as entrevistadas, são “O diabo e a terra de Santa Cruz” (Companhia das Letras, 1986), “Feitiçaria na Europa moderna” (Ática, 1987) e “Inferno atlântico” (Companhia das Letras, 1993). Os três livros abordam a questão da religiosidade popular e traçam conexões entre o que acontecia na Colônia e no continente europeu.

Já em “O sol e a sombra” (Companhia das Letras, 2006), a historiadora analisou a administração portuguesa no Brasil do século XVIII. Mais tarde, escreveu o perfil do poeta Claudio Manuel da Costa (1729-1789), ligado à Inconfidência Mineira, a partir de pesquisas em inventários, escrituras e processos judiciais. O livro “Claudio Manuel da Costa – O letrado dividido” saiu em 2011, pela Companhia das Letras.

O nome de Mello e Souza foi aprovado pelo conselho diretivo do Cish, composto por 12 membros de diferentes países, como Estados Unidos, Japão, França e Itália. “A meta do prêmio é homenagear um historiador com obra original e singular, que tenha trânsito internacional e capacidade de abrir diálogos com seus pares”, explica a historiadora Eliana de Freitas Dutra, da UFMG, que atualmente ocupa uma das vice-presidências do Cish.

De acordo com Dutra, esse é o caso da obra de Mello e Souza, cuja produção se vincula ao estudo das chamadas dinâmicas globalizadas do mundo moderno. “Além de estabelecer conexões historiográf**as entre Brasil, Europa e África, ela trabalha com várias áreas da história, como econômica, literária e social. Não por acaso, tem estudos traduzidos em francês, inglês e espanhol”, enumera.

Se a premiação é recente, o mesmo não se pode dizer do Cish: a entidade foi fundada em 1926, na Suíça. “Sua criação acontece no contexto pós-Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de incentivar o diálogo entre os povos e reunir a comunidade internacional de historiadores”, conta a historiadora Gabriela Pellegrino Soares, da FFLCH-USP e membro da Coordenação de Área da Diretoria Científ**a da FAPESP.

Hoje, o Cish congrega por volta de 55 associações nacionais de história, como é o caso da brasileira Anpuh, e 27 organizações de pesquisa, a exemplo da Comissão Internacional de Demografia Histórica. “A ideia é não ap***s promover a ciência histórica por meio da cooperação entre os diferentes países, mas também discutir questões sobre ensino, ética profissional e desafios contemporâneos do nosso campo de pesquisa”, completa Dutra.

Com esse intuito, a cada cinco anos o Cish realiza um congresso mundial. O último deles ocorreu em 2022, na Polônia. Já a cerimônia de entrega da quarta edição do Prêmio Internacional de História deve acontecer durante a assembleia geral da entidade, prevista para outubro, no Japão.

“Claro que é preciso dedicação pessoal para receber uma honra como a que me concederam, sobretudo sendo mulher e tendo vida familiar”, comenta Mello e Souza. “Mas em meu campo de estudo e sobre a época que escolhi estudar, do século XVI ao começo do XIX, o trabalho é obrigatoriamente lento, a documentação é em grande parte manuscrita e nem sempre fácil de ler. Isso signif**a que sem apoio institucional, a exemplo das bolsas que recebi de instituições como FAPESP e CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], os êxitos se tornam bem mais remotos.”

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Blog Negro Nicolau é citado no artigo científico escrito pelo jornalista e editor do site "Ceará Criolo", Bruno Castro. ...
27/01/2024

Blog Negro Nicolau é citado no artigo científico escrito pelo jornalista e editor do site "Ceará Criolo", Bruno Castro. O título do texto foi A "Terra da Luz" tem preto sim! Um relato da experiência antirracista do portal Ceará Criolo como ponto de inflexão jornalística.

O Ministério da Cultura (MinC) anunciou 12 novas vagas para escritoras negras no Prêmio Carolina Maria de Jesus de Liter...
24/01/2024

O Ministério da Cultura (MinC) anunciou 12 novas vagas para escritoras negras no Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023. A quantidade total de premiadas passou de 61 para 73 escritoras.

De acordo com o MinC, a ampliação do número de premiadas pretende valorizar a escrita literária no país, a efetividade das políticas afirmativas e a promoção da diversidade literária brasileira.

Com a mudança, as candidatas da categoria escritoras negras, que obtiveram nota máxima na premiação (30 pontos), passam à categoria “ampla concorrência”, sem alteração do resultado já divulgado. As 12 novas vagas devem ser preenchidas observando a ordem de classif**ação e os critérios de desempate previstos no edital.

Agora, o número total de contempladas no Prêmio Carolina Maria de Jesus passa de 22 para 34 escritoras negras (46,57%). O prêmio também selecionou seis pessoas com deficiência (9,8%), três indígenas (4,9%), três quilombolas (4,9%) e 37 escritoras em ampla concorrência (60,6%).

Com o objetivo de impulsionar trabalhos literários produzidos por mulheres, o prêmio homenageia uma escritora brasileira de renome internacional: Carolina Maria de Jesus. O edital distribui R$ 50 mil para cada obra literária inédita produzida por mulheres brasileiras.

Com a ampliação no número de premiadas, o valor total oferecido pela pasta chega a R$ 3.650.000,00 (três milhões e seiscentos e cinquenta mil reais). O ministério analisou 1.922 obras literárias.

Edital do MinC é alvo de polêmica

A primeira edição do Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023 é alvo de polêmicas, depois que um grupo de escritoras negras apontou irregularidades na seleção e pediu a revogação do edital. No dia 11 de janeiro, o coletivo foi recebido por uma equipe do Ministério da Cultura para conversar sobre o assunto.

Em nota publicada nas redes sociais, o coletivo “Nós, Carolinas do Brasil” reconhece a importância da ampliação das vagas, que “beneficiará muitas mulheres merecedoras de tal prêmio”, mas ressalta: “a atitude não resolve os demais erros apontados com clareza pelo coletivo ‘Nós, Carolinas do Brasil’”.

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No próximo ano, será comemorado o centenário de nascimento de Clóvis Moura – historiador, sociólogo, jornalista, escrito...
22/01/2024

No próximo ano, será comemorado o centenário de nascimento de Clóvis Moura – historiador, sociólogo, jornalista, escritor e comunista. Embora tenha morrido no começo deste século (véspera de Natal de 2003), sua memória permanece muito viva. Por isso, no ano que antecede aos 100 anos desse piauiense de Amaranto, é importante responder a uma pergunta simples: Por que ler Clóvis Moura?

REFERÊNCIAS PARA UMA LEITURA DE CLÓVIS MOURA

Uma das consequências da passagem do tempo é a tendência ao esquecimento. Clóvis Moura morreu há mais de 20 anos. A ampliação dessa perspectiva, no sentido há pouco assinalado, é sempre um perigo. São nessas condições, no entanto, que a obra de um autor, não raro, é testada em sua efetividade.

Houve, nos últimos anos, certo direcionamento, e, em alguns casos, até um entusiasmo com relação ao legado histórico-sociológico contido nas obras de Moura. Em geral, talvez o contexto da época atual torne seus trabalhos ainda mais vestidos de contemporaneidade, em paralelo ao último quarto do século passado, período em que ele escreveu parte substancial de seus livros: O negro: de bom escravo a mau cidadão? (1977), Quilombos: resistência ao escravismo (1987), As injustiças de Clio: o negro na historiografia brasileira (1990) e Dialética radical do Brasil negro (1994).

Essa ascendência dos trabalhos de Clóvis Moura talvez também decorra de seu inequívoco empenho para confrontar o que ele chamou de uma história fraturada, contrapondo-se, desse modo, ao ponto de vista de intelectuais conservadores, como Gilberto Freyre, que apagavam da história a luta de classes. Assim, em Moura, sobressai-se o papel ativo dos escravizados no processo histórico, atuando como força dinâmica em meio a contradições agudas (conflitos), e não como parte constituinte de uma suposta harmonia entre exploradores e explorados (senhor afetuoso e escravo dócil), tal como na visão professada pelo sociólogo pernambucano. Nesse processo, o negro assoma como um ser socialmente situado em uma determinada estrutura, conforme ele afirma em Rebeliões na Senzala (Moura, 2014).

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Depois de repercutir no blog de Altaneira, no blog do Boa, de Juazeiro do Norte, no site M7 Notícias, de Milagres e, noo...
21/01/2024

Depois de repercutir no blog de Altaneira, no blog do Boa, de Juazeiro do Norte, no site M7 Notícias, de Milagres e, noo blog do Tarso Araújo, de Crato, agora repercute na versão impressa do Leia Sempre Brasil.

Um levantamento conduzido pelo JusRacial revela um aumento expressivo no número de processos judiciais relacionados a ra...
21/01/2024

Um levantamento conduzido pelo JusRacial revela um aumento expressivo no número de processos judiciais relacionados a racismo e intolerância religiosa no Brasil. Só em 2023, a iniciativa contabilizou aproximadamente 176 mil processos em andamento em todas as instâncias da justiça, inclusive os tribunais superiores.

Em comparação com 2009, quando foram identif**ados 1 mil processos, os dados de 2023 revelam um crescimento de 17.000% no número de processos de intolerância religiosa e racismo no país.

O primeiro levantamento foi realizado pelo JusRacial em 1997, quando foram encontrados ap***s nove processos de racismo e intolerância religiosa no período entre 1951 e 1996, o equivalente a cerca de dois registros por década.

No ano passado, a pesquisa foi realizada com base no repositório do Jusbrasil, com uma busca direta nos sites dos tribunais para contabilizar processos julgados e em tramitação.

O aumento signif**ativo pode ser atribuído, segundo o advogado e fundador do JusRacial, Hédio Silva Jr., às transformações sociais lideradas pelo Movimento Negro brasileiro nas últimas décadas.

“O ingresso da questão racial na agenda pública do país fez com que as pessoas fossem se sentindo mais encorajadas a buscar o sistema de justiça para reclamar violações de direitos. A administração da justiça está preparada para responder adequadamente a isso? A gente vai saber na medida que a gente fizer os recortes qualitativos”, explica.

Além disso, desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a classif**ar a homofobia e a transfobia como modalidades de crime de racismo.

Na ocasião, a Associação Brasileira de Lésbicas, G**s, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) defendeu que ao igualar ofensas individuais ao crime de injúria racial, os atos de discriminação contra pessoas LGBTQIAPN+ poderiam ser punidos de forma mais seevera, em relação às outras p***s previstas em crimes contra a honra.

O JusRacial destaca que os 176 mil processos representam uma pequena fração dos casos de violação de direitos que afetam a população negra e seguidores das religiões afro-brasileiras, que são os principais alvos do discurso de ódio e da intolerância religiosa.

No entanto, a pesquisa aponta para uma confiança crescente das vítimas no Poder Judiciário, refletida na expansão exponencial da judicialização desses casos.

Apesar do resultado, Hédio Silva também chama atenção para a alta taxa de subnotif**ação, seja pela aura de impunidade em torno desse tipo de violência ou pela dificuldade em transformar as denúncias em condenações.

“A gente já vai confirmando nesse primeiro inventário quantitativo o problema de que um dos gargalos é que os boletins não se transformam em inquérito, os inquéritos não dão base às denúncias e as denúncias não resultam em ação e condenação. Há um gargalo que precisa ser enfrentado”, argumenta.

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O universo de 4 mil museus no Brasil deverá ganhar, até 2027, uma instituição com fundamento mais político do que cultur...
19/01/2024

O universo de 4 mil museus no Brasil deverá ganhar, até 2027, uma instituição com fundamento mais político do que cultural. Com anteprojeto lançado nesta quinta-feira (18), o Museu da Democracia começou a ser idealizado no dia seguinte ao dos ataques em Brasília, em 8 de janeiro do ano passado. “Foi um choque”, lembra a ministra da Cultura, Margareth Menezes, lembrando da visita que fez à destruída sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde então, ela lançou a ideia de um memorial, que evoluiu para a concepção de um museu. Com a intenção de explorar experiências e iniciativas consideradas positivas, sem deixar de mostrar as interrupções democráticas que o país sofreu ao longo da história. O repositório digital para construção do espaço foi lançado na semana passada. Será uma construção “coletiva e participativa”, disse Margareth. “Queremos que o Museu da Democracia tenha a cara do Brasil. (…) A nossa diversidade nos liberta”, acrescento

Criação de memórias

A ministra participou na tarde de hoje do lançamento do anteprojeto e também do projeto (re)Conexões, de integração entre os museus brasileiros. Ao lado de diversos agentes culturais, autoridades e ativistas, ela falou do tema durante evento no Museu Lasar Segall, no bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Para Margareth Menezes, o 8 de janeiro sempre será um lembrete da importância de defender a democracia e valores como o da liberdade. “Que notícias nós vamos dar para essas novas gerações?”, questionou.

Ela citou o Memorial do DOI-Codi de São Paulo, gestado há cinco anos e defendido por 13 instituições. “É importante que a gente tenha um espaço para visitar essas dores.” À frente do projeto, a historiadora e pesquisadora Deborah Neves destaca a importância de continuar “criando memórias”. O objetivo é instalar o memorial onde funcionou o talvez mais conhecido centro de torturas da ditadura, na rua Tutoia, hoje sede de uma delegacia de polícia. Ali foram mortos, entre muitos outros, o jornalista Vladimir Herzog e o metalúrgico Manoel Fiel Filho.

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Endereço

Nova Olinda, CE

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