06/08/2024
Considerada uma das mais importantes VOZES FEMININAS do Rio Grande do Norte, a poeta PALMYRA WANDERLEY nasceu em Natal (RN) em 6 DE AGOSTO de 1894. Publicou em 1918 seu primeiro livro ESMERALDAS e, em 1929, ROSEIRA BRAVA, que obteve menção honrosa da Academia Brasileira de Letras e ampla repercussão nos meios literários do país. Nesse livro, a poeta desenha um mapa lírico de Natal, percorrendo os bairros, as praias, o rio, a lagoa e lugares históricos, registrando a beleza natural da cidade naquela época; a flora e a fauna da região também são ressaltadas nesse livro, destaque para o festejado poema PITANGUEIRA.
Publicou apenas dois livros, mas escreveu muitas crônicas, peças teatrais, conferências, contos e críticas de arte, deixando vários livros inéditos. PALMYRA WANDERLEY foi também sócia fundadora da Academia Norte-rio-grandense de Letras, ocupando a Cadeira n. 20, cuja patrona é Auta de Souza. Foi ainda fundadora da PIONEIRA revista VIA-LÁCTEA, na qual eram publicados APENAS TEXTOS DE MULHERES, ou seja, UMA SOLITÁRIA VOZ FEMINISTA naquela minúscula e provinciana Natal.
PALMYRA WANDERLEY morreu em Natal (RN), no ano de 1978.
Abaixo, o poema PITANGUEIRA
Termina agosto. A pitangueira flora,
A umbela verde cobre-se de alvura.
E, antes que de setembro finde a aurora,
Enrubesce a pitanga, está madura.
Da flor o fruto é de esmeralda agora.
Num topázio depois se transfigura,
E, pouco a pouco, um sol de estio o cora,
Dando a cor dos rubis à carnadura.
A pele é fina. A carne veludosa,
Vermelha como o sangue, perfumosa,
Como se humana a sua carne fosse.
Do fruto, às vezes, roxo como o espargo,
A polpa tem um travo doce amargo,
O sabor da saudade amargo e doce.