07/05/2024
Breves relatos sobre Massaranduba, da Origem à Emancipação Política - Por Ricardo de Araújo Agra
Nossa origem não pode ser alicerçada apenas na árvore nos tropeiros e na barraca do Sr. José Gomes de Barros, essa não pode ser a única versão da origem da nossa amada terra, pois, tem desencontros de informações e em outros muitos relatos orais, se percebe que esse não pode ser o ponto de vista único.
Por exemplo, a localização geográfica da árvore tão falada, era localizada nas imediações do que hoje é o Posto Bel na entrada da cidade e dizem que seria em outro ou outros lugares.Natural essa situação uma vez que era região de mata fechada e certamente outras árvores existiam.
O povoamento desta região onde hoje se encontra nossa Massaranduba tem seus primeiros indícios no século 19 nos idos de 1870 a 1899, em razão de algo mais importante à época, a busca por água. Então, as comunidades de Cachoeira do Gama uma das mais antigas, os Sítios Mulungú, Cachoeira de Pedra D´água, Cafula também muito antigos dão conta de um povoamento bem anterior ao da vila ao redor da Barraca e árvore. O sítio São Miguel por exemplo recebeu muitos ex-escravos após 1888 que povoaram aquelas terras.
Totonho Rodrigues em Cachoeira do Gama construiu uma das primeiras Capelas entre os idos de 1900 a 1917 e ia uma vez por mês buscar em montaria o padre de Serra Redonda, bem mais antiga que Massaranduba para celebrar missas, batizados e casamentos, e tudo isso sem conhecimento da vila. As relações comerciais era feitas em Alagoa Grande vizinha muito antiga.
Com o povoamento da vila, que se deu pela vinda de outros nômades por razões diversas e começaram as misturas entre os Silva, Barros, Gomes, Araújo, Soares, Machado, Ribeiro, Benício, Zeca, Freire, da Luz, Herculano, Ferreira, Remígio, Rocha, Lins, Correia, Oliveira, Domingos, Souza, Caetano e outros, novas composições familiares em diversas áreas do território perto e longe da árvore aconteceram numerosamente, através dos casamentos foram ampliando a densidade demográfica e surgimento de novas comunidades.
A vida religiosa do lugar começou a ganhar forças com a construção da primeira capela. A Área Pastoral passou a ser gerida pela Paróquia de São José do Bairro José Pinheiro de Campina Grande, onde os indícios da forte passagem do Padre André tem suas marcas. Bastava observar as características físicas e históricas do prédio da igreja de São José em Zé Pinheiro, estes traços fizeram parte da nossa Matriz de Santa Teresinha aqui na cidade por décadas. (Pedras portuguesas, azulejos, Via-Sacra em gesso, imagens etc. Pena que não vemos mais.
Campina Grande teve prefeitos que ao longo dos anos de vila investiram em Massaranduba, no mercado, na infraestrutura, na educação e na arrecadação de tributos. Muitos foram os que sendo daqui se aposentaram usando o tempo de contribuição da prefeitura de Campina Grande a serviço da Vila Massaranduba, ocuparam diversos cargos como os de professor, agente de tributos, gari, agente de segurança pública e muitas outras mãos de obra humanas foram servidoras do município de Campina Grande em favor da Vila.
Os anos se passaram a religião uniu pessoa e sobrenomes pela fé e pelos casamentos, com o aumento populacional no final da década de 50 e início dos anos 60, já era possível contar com aproximadamente 1500 eleitores e uma população, próxima de 2000 pessoas. As lideranças populares e políticas iniciaram suas reuniões para deflagrar o interesse pela independência administrativa, já que Campina Grande as vezes deixava a desejar e não atendia todos os anseios da população da Vila. Já tínhamos grupos e movimentos sociais nesse sentido.
Os Ribeiro, Machado, Zeca e outros tinham amizades e influência junto aos políticos estaduais. Do laço de amizade destes com Antonio Vital do Rego, advogado, professor e político, deputado estadual pela Paraíba de 1959 a 1963 e Deputado Federal (1963 à 1969), o mesmo era genro do Governador Pedro Moreno Gondim (1961 a 1966), com a amizade dos Ribeiro, e Machado com o então deputado Vital do Rego o sonho se tornou realidade e através de uma propositura sob sua influência, em projeto de lei próprio, foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, sancionada e se promulgando em Lei nº 3.308 de 07/05/1965. A Vila Massaranduba passava a ser município com sua sede no povoado maior, tendo um Distrito de nome Santa Terezinha e os povoados de Cachoeira do Gama e Mulungú como os mais habitados à época.
No evento da emancipação cujas imagens já foram publicadas várias vezes, vemos a vinda do Governador e a nomeação do 1º prefeito o Sr. José Machado da Nóbrega, “merecida e meritória” diga-se de passagem, pois por longas décadas se destacou na vida religiosa, sindical e na liderança do seu grupo de comuns para ver acontecer a independência da vila. Não foi um dia qualquer, foi o grande dia de nossa Massaranduba, ali ela nasceu como cidade e como município, ganhou seu registro de nascimento e agora tinha além de povo e território, seu governo, sua finalidade e soberania.
E ainda, não foi do dia para noite que aquele evento aconteceu, muitas lutas foram travadas, muitos interesses contrário foram derrubados pela união de homens e mulheres que queriam respirar os ares de uma Massaranduba livre de vontades externas e sem raízes efetivas com nossa gente e nosso lugar.
A árvore, a barraca, os tropeiros, a água foram apenas os primeiros pretextos que originaram esse povo forte e acolhedor. É jovem nossa terra, mais é antigo o sonhos de muitos que deixaram seu legado, na concretização de uma gestão administrativa da ex-vila pautada no respeito as diferenças comunitárias, na valorização de cada sitio, bairro rua e lar cidadão, atendendo suas necessidades mais primárias dando-lhes mais dignidade e respondendo pelo seu amor conterrâneo.
Obrigado Geraldo Machado da Nóbrega, pelo Hospital e Maternidade Santa Terezinha. Obrigado José Machado pela luta e sucesso no processo emancipatório. Obrigado Zezito Ribeiro pelos feitos da gestão. Somos gratos a João Machado, Geraldo Machado, Zé Roberto, Seu Nezinho, Roberto Sabino, Dr. João Ribeiro, Mendonça. Joana Darc, Paulo Oliveira, Chicão e João Costa. Cada um a seu modo deixou marcas positivas, obrigado.
Nossa reverência à Casa Edson da Silva Meira nossa Câmara Municipal, que ao longo de décadas cuida das nossas leis e luta por dia melhores, unam-se no mesmo intento dos antigos e com o mesmo amor por nossa mãe Massaranduba.
Vivamos e reavivemos o mesmo espírito que tomou os primeiros interessados em aqui residir com a liberdade que tanto lutaram e conseguiram tornar nosso município o berço de um povo forte e acolhedor. Feliz 7 de maio de 1965 que nos presenteou com o gentílico que tanto prezo e folgo em dizer “sou massarandubense”.
Massaranduba 07 de maio de 2024
59 anos de amores e histórias.
Feliz aniversário Massaranduba!