26/05/2023
Por mais de uma vez, a promotora de eventos e membra da comunidade LGBTQIA+ de Marabá, Raytha Solares, que atualmente está na organização do concurso "Rainha Expoama", e tem nome e renome na cidade pelos anos de trabalho em concursos de beleza, sofreu repreensão de funcionários da Câmara Municipal de Marabá (CMM), ao usar o banheiro público feminino localizado no interior da "casa do povo".
Segundo Raytha, o primeiro inconveniente ocorreu ainda na gestão do ex-presidente da CMM, vereador Perdrinho Corrêa, que chamou à época a promoter em seu gabinete, para pedir desculpas após a situação em que uma funcionária da empresa de limpeza ter repreendida após adentra no toalhete feminino.
O mais recente inconveniente ocorreu na manhã desta sexta-feira (26), quando a promotora de eventos estava na Câmara para realizar trabalho de divulgação da programação do mais recente concurso, quando precisou ir ao banheiro, e após adentrar, foi interpelada pela mesma funcionária da limpeza do outro episódio, que novamente a repreendeu, indicando o banheiro masculino, e quando saiu, ouviu os mesmos argumentos preconceituosos de um segurança da casa.
Após mais este constrangimento, Raytha teve que subir até o gabinete do presidente da CMM, Alécio Stringari, para relatar o mais novo episódio transfóbico, tendo inclusive mostrado que estava usando peças femininas, até por debaixo da roupa.
Não há legislação federal que garanta o acesso de mulheres e homens trans a banheiros públicos de acordo com o gênero com que se identif**am. O julgamento que trata da questão está parado há sete anos no Supremo Tribunal Federal (STF), desde que o ministro Luiz F*x fez um pedido de vista do processo. Porém, não se espera que no local que deveria ser o mais democrático e plural do município, conhecido como "casa do povo", episódios tão grotescos possam ocorrer.
O presidente do Movimento LGBTQIA+ de Marabá e sociólogo, Igo Silva, considera ser inadmissível que qualquer tipo de preconceito e descriminação contra qualquer pessoa, ocorra em um espaço que é mantido com recursos públicos arrecadados de todas às pessoas, sem distinção. Ele afirmou que vai acionar à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, além da OAB e a Promotoria de Direitos Humanos de Marabá, para denunciar o caso e pedir um curso de formação sobre questões de gênero e sexualidade, para todos os servidores do poder legislativo municipal.
Noé Lima, um dos fundadores do Movimento em Marabá, e que atualmente cursa na capital federal a graduação de Direito, disse que vai pedir uma audiência no Ministério dos Direitos Humanos, com a Secretária Nacional dos Direitos LGBTQIA+, Symmy Larrat, que é uma paraense, para denunciar o caso.
Em contato telefônico no final da manhã após o episódio, o presidente da CMM, Alécio Stringari, disse que "tudo já foi resolvido" e que teria sido apenas um "mal entendido". Porém f**a o questionamento, se tais episódios preconceituosos ocorrem com uma pessoas pública como a Raytha, que leva o nome de Marabá mundo afora, com o melhor da nossa beleza amazônica, imagine o que pode ocorrer com pessoas menos instruídas, e essa nova geração que trata o tema com simplicidade que ele requer.