10/08/2021
Coluna do dia: Paulo Betiati
"Sócrates é tido como o “pai” da filosofia. Antes dele, os filósofos pré-socráticos detinham suas investigações à busca da arkhé: um princípio existente na natureza que desse origem a todos os outros. Em outras palavras, buscavam a essência do mundo. Com Sócrates, a questão deslocou-se para o homem: Qual é a essência do ser humano? O que o distingue dos animais? – começou-se a questionar.
No mundo moderno, filósofos, antropólogos, pensadores de diversas áreas, buscaram responder a essa pergunta de formas diferentes. Contudo, todos partiram de um mesmo pressuposto: a separação do humano da natureza. Afinal, não costumava-se formular a pergunta como “O que torna os seres humanos animais de uma determinada espécie?”, mas sim “O que torna os seres humanos diferentes dos animais?”.
A palavra “cultura” é usada pelos antropólogos para falar amplamente do fenômeno do ser humano. Apesar da amplitude e das inúmeras problematizações sobre esse conceito, o problema aqui é que ele estabelece no pensamento moderno a dualidade entre humano e natureza – que, aliás, vai além da dualidade entre homem e animal. Essa divisão teve grande importância para a consolidação das ciências, pois, separaria de um lado as ciências naturais, responsáveis por investigar os objetos e fenômenos da natureza, e de outro, as ciências humanas, que se desdobram sobre política, religião, e tudo que se refere a invenções humanas.
Ao contrário de muitas tradições que não tomam a natureza como objeto de investigação e entendem o ser humano em meio ao processo das transformações naturais sem sobressaí-lo – ou, como no caso dos povos ameríndios, sequer identificam o humano como algo distinto da natureza – a tradição ocidental inseriu uma separação entre humano e natureza ao tornar ambos objetos de investigação.
Por isso, esse debate costuma entrar em um ciclo vicioso no qual um dos lados afirma que somos “parte da Natureza” e que não deixamos de ser apenas uma espécie dentre tantas outras, enquanto o outro argumenta que somos “seres culturais” e que temos um certo controle sobre eventos naturais da mesma forma que nos sobrepomos aos nossos instintos. Avançar nesse debate, portanto, não significa simplesmente relembrar que o humano pertence à natureza ou que se sobrepõe a ela, mas ir além da dualidade Natureza/Cultura na qual nosso pensamento estagnou.'".
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https://viesfilosofico.com.br/a-nao-separacao-entre-natureza-e-cultura/
Qual é a essência do ser humano? O que o distingue dos animais? Perguntas que enfeitiçam nosso entendimento sobre a relação humano-natureza.