06/02/2025
🏞️👻 A DESPEDIDA MAIS TRISTE 🏞️👻
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Meu irmão não era um homem comum. Ele comandava a noite, se envolvia com festas, dinheiro fácil, armas e bebidas. Era temido por muitos, odiado por outros, mas, para alguns, um ídolo. No bairro onde morávamos, em Recife, todos o chamavam de "Padrinho do Ibura". Nada acontecia sem que ele soubesse ou desse sua aprovação.
Em casa, nunca nos faltou nada. Morávamos em um sobrado espaçoso, a geladeira sempre cheia, roupas de marca e uma vida sem preocupações financeiras. Mas tudo isso tinha um preço. Meu irmão, Richard Nascimento, era arrogante e dizia que só lhe faltava a imortalidade para ser invencível. Apesar de tudo, nunca quis que eu seguisse seus passos. Se me flagrava em algo errado, me repreendia com dureza. "Melhor estudar, moleque. Não é pra você esse mundo", ele dizia. Eu não tinha o "talento" da rua, e ele fazia questão de lembrar disso.
Mas não existe criminoso eterno. http://bit.ly/4fWZKfa
A própria soberba foi sua ruína. Foi traído por seu melhor amigo, sua mão direita, que o entregou à polícia. Mas meu irmão não pretendia ser preso. No dia 23 de agosto, numa noite abafada, os tiros ecoaram pelo bairro. Eu estava ao seu lado quando ele tombou. Um disparo preciso na cabeça encerrou sua história.
O velório foi carregado de dor, mas também de medo. Todos sabiam que, com sua morte, o equilíbrio de poder na favela mudaria. Enterramos Richard sob um choro contido, sabendo que seu nome ainda ecoaria pelas ruas por muito tempo.
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Poucos meses depois, em uma terça-feira de madrugada, ouvimos um barulho na porta. Pensei que eram inimigos, viriam para nos roubar ou pior. Minha mãe pegou uma arma, tremendo. A fechadura girou com facilidade, e quando a porta se abriu, nosso coração quase parou.
Mãe, troca essa fechadura! Entrei com um ferrinho qualquer. Tem umas moedas aí? Devo pro taxista e ele tá me esperando.
Ali, diante de nós, estava Richard. Vivo. Como se nada tivesse acontecido. Minha mãe caiu de joelhos, chorando, e ele, rindo, pediu comida. "Vocês não sentiram minha falta? Então me aproveitem", disse ele.
Fomos à praia no dia seguinte, em Porto de Galinhas. Nadamos, comemos churros recheados, jogamos cartas. Richard brincava comigo do mesmo jeito de antes, me dava tapas na cabeça, ria alto. Por um momento, tudo parecia normal. Mas sua visita foi curta. Naquela mesma noite, ele nos abraçou forte e nos levou de volta para casa. Pegou um táxi e partiu. Antes de desaparecer, nos olhou e disse:
Venho buscar vocês quando chegar a hora.
Os anos passaram. Minha mãe e eu abrimos uma pequena confeitaria e deixamos para trás aquela vida. Mas nunca esqueci daquela visita. Ela foi real? Ou apenas um sonho de saudade?
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O tempo cobrou seu preço. Minha mãe envelheceu, e a saúde dela começou a falhar. Num dia qualquer, ela caiu ao lado da cama. Seus olhos estavam diferentes. Eu sabia o que estava por vir. http://bit.ly/4fWZKfa
Foi então que um carro parou em frente à nossa casa. Pelo vidro, vi uma mão conhecida acenando. Richard. Ele voltara. Mas eu não ia deixá-lo levá-la.
Some daqui! - gritei.
Minha mãe ouviu.
Filho, é o seu irmão?
Não, mãe. Não é ninguém.
Mas Richard não desistia.
Abre essa porta, moleque! Ou quer que eu bata em você como antes?
Minha mãe apertou minha mão. "Estou sofrendo", sussurrou. O que eu poderia fazer? Chorei sobre seu peito. Os golpes na porta se intensificaram. O taxi buzinava. Finalmente, levantei-me, destranquei a porta e Richard entrou.
Sentou-se ao lado dela, beijou sua testa e disse:
Puxa, mãe, você aguentou muito...
Eu sei, meu filho.
Vamos? O taxi está esperando.
Ajudamos minha mãe a se levantar e a acomodamos no carro. Entrei com eles, segurando sua mão. Enquanto o carro rodava pelas ruas, eu observava os cenários familiares passarem.
Quando chegamos ao destino, eles desceram. Pela janela, levantei a mão e disse adeus. Mas algo estava errado. O taxista olhou para mim pelo retrovisor e perguntou:
E você? Vai ficar aí?
Sim, prefiro me despedir daqui.
Ele riu.
Se despedir? Você vai com eles.
Meu coração congelou.
O quê? Não, minha hora ainda não chegou.
Não? - Ele ergueu uma sobrancelha. - Então por que você nunca percebeu que sempre esteve com eles?
A memória me atingiu como um raio. Lembrei-me daquela noite. 23 de agosto. Richard tombando com um tiro na cabeça. Eu correndo para socorrê-lo. O clarão de outro disparo. A dor lancinante. O chão sujo de sangue. Meu sangue.
Eu também morri naquela noite. http://bit.ly/4fWZKfa
Mas minha mãe nunca me deixou partir. Ela me segurou em sua memória, em sua dor. Sofreu mais por mim do que por Richard. Nunca aceitou que eu havia ido.
Mas agora, era hora de seguir. Richard e minha mãe me esperavam do outro lado da rua. Saí do carro, caminhando em direção a eles. O vento soprou leve, e, pela primeira vez, senti paz.
Era o fim de uma jornada. E o início de outra.
FIM
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