21/12/2024
NUNCA OLHE PARA A MORTE
Itabuna, Bahia — 12 de novembro de 2022.
João e Caio estavam sentados na beirada do velho sofá da minha sala. A luz trêmula do abajur iluminava de maneira inquietante as sombras que pareciam dançar no canto. Eles me olhavam com preocupação, aguardando que eu dissesse algo. Mas eu hesitava. O peso do que tinha feito era insuportável.
— Você está com uma cara... de quem carrega um peso que não dá pra dividir —disse Caio, franzindo a testa.
João ficou em silêncio, mexendo nos dedos. O olhar dele parecia distante, como se estivesse se preparando para ouvir algo que mudaria tudo.
Respirei fundo.
— Não sei se vocês vão acreditar, mas isso não é algo de que eu possa fugir ou esquecer —murmurei, olhando fixamente para o chão.
— O que aconteceu, cara? —Caio insistiu.
— É sobre Isabela... minha filha —finalmente confessei, com a voz trêmula. — Ela estava morrendo. Leucemia avançada. Os médicos disseram que não havia mais nada a fazer. E eu... eu estava desesperado.
João se mexeu desconfortavelmente.
— Aí alguém te contou alguma coisa... né? —ele perguntou, como se soubesse o final.
Eu assenti, sentindo meu coração pesar ainda mais.
— Sim. Foi o Elias, aquele vizinho esquisito. Ele falou sobre... sobre a Senhora Morte. Disse que, se você pedisse com fé e oferecesse algo valioso em troca, ela ajudava. No começo, achei que ele estava louco. Mas quando você está perdendo quem ama... qualquer saída parece boa demais.
Caio arregalou os olhos.
— E você fez isso?
— Fiz —respondi com a voz falhando. — Pedi que salvasse Isabela. Prometi minha vida, minha alma. Tudo o que eu tinha ou teria. E na manhã seguinte...
Engoli em seco, sentindo o peso do que estava para dizer.
— Ela melhorou. Os médicos estavam perplexos. Não conseguiam explicar. Mas eu sabia. Sabia que não era milagre. Era ela... a Senhora Morte.
João olhou para mim com seriedade.
— Mas... se ela melhorou, o que está te deixando assim?
Passei as mãos no rosto, tentando manter a calma.
— Porque eu devia ter imaginado que algo tão grande teria um preço terrível.
Eles ficaram em silêncio enquanto continuei:
— No começo, tudo parecia bem. Isabela sorria, brincava como antes. Mas então as coisas começaram a mudar. Eu ouvia sussurros, mesmo quando estava sozinho. As sombras na casa pareciam se mover. E, à noite, a estátua da Senhora Morte, que Elias me deu como "proteção", começou a se mexer. Primeiro, era só o olhar que parecia me seguir. Mas, uma noite...
Meu corpo tremeu.
— Eu acordei. Tinha um vento gelado no quarto. E quando abri os olhos... lá estava ela.
Caio deu um passo para trás instintivamente.
— Ela quem?
— A Senhora Morte. Em pé, ao lado da minha cama. Alta, esquelética, com sua foice. Os olhos dela eram dois vazios que sugavam tudo ao redor. E ela disse... —engoli em seco— ...disse: “VOCÊ ME DEVE.”
O silêncio tomou conta da sala.
— O que aconteceu depois? —João perguntou, quase num sussurro.
— Ela tocou meu ombro. Era como gelo queimando minha pele. Disse que minha dívida tinha começado. Desde então, Isabela não é mais a mesma.
Caio parecia incapaz de falar.
— Como assim?
— Isabela... mudou. No início, era só o olhar. Vazio. Como se ela não estivesse realmente ali. Depois, começou a falar coisas que uma criança não deveria saber. Palavras em línguas que nunca ensinamos. E, na última semana...
Minha voz falhou.
— Na última semana, ela começou a andar pela casa de madrugada, como se não fosse mais ela. A risada dela ecoava pelos cômodos, mas não era alegre. Era... algo de outro mundo.
João finalmente rompeu o silêncio.
— Você está dizendo que...
— Sim —confirmei, com lágrimas escorrendo. — A Senhora Morte tomou Isabela. Ela não está mais lá. E eu... eu sou o próximo.
O vento soprou pela janela, fazendo a luz do abajur piscar. Caio e João olharam ao redor, tensos.
— Não pode ser verdade, cara... —Caio murmurou.
Um estrondo fez todos pularem de susto. A porta da sala bateu sozinha, e as luzes se apagaram. A escuridão tomou conta, mas foi quebrada por uma risada infantil, vinda de algum canto da casa.
— Papai, vem brincar... —a voz doce de Isabela ecoou, mas havia algo de errado nela. Algo maligno.
O abajur piscou uma última vez, revelando brevemente a figura de Isabela no canto da sala. O sorriso dela era largo demais, e os olhos estavam completamente negros.
João e Caio correram para a porta, mas ela não abriu. A última coisa que vi antes de tudo apagar foi a Senhora Morte atrás de Isabela, segurando sua foice.
Nunca faça um pacto com a morte. Ela sempre cobra. E o preço... é muito maior do que você imagina.
∞FIM∞
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