25/01/2025
Traidor de Si
A brisa dança, o frio em pele arrepia,
O vento sussurra, muda direção,
De longe traz o aroma da maresia,
Ou do pranto da chuva em transformação.
Paisagem chora, rompe o som do vazio,
Silêncio rasgado por gotas pesadas,
Enquanto um rio flui em eterno desvio,
Mudanças rodam em margens caladas.
O chão cede ao peso do corpo que vaga,
Sacos de carne à terra entregues no fim,
Que observa, faminta, a vida que apaga,
E devora o que resta no seu festim.
Pensamentos guiam, pernas seguem sem rumo,
A mente se apaga no instante fugaz,
Brechas expostas, no coração um sumo
De lágrimas que à noite jorram em paz.
O homem trai sua alma em sua fraqueza,
Oculta-se na força que inventa e constrói,
Sem coragem de amar sua própria beleza,
No espelho da verdade, o reflexo corrói.