05/12/2023
“EL NINO” PROVOCA PREJUÍZOS NO AGRONEGÓCIO POR TODO O BRASIL
Eleusio Curvelo Freire
Cotton Consultoria
O fenômeno climático "El Niño" está causando danos significativos no agronegócio em todo o Brasil. Meteorologistas alertaram sobre sua formação em junho, consolidando-se a partir de setembro e afetando várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. O norte do país enfrenta seca, resultando na redução do volume dos rios, prejudicando navegação, comércio, agricultura e pesca, com alta mortalidade de peixes. Na região sul, as intensas chuvas causaram inundações, destruindo instalações agropecuárias, resultando em perdas substanciais em lavouras, especialmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O centro-oeste experimentou chuvas em setembro, incentivando o plantio de soja, mas veranicos intensos em outubro e novembro levaram a secas severas, com estimativas de perdas de produtividade de 20 a 40 sacas de soja por hectare em áreas afetadas.
No Mato Grosso, produtores estão substituindo lavouras de soja e milho safrinha por algodão devido a janelas de plantio não utilizáveis. No Nordeste, há atrasos nos plantios de soja, milho e algodão, com preocupações sobre a produtividade, já que os efeitos do El Niño devem persistir até abril de 2024. A questão principal é se esses transtornos poderiam ser evitados. O El Niño é um fenômeno climático mundial e periódico, não influenciável por ações humanas. No entanto, seus danos podem ser atenuados por ações preventivas. No agronegócio, o manejo inadequado do solo, especialmente com cultivos consecutivos de soja-milho ou soja-algodão, contribui para baixos teores de matéria orgânica e compactação do solo. Investir em práticas como consórcio milho+braquiárias ou culturas de inverno melhoradoras de solo pode melhorar a permeabilidade do solo, absorção de água, infiltração de raízes e a resistência a secas e inundações. Conscientização e medidas preventivas são essenciais para mitigar os impactos do El Niño no agronegócio brasileiro.